Capítulo 13

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Como de costume em todas as festas de membros do exército e de famílias nobres, a comemoração perdurara longas horas. Sarah estava sentada na maior cadeira no lugar, dando destaque a ela por ser a noiva. Hannah se sentava em seu colo de maneira comportada, nada de desrespeito, apenas tradição. Diziam as lendas que o casal que se sentasse naquela cadeira seria feliz por toda a eternidade. Alguns casais se sentavam ali no começo, com intuito de prolongar o prazo da relação deles se possível, por toda a eternidade de acordo com a lenda. Com o passar das décadas as pessoas transformaram tal crença em um costume entre eles.

Os braços de Hannah enlaçavam o pescoço de Sarah e não havia sido por tradição. A loira apenas decidiu que assim ambas ficariam mais confortáveis.

— Está cansada? — Era a quinta vez que Sarah perguntava isso à Hannah. Percebia os olhos caídos, vermelhos e que sua esposa bocejava de cinco em cinco minutos. A mais nova realmente estava exausta, só queria retirar seu vestido, tomar um longo banho e desmaiar, mas o fato de essa noite ser, em especial, sua noite de núpcias, a estava fazendo enrolar ao máximo Sarah, porém o cansaço não lhe permitiu mentir pela quinta vez consecutiva.

— Sim. — Respondeu em um sussurro, se permitindo coçar os olhos. Sarah apenas assentiu e deu dois tapinhas em seu quadril. Hannah entendeu e logo se levantou, fazendo todos gritarem em animação.

— O casal vai consumar o casamento. — Um dos homens ali gritou em animação pelas duas.

— Só cale a boca, Isaac. — Sarah disse para seu amigo, que apesar de ser meio idiota e desligado, era um bom homem. — Tenham uma boa noite. — E, sem dizer mais nada, segurou na delicada mão de sua esposa, a guiando por entre os corredores do lugar até o quarto de ambas, que ficava na parte de cima da imensa casa, que Hannah mais considerava mansão.

— Bem, eu vou... tomar um banho. — Hannah disse e Sarah assentiu, vendo a mais nova pegar algo em seu guarda-roupa e desaparecer no banheiro. Sim, os pertences de Hannah já haviam sido transportados para o quarto de Sarah. Isso era tradição por lá também. Sarah caminhou até a enorme janela e levantou uma das enormes cortinas para espiar lá fora.

Os barulhos que se faziam no salão principal, lá embaixo, podiam ser ouvidos dali e a festa provavelmente duraria a noite inteira. Sarah admirou a vista do céu e internamente pediu forças para Deus para lhe guiar pelo caminho correto. — Sim, apesar de não frequentar a igreja, Sarah acreditava no mesmo e tinha muita fé nele.

Ficou, sabe-se lá quantos minutos, olhando para o céu. Decidiu sentar-se na beira de sua cama e retirar seus saltos. Escolheu alguma roupa em seus pertences e já as deixou preparadas para que quando Hannah saísse ela pudesse entrar em seguida para livrar-se de seu vestido e tomar seu banho.

Foi o barulho da trava da porta que fez Sarah olhar rapidamente e quase se engasgou ao constatar que sua esposa usava uma camisola de seda branca, bem curta... E só... Nada mais cobria seu corpo.

A mais velha se levantou, ainda sem reação, e caminhou até Hannah lentamente. A mais nova lhe olhava assustada e sua respiração estava alterada devido às batidas descompassadas de seu coração.

— Vou tomar um banho. — Sarah sussurrou e respirou fundo antes de entrar no banheiro.

Hannah respirou aliviada e se sentou na cama. Lembrou do que sua mãe lhe dissera e obedeceu, tratando de se sentar de uma maneira sensual na cama — A própria mãe dela a fez repetir a posição que havia feito para se certificar de que não estragaria as coisas. — e subiu sua camisola levemente, de maneira que deixava suas coxas mais à mostra. Queria chorar ou fingir que havia adormecido, mas dizia para si mesma que mais dia, menos dia, isso aconteceria.

Pediu internamente mil vezes que não doesse, e que Sarah fosse gentil porque era o mínimo que merecia, havia sido obediente até ali, não custava que o destino lhe ajudasse um pouco fazendo sua esposa ser carinhosa.

— Eu não consigo compreender os seus planos, meu Deus. — Sussurrou baixinho de olhos fechados. — Mas vou confiar em ti, mesmo sem entender. — Fazia uma prece rápida. — Só por favor não me desampare. Por favor, por favor... Que além do arco-íris haja algo melhor do que isso.

Depois disso pensou em Jeremy, que mesmo estando apaixonada por ele jamais havia pensado em praticar tais atos com o mesmo. Não até o casamento pelo menos, e, como isso estava longe, sequer pintava a ideia dos dois juntos nos três meses de namoro. Mesmo quando ele se mostrava visivelmente ansioso para isso.

Saiu de seus devaneios quando escutou a trava da porta do banheiro e seu coração voltou a bater feito louco. Suas mãos suavam e suas pernas tremiam e não era de um jeito bom.

Sarah a analisou de longe, deixando seu olhar percorrer sua esposa por longos segundos. Hannah não tinha visto aquele olhar em Sarah ainda e ignorou o fato de que mordeu o próprio lábio ao vê-la vestindo apenas um baby doll curto, que deixava livre suas coxas e marcava suas voluptuosas curvas.

Sarah respirou fundo e se aproximou, se sentando na cama e se inclinando para apagar o abajur. O silêncio era tudo o que ambas ouviam, até que o barulho de Satah se acercando de Hannah na cama se fez presente. Hannah fechou os olhos em total desespero, repetindo para si que Sarah era uma boa mulher, e claro, muito linda.

— Eu sei que você odiou o fator principal do dia, no caso, ter se tornado minha esposa. — A voz rouca foi apenas um sussurro. — Mas espero que pelo menos a festa tenha lhe agradado. Lizzie disse que lilás é sua cor preferida e por isso mandei colocar na decoração. — Confessou.

— Foi tudo muito... lindo. — Hannah disse serena, tentando não transpassar desespero em seu tom de voz. O fato da respiração de Sarah estar batendo em seu rosto não ajudava muito.

— Ótimo! — Disse a morena, respirando fundo logo em seguida. Hannah fez o que sua mãe disse e passou o dedo indicador vagarosamente sobre a clavícula visivelmente exposta de sua esposa. Não podia negar que sua pela era macia e a mulher era sensual.

Hannah pôde ouvir um longo suspiro de Sarah e percebeu seus dedos se apertarem no colchão. Um silêncio perturbador invadiu o quarto logo depois. A respiração de Sarah era tudo o que conseguia ouvir. Sentiu o exato momento onde sua esposa se inclinou, mas, para sua surpresa, lhe deu um beijo longo no rosto, antes de se afastar.

— Tenha uma boa noite, Hannah. — Sussurrou lentamente. — E lembre-se: Eu só quero te ver feliz. — E assim se deitou e se cobriu, se virando para o outro lado sem dizer mais nada.

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