Rubatosis

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Deena's pov

Rubatosis (n.): a consciência perturbadora de seu próprio batimento cardíaco.

"Close your eyes and I'll kiss you, tomorow I'll miss you, remember I'll always be true..." a música soava baixinha pelos autofalantes do carro quando, às 10 am, viramos na Commonwealth Ave, poucas casas distantes da de Samantha, na quinta feira, da primeira semana do ano.

- Eu estaria sendo boba se dissesse que não quero sair desse carro? – Samantha falou em um tom manhoso e bobo, poucos segundos antes de eu parar o carro bem na frente de sua casa.

- Eu estaria sendo boba se dissesse que não quero que você saia? – perguntei, desligando a música e virando-me de frente para ela que encostava-se meio de lado no banco do carona, olhando para mim como se suplicasse para que eu não a deixasse sair.

Tomei sua mão e a beijei com carinho.

- Você vai mesmo trabalhar agora? Não vai ter nenhum tempo para descansar? – a garota perguntou, deslizando o polegar por meus lábios enquanto eu afastava meu rosto de sua mão.

- Vou sim. Preciso ir ao escritório, tenho uma reunião às 10h30m com um cliente e depois, prometi que almoçaria com Josh. E ainda precisarei voltar ao escritório hoje mesmo para uma reunião com minha engenheira. Não tenho hora para sair de lá. – respondi-lhe, ainda segurando sua mão.

- Sua vida é sempre assim? – a garota perguntou com um ar preocupado.

- Normalmente não tenho a sua companhia quando viajo...

- Deena! – Samantha exclamou levemente. – Você entendeu a pergunta, não mude de assunto.

- É assim sempre. – respondi simplesmente, assentindo.

- Você não cansa? – ela perguntou em um tom misterioso.

- Você cansaria? – respondi-lhe com outra pergunta.

Samantha fitou-me por alguns instantes e sorriu, fazendo um movimento de negação com a cabeça.

- Você tem razão... – ela disse e olhou para o lado de fora, em direção à sua casa e eu acompanhei seu olhar.

- Acho que tem gente esperando por você. – falei, constatando a presença de um casal que saía pela porta da casa de Samantha.

- Eu acho que preciso ir. – Samantha atestou, virando-se rapidamente para mim.

- Quer que eu vá falar com seus pais? – perguntei calmamente.

- Não! – a garota exclamou exasperadamente e logo tratou de recompor-se. – Quer dizer, não precisa, sei que você está atrasada e...

- Está tudo bem, Samantha. – falei, dando-lhe um sorriso compreensivo.

- Você me liga quando tiver um tempo livre...? – ela perguntou timidamente. – É que eu quero saber como estará.

- Eu ligo. – afirmei e inclinei-me rapidamente, dando-lhe um beijo rápido na bochecha. – Vejo você na semana que vem?

A garota de olhos zuis acenou positivamente com a cabeça enquanto abria a porta do carro para sair e antes de virar-se para seus pais que a esperavam sorridentes na porta de sua casa, mandou-me um beijo, lembrando-me em seguida para ligar para ela. Concordei com a cabeça e esperei até que ela estivesse subindo as escadas para poder seguir o caminho rumo ao escritório.

O sorriso de Samantha dançava como uma nuvem por minha mente, fazendo-me sorrir enquanto dirigia pelas ruas de Boston. Na rádio sintonizada por Samantha enquanto voltávamos de Nova Iorque à Boston, a melodia que se tornara tão familiar para mim nos últimos dois dias, começava sutil e lentamente arrastou minha mente para as memórias dos dias anteriores.

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