Vinil

249 18 10
                                    

A Uma Mulher

Quando a madrugada entrou eu estendi o meu peito nu sobre o teu peito
Estavas trêmula e teu rosto pálido e tuas mãos frias
E a angústia do regresso morava já nos teus olhos.
Tive piedade do teu destino que era morrer no meu destino
Quis afastar por um segundo de ti o fardo da carne
Quis beijar-te num vago carinho agradecido.
Mas quando meus lábios tocaram teus lábios
Eu compreendi que a morte já estava no teu corpo
E que era preciso fugir para não perder o único instante
Em que foste realmente a ausência de sofrimento
Em que realmente foste a serenidade.

- Vinícius de Moraes

Qual o preço de uma Turmalina Paraíba? Altíssimo. Só não é tão valiosa quanto a gana do ex-marido. Turmalinas são incalculáveis, a cor única, a dificuldade em achá-las, exige muito daqueles que as querem! Exigem tanto que muitas vezes a desistência é a única saída. Assim como Joaquina achou que teria que desistir de seus topázios, José Alfredo pensava se desistir de suas turmalinas não era sua única saída.

O jantar ainda ocorria, ele matutava no quarto sobre o paradeiro da ninfeta que ele ousava chamar de amante ou de algum apelido tosco estrangeiro. A acharia pela manhã, a procuraria até o inferno.

Podia ouvir as gargalhadas estridentes de Marta, não tinham fim. Tomou uma ducha, pensou em formas de atormentá-la, bebeu whisky, licor, cachaça, olhava aquelas safiras com gana, ficou inquieto até ouvir as portas se fechando no corredor, ainda faltava uma porta específica. Logo os saltos dela anunciavam pelo corredor que o jantar tinha acabado, pensava entre ir ou não confrontá-la. Se Ísis sumiu, a culpa era dela, não era? Só podia ser. Minutos passaram e um insuportável perfume doce inundou seu olfato de maneira irritadiça, o perfume que ela comprou para a tal noite com o namorado. Odioso. Fétido.

Não o deixaria tocá-la! Não na casa dele! A passos largos, adentrou aquele cômodo pronto para matar alguém.

- Sabia que viria! - Ela sorriu com ironia.

- O que tu fez com a Ísis, Marta? - Perguntou bravo.

- Matei! - Gargalhou.

- Eu tô falando sério, Marta! - Ela revirou os olhos. Ele olhou em volta, nenhum sinal de Maurílio.

- Também estou. - Arrumou-se em frente ao espelho. - Ou prefere que eu diga que ela te deu um pé na bunda? - Limpou o canto dos lábios.

- Marta, Marta... - Queria esganá-la. - Ísis é muito diferente de você! Shit! Ela nunca...

- Ela nunca te deixaria como eu fiz? - Arqueou a sobrancelha. - Nunca te trocaria por outro, como eu fiz?

- Não. - Pigarreou. - Nunca! - Sentou-se na cama dela. - Maria Marta, ela não me deixaria!

- É o que veremos. - Soltou o hobbie que usava e deixou a lingerie a mostra. Lilás ficava muitíssimo bem nela. - Sabe, Zé, na idade que você tá, é difícil as franguinhas ficarem muito tempo!

Ele a olhava de cima a baixo, era odiosa e tentadora, só podia ser um castigo dos céus. Aproximou-se dele, lhe tocou os ombros, recebeu um olhar carregado.

- Diferente de mim que tenho o homem que quero na hora que quero. - Levantou o queixo dele. - Você, Comendador, só tem a mim.

- É o que você pensa, Imperatriz. - Riu. As mãos subiam na cintura da mulher, apertava com posse.

- Então, me prova que estou errada. - Segurou o rosto dele. - Traga ela aqui amanhã, estarei esperando.

- Trago. - Sorriu confiante.

- E seja rápido, daqui dois dias estou de viagem marcada. - O soltou, recuou alguns passos.

- Viagem? - Levantou rápido. - Pra onde?

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 30, 2022 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

A Imperatriz dos DiamantesOnde histórias criam vida. Descubra agora