Infatuated With

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Samantha's Pov

Wonderfall (n.): alguém sobre quem você se encontra pensando o tempo inteiro. Alguém por quem você está completamente apaixonado. Alguém por quem é maravilhoso sentir-se caindo.

O ar quente saía de seus pulmões e tocava meu rosto, acariciando minha pele e ao mesmo tempo, corroendo-a, como enxofre. Nossos peitos subiam e desciam ritmadamente, quase como uma dança de respirações pesadas. O meu corpo, em cima do dela, ainda se contraía em pesados espasmos que contorciam meus músculos, fazendo com que os encaixes do meu corpo se apertassem ainda mais dentro das curvas do corpo dela. O líquido que escorria entre minhas pernas, misturava-se ao dela, denunciando momento de êxtase que sentíamos juntas.

Abri os olhos para ver suas bochechas rosadas e os cabelos desgrenhados espalhados pela cama. Era sempre uma cena adorável e que eu fazia questão de admirar. Meu sexo sensível encostou no dela e senti-a pressionar o quadril contra o meu, buscando por mais alguns instantes derradeiros de prazer. Em resposta, fiz o mesmo. Ela mordeu o lábio inferior, mas cedeu ao cansaço e deixou escapar pesadamente o ar e deixando o corpo amolecer no colchão.

- Pare de me olhar. - Ela disse docemente, ainda de olhos fechados, com a voz levemente rouca.

Não era segredo que ela sempre sabia o que eu estava fazendo ou pensando. Ela sempre sabia como ler o meu olhar, meus movimentos, a ausência dos meus movimentos, o meu silêncio... E não era segredo também que eu adorava olhá-la. Em qualquer circunstância. Eu a olhava o tempo inteiro.  Eu não podia parar de olhá-la. Eu não conseguia parar de olhá-la. Eu não queria parar.

- Impossível. - Sussurrei.

Era impossível. De todas as maneiras conhecidas; havia tanta impossibilidade naquela ação que a simples menção daquilo me causava horror. Parar de olhá-la seria como parar de comer. O alimento que dava vida à minha existência era ela e eu a ingeria através do olhar. Parar de fazer aquilo me mataria gradativamente. Me consumiria de tal forma que em algum momento, não existiria mais nada de mim. 

Era tão impossível quanto nós duas ali. Nós duas não estávamos dentro do universo das coisas prováveis. Mas ao contrário das impossibilidades que existiam nas possibilidades de eu não poder mais olhá-la, lá estávamos nós, vivendo a nossa improbabilidade. Lá estávamos nós, sendo impossíveis. "As coisas impossíveis são realizáveis através do amor. E é exatamente o que sentimos. Nós somos o impossível.", ela me disse certa vez.

A mulher mais velha, cujo corpo quente se encaixava ao meu, sempre fora admirável para mim. Nutria, por ela, tanto encantamento e admiração que, talvez por isso, aquela situação atual antes, fosse considerada impossível para mim. Eu nunca imaginaria estar com ela, em sua cama, ambas entregues aos prazeres do corpo, da carne e da alma. Nunca imaginara que poderia sequer beijá-la, quanto mais possuí-la em meu corpo ou me deixar possuir por ela. Mas, sobre uma coisa (além de tantas outras) ela estava certa:

"Nós éramos o impossível".

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