Over the Rainbow

Capítulo 20

-- Não preciso de ajuda para subir. -- Hannah disse rindo. -- Sei montar a cavalo desde que tinha doze anos. -- Esse havia sido um dos motivos pelo qual havia se irritado com Jeremy, dizer à sua verdadeira esposa que lhe ensinava a montar a cavalo era mais que uma ofensa, uma vez que ela montava muito melhor do que ele.

-- Ora; ora. Tenho uma esposa que não para de me surpreender. -- Sarah disse rindo, vendo Hanmah já montada sobre o cavalo. Decidiu caminhar até seu cavalo e acariciar o mesmo, antes de subir nele.

-- Uma corrida de cem metros? -- Hannah propôs balançando sua sobrancelha e sorrindo. Já estavam casadas havia pouco mais de um mês.

-- Não quero fazer feio na sua frente. -- Sarah disse.

-- Está com medo, Fier? -- Provocou arqueando uma sobrancelha.

-- Talvez. -- Falou se inclinando para o lado e tocando os lábios na bochecha esquerda de Hannah. -- Te vejo na chegada, mon amour. -- E deu partida, fazendo Hannah a olhar incrédula e boquiaberta antes de começar a correr com seu cavalo logo atrás.

Hannah até tentou, mas, pela vantagem de Sarah, foi praticamente impossível ultrapassá-la.

-- Não vale. Você roubou! -- Hannah disse descendo do cavalo e cruzando os braços de forma birrenta. Sarah soltou uma gargalhada ao ver a cara de sua esposa.

-- Tem razão. Roubei. -- Confessou descendo de seu cavalo. -- Mas foi engraçado ver sua cara.

-- Pois eu não achei.

-- Claro que não, você não viu. -- Sarah respondeu. -- Tudo bem, desculpe. -- Pediu ao ver que Hannah não sorria.

-- Só se assumir que eu ganharia caso não tivesse roubado.

-- Bem, isso eu não posso dizer, porque não tenho certeza.

-- Vamos correr de novo. -- Hannah propôs e Sarah respirou fundo.

-- Tenho uma ideia melhor. -- E sem dizer mais nada estendeu a mão no ar para Hannah subir em seu próprio cavalo.

-- Por que no seu? -- Hannah perguntou arqueando uma sobrancelha.

-- Suba e descubra. -- Hannah, por ser curiosa demais, não resistiu e subiu no cavalo de Sarah. Sarah caminhou até o cavalo de Hannah e o amarrou ali. -- Já já alguém vem te buscar, amigo. Vou providenciar isso. -- Falou para o cavalo e Hannah sorriu ao ver que sua esposa se importava com o bem-estar do animal.

-- E então? -- Hannah perguntou animada, mas sentiu seu corpo se enrijecer ao ver Sarah subir no mesmo cavalo que ela.

-- Você me disse no dia em que nos conhecemos que tinha vontade de voar em um zepelim. -- Sarah disse, enlaçando seus braços pela cintura de Hannah. -- É... -- Disse um pouco constrangida. -- Você guia ou...

-- Pode guiar. -- Hannah disse, deixando Sarah segurar as rédeas do animal. Sentia-se extremamente nervosa com a respiração de Sarah tocando-lhe o pé do ouvido. Sentiu Sarah apoiar o queixo em seu ombro e fechou os olhos tentando controlar a própria respiração. -- Então vamos voar hoje?

-- Exatamente, Senhora Fier-Miller. -- A voz rouca disse em meio a um riso. O cheiro do shampoo de Hannah tão próximo de si fez Sarah suspirar bobamente.

-- Acho que gosto dos nossos sobrenomes juntos. -- Hannah confessou um tanto mais nervosa do que deveria estar para um passeio normal a cavalo.

-- Gosta, é? -- Em seu mais profundo interior Hannah assumia para si mesma que a voz de Sarah era demasiadamente sexy. Seus olhos se desviaram para as mãos de Sarah segurando as rédeas e Hannah mordeu o próprio lábio diante do pensamento que teve. Não havia ninguém as vigiando ali, não precisava de teatro, mas o que Hannah queria fazer não seria teatro e esse era o problema, porque não tinha uma desculpa para fazê-lo. Fechando os olhos rapidamente para tomar coragem, os voltou a abrir apenas para deslizar lentamente seus dedos finos pelos braços de Sarah, até alcançar os dedos da outra.

Olhou de relance para Sarah e a viu sorrir. Então, percebendo que não fizera nada de errado, entrelaçou seus dedos nos de sua esposa, sentindo a suave mão acolher o aperto. Seguraram juntas as rédeas e foram o resto do caminho sem falar mais nada.

-- Pois bem. -- Sarah disse aplicando um beijo lento no rosto de Hannah. Não queria sair dali, mas não queria exceder nenhum limite. -- Chegamos. -- Decretou. Ia soltar do aperto de suas mãos, mas Hannah a impediu.

-- Espera! -- Disse ao sentir Sarah tentar soltar de sua mão. Não tinha o que falar, só não queria que Sarah a soltasse.

-- Que foi?

-- É... Andar nesse negócio é seguro, não é? -- Disse a primeira coisa que lhe veio à mente. Se permitiu soltar seu peso sobre o corpo da mais velha. A risada de Sarah ecoou pelos quatro ventos.

-- Está com medo, Miller? -- Repetiu a pergunta que sua esposa lhe fizera minutos antes.

-- Talvez. -- Disse em meio a um risinho.

-- Eu jamais te colocaria em algum lugar que não fosse seguro para você. -- Sarah disse abraçando o pequeno corpo contra si, antes de soltar das mãos de Hannah e descer do cavalo.

-- Se eu morrer a culpa será toda sua. -- Hannah disse descendo do cavalo. Sarah o deixou com um de seus empregados foram caminhando até a frente do enorme zepelim. Seus olhos percorriam cada detalhe. -- Uau, é muito maior de perto. -- Constatou boquiaberta enquanto subiam a bordo.

-- E como diz o ditado: Para o alto e avante! -- Sarah disse sorrindo.

E, enquanto o enorme transporte subia, Hannah ria bobamente. Adorou o vento tocando seus cabelos daquela forma tão intensa, mas assim que chegaram lá em cima se arrependeu de não ter levado nenhum abrigo. Sentiu os braços de Sarah rodearem sua cintura e permitiu deitar sua cabeça no peito da mais velha. Sentia frio ali em cima, mas o abraço de Sarah fazia tudo ficar mais aquecido.

-- Eu adoro a paz que essa vista propõe. -- Sarah confessou admirando toda a cidade abaixo delas. Hannah desviou os olhos para Sarah, ainda em seus braços.

-- Obrigada. -- Sussurrou e Sarah sorriu sem mostrar os dentes.

-- Tudo o que te fizer feliz me fará também, então acho que quem tem que agradecer sou eu. -- Disse de modo terno. Viu o exato momento em que Hannah desviou os olhos para seus lábios, prendendo a atenção por vários segundos ali. O momento foi interrompido por um longo suspiro de Hannah, que logo em seguida voltou a apoiar a cabeça no peito da mais velha e a contemplar a vista de toda a cidade.