Um trauma escondido na alma

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Minha casa estava silenciosa, fui até o quarto de minha mãe, a porta estava trancada, sinal de que ela já estava dormindo, entrei no meu quarto e coloquei algumas coisas em minha mochila, desci calmamente pela escada, fazendo o mínimo possível de barulho, parei ali no pé da escada quando vi aquela silhueta, era ele, ele estava lá...

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Onde pensa que vai Jeongin? Seu pai disse para você não sair — meu tio estava em pé na sala, ao lado do sofá

— Não interessa pra você. — ando indo na direção da porta da sala, meu tio me para antes mesmo que eu chegasse até ela

— É claro que me interessa, sou seu tio, Innie — sorriu ao proferir meu apelido de infância, eu odiava quando ele me chamava assim

— Não me chame assim — me esquivei e continuei a andar, cheguei até a porta e toquei na maçaneta, tentei puxar a mesma para sair dali o quanto antes, mas fui surpreendido pelo meu tio, que segurou meu braço e me puxou um pouco para trás

— Ora, não seja mal criado, cadê os velhos modos?, lembro-me que você era muito quieto...

— Me solta! — Ele apertava fortemente meu braço, que já estava doendo, olhei para o mesmo e vi uma vermelhidão ali

— Está tentando fugir de mim não é mesmo? Como sempre fez — ele chega rente ao meu rosto, me jogando aquele mesmo olhar, o olhar que eu tanto evitei, ele sabia minhas fraquezas, talvez ele pudesse ver o trauma através dos meus olhos, o trauma que eu escondia de todos, o trauma que eu escondia na alma.

— Aposto que você mentiu, mentiu sobre estar doente... me enoja saber que você trabalha com crianças — falo o encarando, sentindo lágrimas de ódio arderem em meus olhos, a angústia fazia meu coração pulsar ainda mais em meu peito

— Talvez, hnnn crianças são fofas e gentis, mas nenhuma irá conseguir ocupar seu lugar, você era a minha criança preferida, e ainda é...

— Pare de falar... — desvio meu olhar do dele

— Por que não fica aqui essa noite? sua mãe já está dormindo, eu diria em coma, coitada, os efeitos colaterais dos remédios que ela toma realmente são fortes, faz ela dormir que nem uma pedra, deve ter sido por isso que ela não escutou seus gritos naquela noite...

— Calado! — puxo meu braço fortemente, fazendo ele soltar o mesmo

— Você pode sair agora Innie, mas fique ciente de que você ainda não está livre de mim... E fique ciente de que seu pai irá saber que o filhinho fugiu à noite para se encontrar com um garoto qualquer — da um sorriso de canto após usar meu pai como ameaça, ele estava gostando de me ver na defensiva

— "Te odeio" — apenas pensei alto, não consegui proferir nenhuma palavra, minha garganta parecia estar entupida, saio dali com as lágrimas ja caindo, apresso o passo para me ver o mais longe possível daquele local, o local que um dia chamei de casa.

(...)

Chego na pracinha e avisto Jisung ainda sentado no banco, corro até sua direção, o mesmo se levanta ao me ver já perto, jogo minha mochila ali mesmo na grama e o abraço fortemente, ainda chorando.

Calma, tá tudo bem, você conseguiu, você foi forte — ele retribui meu abraço

— Eu...Eu não quero nunca mais vê-lo, eu odeio passar por isso novamente... eu pensei que ele já tivesse me esquecido... eu vi seu olhar... eu pensei que ele iria tentar algo... —

— Shhh, ele não está aqui, eu estou aqui com você agora — afrouxo um pouco o abraço, mas Jisung me abraça fortemente — Irei levá-lo para casa, você irá estar seguro lá, está frio, por que não trouxe um casaco?

— Eu estava com pressa, mas tudo bem, não estou com frio — falo encolhido em seu abraço

— Mas irá ficar, tome — Jisung se afasta e tira o casaco que estava em seu corpo, em seguida colocando sobre meus ombros

— Vista-o, irá se sentir quentinho — sorriu gentilmente para mim, aquele sorriso era precioso demais

— Tudo bem — Visto o casaco, mas mal sabia ele que apenas o seu abraço já tinha me deixado quente e aconchegado

— Vamos? O próximo ônibus está quase para passar — assenti, ele pegou minha mochila e então andamos até o outro lado da pracinha, onde pegamos o ônibus e fomos direto para sua casa...

Estávamos no ônibus, olhei curioso para a janela, desconhecendo aquela linha

Jisung... sua casa não fica nesse bairro

— Oh não, não estamos indo para a minha antiga casa, agora estou morando em um apartamento

— Desde quando você se tornou importante assim? — faço uma leve brincadeira, Jisung rir do meu comentário

— muito engraçadinho... Oh olhe só, a ponta do seu nariz ainda continua vermelha, você sempre fica assim depois que chora — ele dá uma leve cutucada na ponta de meu nariz, coro sem jeito e me viro de volta para a janela

— Vamos, já estamos chegando — comenta se levantando, em seguida me levanto também

O bairro era bonito, havia vários prédios, de pequenos à gigantes prédios, desço do ônibus em frente ao prédio do qual Jisung havia comentado, ele era enorme e bonito, segui Jisung até chegar em seu apartamento.

The Last StarOnde histórias criam vida. Descubra agora