Falso Brilhante

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Assim eu vejo a vida

A vida tem duas faces:
Positiva e negativa
O passado foi duro
mas deixou o seu legado
Saber viver é a grande sabedoria
Que eu possa dignificar
Minha condição de mulher,
Aceitar suas limitações
E me fazer pedra de segurança
dos valores que vão desmoronando.
Nasci em tempos rudes
Aceitei contradições
lutas e pedras
como lições de vida
e delas me sirvo
Aprendi a viver.

- Cora Coralina.

05 de Janeiro de 2015, 09:30, segunda-feira.

Enquanto estava no carro, cantarolava uma cantiga, precisava manter-se calma, precisava das memórias afetivas, voltar no tempo era um remédio.

"Se essa rua
Se essa rua fosse minha
Eu mandava
Eu mandava ladrilhar"

Ia acalmando a cada estrofe, era como respirar ar puro.

"Com pedrinhas
Com pedrinhas de brilhante
Para o meu
Para o meu amor passar."

Alguns versos combinados com comprimidos já eram o suficiente, terminaria a canção de infância depois. Já estava melhor, um pouco melhor.

O rosto vermelho confidenciava que havia chorado, estava desgastada, arrastou Helena junto dela, viajariam novamente para o mesmo local de semanas atrás. Trocou de roupas no avião, um silêncio ensurdecedor, sua mente voltava ao que tinha feito. A viagem que duraria quase sete horas, seria feita em quatro.

- Mãe, a senhora precisa manter a calma. – Helena tenta mais uma vez trazer a Imperatriz a realidade.

- Eu vou aceitar. – Pensou em voz alta.

- Aceitar o que? – Questionou confusa.

- A proposta de Joaquina. – Respondeu ainda atordoada.

- Que? Está doida? Maria Marta! – Repreendeu.

- Estou mais lúcida do que nunca e já sei o próximo passo. Falarei com ela antes de voltar ao Rio. – Estava séria, a mente trabalhando, adrenalina misturada com fluoxetina. Estava ficando mais calma, já haviam sinais de sonolência. – Que remédio é esse que você me deu?

- Calmante. – Fala sem dar muitos detalhes.

- Preciso chegar naquele morro maldito intacta, Helena! – Reclama e solta um bocejo.

- É monte. – Gargalha. - Aproveita e dorme um pouco. Sei que não pregou o olho essa noite. – Diz enquanto folheia seu livro.

- Não dormi mesmo. – Sorri maliciosa. Havia passado a noite com o comendador, precisava mantê-lo ocupado, evitar que ele fosse para a casa da amante.

- Não quero detalhes, Maria Marta. – Nega com a cabeça.

A Imperatriz acalma-se pouco a pouco, acaba pegando no sono durante a viagem. Helena cuidou dela durante o trajeto, garantiu que ficasse bem, zelava por Marta como uma filha. A imperatriz suava enquanto dormia, seu sub consciente fez questão de lembrá-la cada detalhe do ocorrido, ainda podia sentir o perfume adocicado da moça.

Sentia-se culpada, extremamente culpada, mas esse sentimento era passageiro, tinha novos objetivos, não poderia parar e nem ao menos queria. Ela e sua loucura viraram melhores amigas.

Chegou a hora de ser a Maria Marta que José Alfredo tanto falava, tanto crucificava. Entretanto, seria pior. Seria a pior mulher que conseguisse, a mais sanguinária, seria a versão feminina dele, e cá entre nós, as mulheres são sempre mais ágeis, não seria tão difícil.

A Imperatriz dos DiamantesOnde histórias criam vida. Descubra agora