Aeipathy

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Samantha's pov

Aeipathy (n.) : uma duradoura e consumidora paixão.

- Como eu olho você? - perguntei com a voz baixinha, quase sem fôlego para falar.

Seus olhos ganharam uma mistura de intensidade e doçura. Olhava-me como se... como se...

- Como se eu fosse a única pessoa no mundo.

O meu corpo reagiu àquilo muito mais do que minha mente, que havia paralisado. Minha carne se manifestou àquela verdade como se eu estivesse levando seguidos choques de mil voltz. Meus músculos pareciam auto mastigar-se e o frio que subiu pelas minhas pernas, congelando meus ossos e pele, até o pescoço, arrepiou todo o meu corpo.

Deena olhou para os pelos arrepiados dos meus braços e para as minhas mãos apertadas em punho, que estavam em cima da mesa. Meu primeiro instinto foi tirar os braços de cima da mesa, mas eles não me obedeceram. Eu estava paralisada.

"Como se eu fosse a única pessoa do mundo", pensei, reproduzindo mentalmente o que Deena havia acabado de me dizer.

Aquela afirmação havia sido jogada sobre mim como uma caixa de mil verdades.

"Quando eu olho para ela, ela é a única pessoa do mundo", pensei, tentando abrir a boca para falar algo que não fosse o que eu estava pensando, mas não importava o que eu fosse falar, nenhuma palavra saía.

Deena me olhava cuidadosamente, com os olhos enterrados em mim, buscando, provavelmente, alguma resposta que minha boca ainda não dera e apesar de não conseguir controlar todo o meu desespero, eu não conseguia controlar meus olhos para tirá-los dos dela e assim, quem sabe, poder pensar.

- Samantha... - Deena disse, suavemente e, antes de voltar a falar, apertou a mandíbula e seu olhar curioso se tornou profundamente sério. - Você não precisa falar nada, seus olhos falam mais e melhor do que sua boca. - ela disse, sem tirar aqueles olhos devastadores de dentro dos meus.

Eu não tinha mais saída. Não haviam caminhos onde eu pudesse encontrar justificativas plausíveis para me esquivar da percepção de Deena a meu respeito. Só me restava a verdade e a verdade era que eu... eu... eu estava... eu...

Apenas balancei a cabeça para concordar com ela, sobre eu não precisar dizer nada. Ela balançou a cabeça junto comigo e deu um sorriso apenas com os lábios, semicerrando levemente os olhos enquanto sorria.

Ficamos em silêncio pelo que me pareceu uma eternidade, mas foram apenas quinze segundos, nos olhando e quando o meu corpo já estava tendo dificuldades em oxigenar o meu cérebro, como resposta ao olhar invasivo de Deena, ela decidiu falar.

- O que fará esta noite, Samantha? - perguntou, pegando naturalmente a sua taça de água e tomando outro gole curto do conteúdo, como se não tivesse acabado de dar uma martelada nas minhas estruturas.

Uni as sobrancelhas e apertei os lábios em reação àquela pergunta aleatória, mas forcei-me a falar, depois de engolir o nó que atravessava a minha garganta.

- Estudar. - respondi, simplesmente, optando pela segurança de palavras curtas.

Um breve sorriso se formou em seus lábios enquanto ela olhava a taça que estava colocando sobre a mesa outra vez. A taça mal havia encostado na mesa e Deena desviou seu olhar para o meu e, como se tivesse jogado seus olhos em mim com muita força, meu corpo foi para trás, assim, encostei-me na cadeira e ao mesmo tempo em que eu me sentia exausta por estar sendo bombardeada por tantos sentimentos, eu também me sentia sendo levada por uma brisa leve.

- Você aceita ir à um lugar comigo hoje à noite? - Ela perguntou, deslizando o polegar e o indicador pela base circular da taça de vidro.

- O que?! Como assim? - perguntei rapidamente, sentindo as emoções voltarem ao meu corpo, descongelando-me da paralisia, como se fosse lava derretendo gelo.

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