Capitulo 2 (O Dia em que meu Mundo parou)

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  Os dias de Domingo para alguns pareciam convencionais, era o tão esperado final de semana, onde famílias comuns viajavam rumo aos litorais em busca de um descanso mental, o que era necessário para se desligar da rotina estressante do dia a dia. Mas esse tipo de programação nunca foi viável a minha família, pois meus pais eram de fato religiosos “e onde estariam os fieis aos domingos?” Estariam nas Catedrais, Paroquias ou Igrejas cultuando ao deus todo poderoso em troca do perdão de pecados e da misericórdia divina.

   Sinceramente esse papo de divindades sobrenaturais nunca me soou como algo realista, você acreditar que ao seu redor anjos e demônios confrontavam entre si pelo prêmio de sua alma, seria o mesmo de acreditar nos velhos folclores culturais como a fada do dente ou até mesmo o coelhinho da páscoa. Mas não importava meu ponto de vista sobre tudo isso, para meu irmão James isso era tão real como o vento, nunca vi criança nenhuma na idade dele ter tanta fé nessas criaturas, mas quem sou eu para julga-lo dessa forma, era só uma fase infantil que com o tempo passaria e lhe traria de volta a realidade.

   Minha mãe nunca nos deixara queimar um culto se quer, sempre passava nossas roupas mais caras, engraxava nossos sapatos, penteava nossos cabelos e nos perfumava. Ela sempre dizia que tínhamos que mostrar que somos abençoados e que a mão direita de deus estava sobre nossa casa nos fazendo prosperar. Já meu pai era muito disciplinado nas famosas escrituras sagradas e nos fazia ler todas as noites até praticamente decorar os textos, porque ele acreditava que aquilo faria de nós pessoas melhores. O Templo de Santa Mônica ficava há algumas quadras do nosso bairro e era liderado pelo Bispo Collins, um homem bem afeiçoado beirando os quarenta anos de idade com os cabelos já grisalhos e viúvo, pois perdeu sua esposa para uma enfermidade no passado, não chegou a ter filhos, portanto o Templo e seus fieis eram sua principal prioridade.

-Vamos meninos ou vamos nos atrasar para o culto, não vamos deixar o Bispo Collins nos esperando o dia todo.

-Já estamos descendo Pai...

-Vamos Alex ouviu nosso pai estamos atrasados.

-Que seja velho, não sei o porquê ainda vamos a esse templo, sempre a mesma coisa todos os domingos queria mesmo é ficar em casa para ler alguma coisa ou sei lá jogar conversa fora com os garotos da rua.

-Cuidado com oque você diz, se nossa mãe ouvir você falando desse jeito ela vai pensar que você não se importa com o lugar aonde sua alma vai parar pela eternidade.

-É claro que me importo com minha alma depois da morte, quem não se importaria com sua própria alma indo para o inferno sofrer eternamente nas mãos de um diabinho espetando sua barriga e rindo muito da sua desgraça?

-Você sempre tem uma piadinha pra tudo não é mesmo?

-Pode ser que sim pelo menos meu senso de Humor não foi perdido. Ainda.

-Que seja vamos descer se não a mãe vai subir pra nos buscar pelas orelhas.

   Quando desci as escadas indo em direção à sala lá estavam meus pais totalmente impecáveis, minha mãe com seu vestido longo rosado com flores por todos os lados e seu chapéu bordado a mão, Meu pai com sua camisa de botão esticada até os pulsos no formato xadrez e sapatos perfeitamente engraxados.

-Vamos indo meninos já esta na hora.

   Custariam exatamente alguns minutos até chegarmos ao Templo do Bispo Collins, e tudo parecia chato e totalmente sem graça como todos os dias, uma manhã escaldante que fazia o suor descer de minha testa e me fazia pensar que a água do mar não cairia tão mal agora. Enquanto caminhávamos uma coisa estranha aconteceu, meu pai havia percebido que esquecera as Escrituras Sagradas em casa, isso sim era de se estranhar esse fato jamais havia ocorrido antes, então ele decidiu voltar até em casa para busca-la e minha mãe decidiu ir junto com ele.

-Vocês poderão ir na frente já estamos todos atrasados, irei voltar com sua mãe e logo retornaremos.

-Esta bem. Vamos nessa James hoje o dia promete.

Enquanto íamos andando meu pai gritou ao longe uma coisa no qual me deixou um pouco intrigado.

-Alex tome conta do seu irmão mais novo e não importa o que aconteça cuide sempre dele.

-Está bem pai só estamos indo para o templo de sempre não precisa ser tão dramático.

Então continuamos indo em direção do Templo Santa Mônica.

   Lá estava o tão glorioso templo do bispo Collins, com as paredes cobertas em mármores e um pequeno jardim bem cuidado à frente com margaridas e jasmins. Dentro já se ouvia a voz do bispo pregando suas ideologias acerca do nosso destino após a morte e quão importante era nossa alma para deus.

-Meus amados irmãos e irmãs vocês por acaso sabem o quanto valem suas almas perante o tribunal de deus? Sabem como somos importantes para a conclusão dos propósitos do divino.

   Enquanto ouvia tudo isso só poderia pensar em uma coisa “O Quanto tudo isso não passava de baboseiras” estavam ali nos bancos em média cento e cinquenta pessoas ouvindo e realmente crendo que tudo aquilo poderia ser real. Já haviam se passado cerca de quarenta e cinco minutos e só agora havia notado que meus pais ainda não haviam chegado, nesse tempo eu já tinha ido e voltado em casa três ou mais vezes.

Foi nesse instante que de repente o zelador da igreja entrou gritando desesperado, assustando a todos que ali estavam presentes e concentrados na palavra do bispo.

-Bispo Collins, um incêndio esta acontecendo, há uma nuvem negra à distância temos que ir lá saber o que esta acontecendo...

-Calma, onde esta havendo esse incêndio?

-Na casa dos Becker senhor...

Será que eu havia ouvido bem? Um Incêndio? Na casa dos Becker? Na minha casa?

Dois Irmãos e um DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora