Na manhã seguinte, as aulas de Izuku começariam mais tarde e ele teve tempo até para uma soneca mais longa. Quando desceu para tomar café, no entanto, sentiu sua paz indo embora. Desde a festa da fraternidade Alpha, ele sabia que estava devendo uma conversa com Todoroki — na realidade, o pseudo psicólogo nem tinha dito nada, mas Midoriya sabia ler aqueles olhos curiosos e atentos.
Todoroki estava sozinho na cozinha, sentadinho à mesa, comendo uma salada de frutas. A maioria da galera tinha ido para suas aulas e, talvez, dois ou três ainda estavam dormindo. Com fome, Midoriya não tinha muita opção.
Silenciosamente, sentindo a frieza dos olhos de Todoroki em suas costas, Midoriya preparou um café caprichado e, quando pronto, sentou-se de frente para o amigo.
Começou sua refeição, parecendo natural, como se não esperasse nada, mas sabia que logo Todoroki começaria as perguntas.
— Sobrou uma fatia de mamão, você quer? – ele mandou a primeira. Sem suspeitas. Pergunta normal.
Midoriya cerrou os olhos, rapidamente, e deu de ombros.
— E então… Você e o Kirishima?
E lá estava.
— O que tem? – o esverdeado retrucou, bebericando seu café adocicado.
— Vi vocês no bar, maior pegação e tals… Continuam saindo?
— Foi só aquela vez, mas a gente pensa em sair de novo – respondeu Midoriya, buscando a fatia de mamão que Todoroki havia oferecido. — Ele é bonito, interessante e a gente tem uma química.
— Tem, é?
Midoriya segurou a colher na boca, entediado, encarando os olhos heterocromáticos de Todoroki. O de cabelos bicolores estava de mãos juntas sobre a mesa, o cenho franzido e Izuku apostava que as pernas estavam cruzadas. Estava no meio de uma consulta.
Deveria denunciá-lo ao conselho de psicologia, mesmo que nem fosse formado. Analisar amigos é antiético.
— Sim, temos – Midoriya respondeu sério e comendo seu mamão.
— Sabe – Todoroki riu depois de limpar a garganta. —, faz um tempo que eu estou percebendo você um pouco estranho, aflito… me evitando.
— Eu?!
Todoroki rolou os olhos.
— Fiquei me perguntando se teria acontecido alguma coisa que você não disse... – ele suspirou. — Nós somos próximos, não é? Eu costumo te contar tudo. Estou preocupado…
Tudo bem, não era uma consulta. Psicólogos não deviam ficar fazendo chantagem emocional.
Midoriya esfregou a bochecha.
— Não aconteceu nada… – respondeu o esverdeado.
— Vou ser mais específico, meu amigo cabeça de brócolis – Todoroki avisou, sorrindo malicioso. — Na festa dos Alphas, Midoriya. Lá. Aconteceu alguma coisa?
Não queria contar. Não estava pronto, Todoroki teria que lidar com isso.
— Aconteceu, Shoto… Mas eu não quero falar disso – disse e catou sua louça.
— Já faz quase uma semana, Midoriya…
— Eu sei. Vou te contar, quando eu não me sentir mais tão confuso, eu prometo. Você é o único em quem eu confio aqui mesmo.
— Você fica é com medo que eu esteja te analisando, seu bobo. – Todoroki riu, levantando junto com o outro. Caminhou até o baixinho e tocou o ombro tenso. — Sabe que eu não faria isso, não de graça, pelo menos.
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O ódio que habita em nós
Fanfic[postada originalmente no Spirit - iniciada em 10/05/21 e finalizada em 04/06/21] Desde criança, a única coisa que Midoriya sentia por Bakugou era ódio e um ódio recíproco. Na cabeça dele não fazia sentido que tudo tivesse mudado só porque eles acor...