Desconfianças

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*Desculpa pela demora pessoal, mas aqui está mais um capítulo.


Branco 

Para alguém que parecia ser bem legal, ele foi um babaca com as meninas, ainda mais falando daquele jeito da coitada da Luena.

- Por que você foi tão babaca com a Carina? – pergunto a ele passando o meu cartão.

- Sério que até você acha que eu fui babaca? Só foi um pensamento que eu tive, acho que as pessoas que estão aqui, tem uma breve noção de como é cara fazer uma viagem espacial. – disse ele tentando se explicar.

- Sim, mas mesmo assim, foi rude a forma como você falou.

- Tá, próxima vez que fomos falar com elas vou me desculpar. – disse ele soltando um forte suspiro.

- Obrigado por entender.

- Aí está o seu lado japonês falando. – disse ele rindo.

- Sério, você é bem xenofóbico*. – digo saindo de perto dele indo em direção a saída.

- Não sou xenofóbico nada, são padrões sociais que você consegue observar em determinados países. – explicou.

- Isso só parece uma coisa para justificar seu pré-conceito comigo e com as meninas, vai dizer agora então que você não confia na Olivia?

- Nem um pouco. – disse ele bem sério.

- Sério? Por que motivo? Ela parece ser bastante legal e boazinha.

- É isso que ela quer passar para você, mas se na verdade foi ela que matou a Luena. Nunca confie em americanos. Pensei que como um japonês você já deveria saber disso.

- Tá bom, se você diz, vamos logo que eu tenho que jogar o lixo fora. – digo a ele revirando os olhos e dando os ombros.

- Vamos, depois podemos voltar aqui para eu resolver os fios.

- Faz logo.

- Não faço o que tem perto do reator.

- Tá bom, vamos lá que eu tenho tarefa lá também.

A coisa mais chata desse lugar é ficar rodando por aqui para ter que resolver todas as tarefas.

Chegando nas caldeiras, Ji Huan, junto do alemão estavam colocando gasolina na nave.

Sei que o Victor não confia na Olivia, mas eu não consigo confiar nesse alemão, ele tem cara que está armando alguma coisa, foi muito estranho ele ter ficado quieto enquanto todos acusavam o Ji.

O reator estava fazia, Victor ficou na porta fazendo os fios e eu tive que ficar clicando em umas cores na forma certa que aparecia do outro lado.

Mas eu já tinha errado duas vezes e já estava de saco cheio de fazer.

Quando eu estava prestes a terminar as luzes começaram a piscar em vermelho mais uma vez.

- Será que eu fiz alguma besteira? – digo entrando em pânico.

- Acho que não? – disse Victor ficando do meu lado. – Olha os painéis estão dizendo que cada um vai ter que colocar a mão no painel para estabilizar o reator.

- Ok, você fica de um lado e eu de outro. – digo a ele.

- Sim senhor.

- Quando eu disser já você coloca.

- Tá.

- Um...Dois...Três...Já!

Colocamos nossas mãos ao mesmo tempo e quando o leitor terminou de ler as nossas mãos as luzes pararam de piscar.

- Ainda bem. – digo a ele escorregando no chão de tão nervoso que eu fiquei.

- Que bom estamos vivos!

- Sim, estamos.

Estando bastante animado Victor vem até mim, me ergue do chão e me dá um forte e abraço. Pra mim parecia que esse braço não tinha fim, quando ele continuava assim o botão de reunião foi acionado.

- Victor nós temos que ir. – digo a ele envergonhado.

- Calma aí, só mais um pouco. – disse ele me apertando mais ainda.

- Victor..., a reunião.

- Merde. – resmungou ele na sua língua.

- O que disse?

- Nada, vamos logo se não vão pensar que nós somos os assassinos.

Chegando na cafeteria o caos já estava enorme com o alemão discutindo com o Eun-jin.

- Que circo é esse? – perguntou Victor.

- Só que não dá para confiar nesse cara que fica acusando os outros sem prova! – gritou ele bastante exaltado.

- Isso aqui não é um tribunal, não precisamos de provas, eu vi você fazendo uma coisa suspeita com a rosinha aí.

- Que coisa suspeita, nós só estamos fazendo as tarefas, depois ficamos aqui conversando para descansar um pouco.

- Fica mesmo defendendo o seu namoradinho, até chegar a hora que ele vai te matar.

- O Eun-jin não é o assassino.

- Ok, deve ter sido você que chamou a reunião. – disse Victor.

- Foi.

- Você que foi acusado pelo Eun-jin aqui, que teve um dos companheiros mortos. Sério? A minha vontade é te expulsar da nave, mas como foi dito na última vez, não da pra ficar acusando sem provas! – disse Victor se exaltando no final.

- Calma, não precisa ficar nervoso. – digo colocando a mão no seu ombro.

- Uma coisa é certa, nós temos que descobrir logo, quem esse nosso impostor que está matando as pessoas e provavelmente seja ele também que está prejudicando a nave e apagando as luzes. – analisou Vanessa.

- Sim, nós temos que encontrá-lo logo. – disse Eun-jin

- Nós temos que pensar bem, mesmo que estejamos acusando o... – disse a Carina tentando lembrar o nome dele.

- Valentin. – respondeu ele revirando os olhos.

- Sim, o Valentin. Mesmo que todos estejam acusando o Valentin, não podemos errar nessa questão, dessa forma, nós temos que ter provas, por isso eu estava conversando com a Vanessa e acho que agora seria bom nós trocarmos de duplas e pra limpar a minha consciência eu vou com a rosa. – disse ela analisando toda a situação.

- Eu acho que o melhor ainda é mantermos assim, caso algo de verdade aconteça nós troquemos. – disse Victor.

- Concordo com o Victor aqui. – disse Eun-jin.

- Ok, vamos ver se mais outra pessoa vai morrer então. – disse Carina revoltada.

- Não vai precisar disso, vamos descobrir antes disso. – disse Vanessa sem otimista.

- É o esperado. – disse Victor.

O clima na reunião acabou de um jeito um pouco estranho.

Parecia que agora todos estavam desconfiando de todos, mesmo assim, não querendo ser implicante eu não confio muito nesse cara de ciano.

- Vamos, eu tenho fios para fazer. – disse Victor me acordando do meu devaneio.

- Vamos. – digo levantando da mesa. 

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*Xenofóbico 

que demonstra temor, aversão ou ódio aos estrangeiros, ou à cultura estrangeira."comportamento, ideia, cultura x."

Shhhhh, tem impostores entre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora