Capitulo 19 (O Velho Barqueiro)

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Saímos então do destemido purgatório, muitas coisas tivemos que fazer , nada seria possível se não fosse pela ajuda dos meus amigos, o J4 que conheci quando cheguei, um cara simplesmente fora de série, forte no entanto sensato e fiel, segurou muito a barra quando precisamos, sempre disposto a ajudar, não vou me esquecer de suas palavras, se existe um destino o meu não é perecer aqui. Não posso esquecer da mente brilhante e estrategista da Sibel, Ágil, habilodosa, corajosa, uma grande mente por trás de uma grande garota. Não desistirei dela, tão pouco farei o sacrifício do J4 ser inútil. Agora ela precisa de mim e farei o impossível para que ela sobreviva.

  A verdade é que o purgatório, havia se tornado apenas um obstáculo que havia sido superado, a pergunta a ser feita era “Como faria para conseguir chegar à parte superior e voltar ao céu?”  passei dias caminhando rumo ao norte beirando o lago de fogo, claro que a caminhada se tornou mais lenta e cansativa, pois estava a carregar a Sibel sobre minhas costas com a flecha cravada a seu peito, a cada passo que dava, sentia que ela estava mais longe de suportar aquela pressão, sempre parava um pouco, para que ela pudesse descansar, devido aos altos e baixos que era caminhar sob aquela atmosfera causticante.

Não fazia a mínima ideia de como retornar ao céu, e sei que não tinha muito tempo ou acabaria perdendo a Sibel para sempre, continuei a caminhar a beira das grandes margens do lago de fogo, ele era imenso, e não se dava para enxergar suas dimensões, o cheiro de enxofre emanava forte de suas profundezas e sua larva era expeça, só através desse lago seria possível alcançar a passagem para o plano superior, mas como atravessaria ainda mais com a Sibel nas condições que se encontrava. Enquanto caminhava perante horas a fio sem parar, já me sentia bastante cansado, consegui avistar ao longe o que seria uma pequena embarcação, não sei se era miragem devido ao intenso calor mais valia apena averiguar, quando me aproximei era justamente o que pensava, um barco pequeno construído com madeiras escuras com um fundo creio que de metal para navegar no lago e não se queimar, na sua extremidade um cabeça de dragão olhando em direção do horizonte, sem pensar duas vezes, entrei na pequena embarcação coloquei a Sibel deitada perante o chão, mas algo de importante estava faltando, como faria aquele barco velejar, não havia leme, nem motor nem tão pouco remos, foi quando senti uma presença surgir atrás de meus ombros, uma velho caolho, com um capuz sobre seus cabelos.

-Quem é você?-Perguntei espantado enquanto me preparava para lutar.

-Quem sou? Sou apenas um velho cansado, e queria saber o que você faz dentro da minha Lilith?-Perguntou o velho enquanto se sentava na borda do barco.

-Lilith?-Retruquei.

-Sim, é o nome da minha barca.-Respondeu o velho sorrindo.

-Qual o seu nome senhor? E onde estão os remos? Tenho que levar minha amiga até a outra margem ou ela irá morrer...

-Me chamo Caronte “O Barqueiro” para velejar na amada Lilith não se precisa de remos meu jovem...-Respondeu enquanto passava a mão em sua enorme barba grisalha.

-E Como vamos atravessar, com a força da mente?-Perguntei.

O Velho deu uma gargalhada alta e se levantando das bordas do barco, desenhou um pequeno selo no ar com suas mãos, e de repente um enorme cajado se materializou a minha frente.

-Esse cajado meu jovem, é o necessário para que possamos atravessar até a outra margem.-Disse Caronte enquanto apontava para o cajado.

-Então vamos logo senhor ou minha amiga morrerá aqui.-Disse desesperado.

-Infelizmente não é tão simples assim, esse é o lago das almas que foram sentenciadas a sofrer eternamente no mais profundo de sua dor, minha função é vigiar todas elas, para que não escapem, se você deseja passar existe um preço a ser pago.-Falou Caronte olhando em meus olhos.

-Um preço? O que você deseja de mim? Eu pago o que for preciso para salvar a vida da minha amiga.

-Você aceita qualquer valor para poder atravessar com sua amiga? Qualquer valor?.-Perguntou Caronte como se duvidasse da minha palavra.

-Sim. Faço oque for preciso meu senhor, só nos tire daqui.-Retruquei decidido.

O Velho Caronte puxou de seu manto negro o que me pareceu ser um contrato velho, e fez materializar uma caneta com bico de pena...

-Pois não meu jovem leia atentamente este contrato, se decidir assinar este é o meu preço e não terá mais volta.-Disse ele enquanto me passava a caneta de pena.

Li atentamente o que ali havia escrito, não acreditei no que estava lendo, mas naquele ponto, todos se sacrificaram por mim, chegou a minha vez de fazer o mesmo por eles.

-Aqui esta Velho barqueiro, agora nos leve ao outro lado da margem por favor.-Falei enquanto devolvia o contrato assinado.

Então o velho Caronte deu um breve sorriso, guardou novamente o contrato e disse:

-Como você desejar Alex, se segure, pois a viagem será um tanto quanto interessante.

E Partimos velejando rio acima...

Dois Irmãos e um DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora