Tudo começa com "Era uma vez"

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 Talvez seja muito clichê começar esta história de amor com “Era uma vez” mas quando acabar de lê-la, terei certeza que este foi o modo certo de começá-la, e peculiarmente, ela começa com a realização de um sonho. Este é um sonho singelo, não imagine nada como abóboras prestes a virar carruagem, uma madrasta má, um romance mixuruca de uma noite ou sapatos de cristal brilhantes — pelo menos não ainda.

   Pois era uma vez, um garoto chamado Do Kyungsoo e ele nunca imaginaria que um dia os portões dourados em ouro puro do castelo se abririam perante ao mesmo.

   Docilmente apelidado de Kyung pelo seu pai, que era o responsável por toda a magia que seus olhos presenciavam , o menino que não passava de seus 12 anos naquela época saiu correndo pelas estradas de pedra do jardim, abismado com tanta beleza que sua nova “casa” lhe proporciona. 

   Desde que o Rei visitara o pequeno simplório ateliê de seu pai na cidade, a vida pacata de Kyung se transformou completamente, o fazendo virar o novo morador do castelo do reino X, por mais que em uma parte escondida, cedida apenas para que o grande senhor Do possa realizar suas criações para a família real com exclusividade. Mas para o garoto, seu sonho de virar o maior estilista que seu reino já viu, estava dando seus primeiros passos. 

   E já naqueles poucos segundos, sentindo as pedrinhas coloridas espetarem seus pés, ao sorrir quando percebeu que o vento daqueles arredores eram mais quentinhos que os de sua cidade estreita entre casas, ele se sentiu como se fosse o príncipe daquele lugar. Aquele era o lugar em que nasceu para estar. Por mais que seja reconhecido como o “filho do alfaiate” pelos próximos 10 anos, o garoto sempre soube que aquele era um termo provisório.

   "Alfaiate fiel do rei" Combinaria muito mais com seu currículo, isto ele sempre soube.

   Aquele lugar poderia facilmente  atualizar o conceito de céu no dicionário mental do garotinho, tudo ali era mágico! E agora se pode entender o porquê de todos os contos de fadas que sua mãe lhe conta antes de dormir se passam em palácios como este.

   Os passos de Kyung se apressavam ainda mais — se é que isso era possível — arrancando risadas de seu pai atrás de si, elas se fundiam com os passos do guarda real que acompanhava o mais velho com as poucas malas dos dois alfaiates em mãos.  As gargalhadas de seu pai denunciam uma reação óbvia da animação do garotinho: Flores!

   Ninguém até o momento entendia o vício que ele tinha por flores, e nem porque todos os vestidos desenhados em seu escudeiro caderno de capa de couro pareciam ter vindo da casa da Tinker Bell. Mas ficavam lindos, quem se contentaria com o talento de um prodígio?

   Aquelas flores formavam uma espécie de cerca para cavalos que faziam verdadeiras acrobacias no ar, pareciam ter arrancado os cabelos do garoto de careca rasa. Essas eram daquelas que Kyungsoo pensou até mesmo serem falsas, e ali estavam! Bem na sua frente!

   Sua mãe, como a perfeita artesã que era, estava invejada pelo garoto naquele momento. Ela pagaria todas as cestas de piquenique do mês para experimentar o aroma daquelas plantas, ou de pelo menos ver de longe como era a flora do castelo real.

   E com certeza Kyungsoo desenharia um vestido inspirado em cada pétala para mostrá-la . Porém, nem seu pai, como o homem sábio que era, saberia explicar o salto de vara que o coração do garotinho realizou naquele momento.

   No momento que viu ele pela primeira vez, a mente de Kyungsoo se encheu de perguntas, e ele passou a odiar cada uma delas desde este primeiro momento que se sucedeu por longos anos.

Antes do fim da meia noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora