Three - Alguém que você amava

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Vou deixar como de costume a música que me inspirou e que tem o clima do capítulo. Para esse, foram 2 músicas: Changes (Hayd) / Love Story (Sarah Cothran)

Boa leituraaaa ;)

O amargor da bebida não conseguia fazer sua mente se esquecer completamente da dor.

De fato, algumas vezes, conseguia sim. Mas naquelas ocasiões ele acordava com uma ressaca terrível, o corpo sentindo os efeitos do alcoolismo compulsivo e após meses daquele ciclo destrutivo, Boruto não conseguia mais chegar perto de uma garrafa de vinho ou uísque, apesar de se embebedar até esquecer do próprio nome fosse tentador no momento.

Da janela, ele via o céu escuro, um azul intenso quase preto como as águas turvas do oceano durante a noite, guardando seus monstros vários metros abaixo da superfície.

Era tentador recorrer ao vício sempre desde aquele dia em que o mensageiro da coroa Uchiha chegou ao palácio Uzumaki com as notícias do acidente fatal da princesa.

Desde então ele tinha apenas se afundado cada vez mais, e parecia que estava em um buraco tão fundo que ninguém conseguia o alcançar.

Nada era mais como antes. Sarada não estava mais ali, e aquilo havia aberto um buraco no seu peito. E não importava o que ele tentasse, não havia como conserta-lo. Sarada sempre faria falta.

A dor era como uma panela de pressão. Não havia como abrir a tampa, a fumaça tinha que ser solta aos poucos. Ela vazava lentamente, em um processo demorado. Sarada ter partido não era um fim. Ela continuava com ele, a lembrança dela continuava viva.

Então não era Sarada quem havia partido para ele.

Era ele quem havia morrido para ela.

Ele sentia falta do que ele nunca mais seria para ela. Ele pensava nas cartas dela que não chegariam do Reino do Fogo endereçadas a ele, e no amor que não podia mais dar, mas sobretudo naquele que não poderia mais receber. As visitas surpresa ao seu quarto, as escapadas que davam, o olhar cúmplice e compreensivo que era direcionado a ele.

Pela primeira vez, ele havia deixado de existir para uma pessoa que continuava mais viva que nunca dentro dele.

Dois meses atrás, seus pais haviam apresentado a ele a princesa Mirai, e ele havia tentado. Ele sabia que precisava seguir em frente, o reino precisava de um rei e de uma rainha para governá-lo, e ele estava prestes a ser coroado, o momento para o qual ele havia sido preparado sua vida inteira no palácio, uma responsabilidade que ele aceitava com naturalidade, assim como o casamento arranjado. Porque eram necessários. Com Sarada havia começado assim também. Ambos cientes da necessidade do matrimônio, haviam firmado um compromisso de noivado, não imaginando que tornar-se-iam tão próximos ao longo do tempo. Boruto não tinha como adivinhar que o sentimento de interesse e rivalidade evoluiria para amizade, e então nervosismo, preocupação, até que por fim se desenrolasse em uma paixão afável e necessitada. Era uma coisa rara dentro da realeza encontrar o amor verdadeiro.

Ele havia provado daquela droga poderosa e viciante uma vez na vida, e agora estava prestes a se casar com uma princesa pela qual não nutria sentimento algum. Ela era apenas uma parceira, alguém que, sendo uma princesa instruída desde o berço, não teria que passar por uma fase de adaptação como seria com uma plebeia. Mirai tinha a capacidade de ajuda-lo quando ele mais estava perdido e ela havia aceitado o pedido do rei e rainha em comando para ajudar o filho deles na desafiadora tarefa de governar o reino. A verdade era que mesmo que ele tentasse, Mirai era alguém que estaria ao seu lado como aliada, mas jamais como amante. Ainda assim, isso não o fazia menos errado por não tentar.

Pelo comando de Vossas Majestades Naruto Namikaze Uzumaki e Hinata Hyuuga Uzumaki, o Conde Nara é instruído a convidar a Alteza Real Boruto Hyuuga Namikaze Uzumaki para a coroação em 1º de abril.

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