Entrada triunfal

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É fim de tarde, o sol está quase se pondo. Me remexo pela milésima vez no banco do carro. Ajeito meus óculos escuros e mantenho a concentração. Já estou nesse carro a 4 horas. Malditos 240 minutos esperando para por fim ao meu pesadelo.

Vejo um carro luxuoso entrar pelos amplos portões da luxuosa mansão, então sei que ela chegou. Ligo o carro e me posiciono atrás da longa fileira de veículos que entra pela área de acesso ao estacionamento. Assim que estaciono em um ponto estratégico de forma que tenho uma vista para todo o jardim, desço e não preciso ter muito cuidado para disfarçar minha presença, a maioria dos convidados não me reconheceriam sem o uniforme.

Caminho pelo lado esquerdo do jardim até ter acesso a entrada da casa principal, abro a porta da área de serviços e logo estou no interior da grande mansão dos Fortunatti. O entra e sai de pessoas é tão grande que sequer notam minha presença. Não tenho pressa alguma em executar meu plano. Ela está com a guarda baixa, vai ser rápido e silencioso. Só preciso encontrar uma distração, talvez um pequeno incêndio. Haha eu adoraria atear fogo nessa casa ridícula, nessa família ridícula, principalmente naquele filha da puta. Meu sangue ferve e tenho que fazer um esforço imenso para não dar meia volta e meter uma bala no meio das fusas daquele ordinário. Não! Por mais que eu queira não estou aqui para acertar as contas com ele. Não hoje. Hoje meu assunto é com ela.

Subo os degraus da escada e não preciso procurar muito para encontrar o tal local. A porta do quarto está escancarada, mas para minha falta de sorte encontra-se vazio. Merda! Cadê a porra da tradição? O caralho da noiva não tem que atrasar? Bosta! Merda! Caralho, isso não estava nos planos. Estou pronto para sair quando um barulho me chama a atenção. Um celular começa a tocar em cima da cama.  Me aproximo e a chamada termina. Desbloqueio a tela e bingo, o celular é dela. Ótimo! Coloco em um dos bolsos do paletó. Começo a elaborar várias estratégias. Bem eu posso sacar a arma e .... Não, muitas testemunhas. Talvez se eu me disfarçar de padre... Pelo amor de Deus, focar a ridículo, fora que ela me reconheceria e fugiria antes de colocar os pés no altar. Bosta! Pensa filha da puta, pensaaa. Espera! É isso! Um pouco homicida mas é isso. Partiu plano B.

Saio apressadamente em direção ao estacionamento. Entro no carro no mesmo instante em que ela caminha pelo tapete vermelho em um vestido branco que abraça perfeitamente suas curvas. Os cabelos loiros estão soltos e um pouco bagunçado. Linda como o inferno! Droga de pensamento, concentra caralho!

Ela caminha suavemente e tem um belo sorriso no rosto. Para um momento e olha para sua melhor amiga que também é sua madrinha. Ela parece hesitar por um instante mas toma fôlego e recomeça a caminhada até o altar.

Sinto vontade de largar tudo. Desistir dessa maluquice. Vou acabar com minha vida. Essa família é poderosa e rica. Merda fudida. Ainda tenho tempo, posso recomeçar, conhecer uma gata gostosa, fazer uma viagem. Tirar férias.

Não!!!! Eu prometi para mim mesmo que faria. Tenho que ser corajoso e cumprir minha promessa.

O noivo esta feliz feito um pinto no lixo. Esfrega as mãos o tempo todo demonstrando ansiedade. Desgraçado! Não vou te dar esse gostinho filha da puta. Não com ela.

Ligo o carro e sem pensar acelero em direção ao local da cerimônia, mais especificamente em direção ao altar, sendo mais específico ainda, em direção a noiva. Bem é isso! Vamos lá, coragem.! Comecei agora vou até o final. Sei as consequências de tudo isso, mas vou até o final.

Aos poucos as pessoas começam a se dar conta do que está acontecendo, e vejo tudo em câmera lenta. Agradeço a Deus mentalmente por ter espaço o suficiente entre o tapete vermelho e as cadeiras dos convidados para que o carro passe sem fazer nenhuma vítima inocente.

SE TOQUE - contos eróticosOnde histórias criam vida. Descubra agora