Por uma noite

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Ruby 

Passo pelo corredor frio sentindo as paredes me engolindo a cada passo. O som dos meus sapatos soavam duros batendo contra o chão limpo. O cheiro específico de hospital me causava enjoo, mas mesmo que eu quisesse vomitar não conseguiria, sentia como se minha garganta estivesse entalada, tentando engolir um enorme bolo que se formava.

Aperto a maçaneta gelada, que parecia escorrer sobre meus dedos. Se algo tivesse acontecido com ela, não conseguiria continuar. Não sozinha. A sala estava quieta, assim como todo o lugar. Aquela atmosfera pesada consumia o ar lentamente. Jasmin ocupava a cama do centro. Meus olhos se cravam no seu rosto cansado, um curativo na testa me chama atenção, seu braço enfaixado repousava sobre a barriga que subia e descia em um sono sereno. Suspiro sentindo um alívio me possuir.

—Ah você chegou finalmente. — Me viro encarando um médico que acabava de entrar no local. Ele me mede de cima a baixo com um tom de desdém depois de falar.

— Como ela está ? — Questiono ignorando totalmente seu comportamento. Jasmin se revira na pequena cama, abrindo os olhos visivelmente exaustos encontrando com os meus.

— Sua... Amiga teve sorte de ser trazida rapidamente. 

— E-eu estou bem. — A mulher interrompe, tentando se sentar sobre o colchão estreito.

— O que aconteceu? — Vou em sua direção a ajudando com cuidado a apoiar suas costas nos travesseiros.

— Bom.. você me deixou esperando eu tentei te ligar mas ninguém atendia. — Ela faz uma pausa me encarando, desvio o olhar. Passando a mão sobre o cabelo logo em seguida, eu poderia ter avisado que não iria, mas preferi simplesmente a ignorar completamente aproveitando o momento com Sofia.
— Estava chovendo muito e nenhum táxi parava, comecei a ficar irritada e muito molhada. Fui em direção a um carro que pensei que fosse parar para mim, mas na verdade ele só continuou reto com muita velocidade, me assustei e não vi que vinha um outro carro atrás dele. Por sorte o motorista me ajudou e me trouxe para cá.

— E-eu sinto muito. — Tomo coragem para a olhar nos seus olhos. Ela percebe que eu estava realmente assustada. Sua expressão muda para algo inofensivo e carinhoso que eu não via há muito tempo.

— Então... — O médico encara a prancheta.

— É muito sério ?— Questiono.

— Bom... Não seria tão sério se ela estivesse em uma rotina saudável. Acontece que nesse estado imunológico qualquer coisa pode se tornar séria. A senhorita Jasmin, precisa tomar  uma medicação mais forte.

— Certo, então não é tão ruim assim.

— E.. eu recomendaria que nesse quadro que ela se encontra que ela fique sob observação.

— Isso significa..  Que ela precisaria ficar comigo?

— Se só você que ela tem, então sim.

— Mas você não entende eu... não posso.

— Espera, você pretende me deixar aqui ! Nesse hospital sozinha ?! — Jasmin me fita, e qualquer resquício de ternura se vai, e o seu olhar frio e desafiador volta ao seu lugar de sempre. Minha consciência pesa novamente, encaro as paredes brancas do quarto, na verdade tudo ali era branco demais, em tons claros e sem vida que sufocava qualquer um que passasse muito tempo preso ali dentro.

— Jasmin..

— Claro que você vai fazer isso, não é.

                                       

                                       

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Sofia (Romance Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora