Você disse... baile?

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   — Baile?!

   Sinto que minha boca pesa cinco toneladas, formando um perfeito "o". Balanço a cabeça em negação, não sei se por odiar o que a palavra significa ou por acordar de meu pequeno delírio mental para ajudar meu pai, que se esconde atrás dos pacotes de tecido que carrega.

   — Ouvi falar que o príncipe dará um baile para escolher sua futura noiva, todas as moças da alta elite do reino serão convidadas. Não é ótimo? Já tenho tantas encomendas que nem sei por onde começar.

   Quando tiro algumas caixas das mãos do papai, finalmente consigo ver seu rosto, ele está sorridente. 

   Espero que sua alegria faça com que ele não perceba minha extrema decepção.

   Tenho uma leve-gigante-enorme queda pelo príncipe Park desde a primeira vez que pus os olhos nele, apesar de parecer um perfeito mauricinho, a cada ano que passa Chanyeol fica mais gracioso, talvez porque a cada ano que passa ele fica mais próximo de se tornar rei. E enfim, os 18 anos chegaram.

  Para a família real, é quase humilhante o fato de o futuro herdeiro do trono não ter uma acompanhante, e até onde eu sei, Chanyeol nunca teve interesse nisso. Não o julgo, ele é tão atarefado e é tão bom em tudo que faz, quem teria tempo para pensar em casamento? Por isso, já imaginei que esse momento chegaria.

   O momento que eu espetaria meus dedos para construir o vestido da futura noiva de meu amado. 

   Oh céus, como sou dramático!

   É uma pena que mal converso com Park desde a infância. Creio que minhas tentativas de convencer meu pai a fabricar um vestido meu e os afazeres de um príncipe nos distanciaram. O que o filho do alfaiate e o filho do rei têm em comum, afinal?

   Escuto meu pai balbuciando palavras que não entendo, ele parece estar tão feliz com os vestidos para fazer que nem percebe que está falando rápido demais, pelo menos um de nós vai tirar proveito com isso.

   Até consigo arrancar risadas minhas com as falas de meu pai, que me dá um pequeno sermão para que eu leve as caixas de tecido para a dispensa logo, prontamente obedeço. Abro a porta da mesma com dificuldade, quase derrubando as embalagens que eu carrego. 

   — Kyung! Você não vai acreditar no que encontramos, Kyung!

   A voz estridente já conhecida por mim soa em meus ouvidos assim que sinto algo, ou melhor, alguém pousando em meu ombro. 

   Eu olho ao redor, forçando a vista para enxergar no quarto escuro e estreito onde está o acompanhante do amiguinho que agora brinca com o lóbulo de minha orelha. 

   — Onde está o Octávio, Jayjay?

   Levanto os braços, para que as caixas saiam do meu canto de visão e vejo o outro camundongo ofegante, parecendo usar toda sua força para arrastar um pergaminho pelo piso de pedra, o que nos faz dar uma risadinha, espero que Octávio não se importe. Me sento no chão, para facilitar o trabalho de meu amiguinho e o pego entre as duas mãos, fazendo com que o papel amarelado caia e ele me olha com cara de bravo.

   — Falei que eu deveria entregar para ele! Octávio é muito lento.

   O ratinho que antes estava em meu ombro, corre por meu braço até chegar ao lado de Octávio, dando um tapinha na orelha do mesmo, que retribui a ação de Jayjay com um peteleco.

Antes do fim da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora