Não lembro de muito sobre o que ocorreu após ter sentido tanta dor, a dor de Lee Siyeon. Eu estava de olhos fechados, a queimação que se alastrava em meu corpo havia me enfraquecido o suficiente, não estava conseguindo fazer nada além de sentir essa dor absurda, apesar de nada estar me ferindo. Eu conseguia desvendar o que se passava ao meu redor, mas não o que acontecia comigo. Taeyeon me levou para o andar de baixo em seus braços, meu corpo deixado no sofá e ela, ao meu lado, me pediu para descrever com exatidão o que se passava comigo, enquanto as outras procuravam por Siyeon e alertavam Han Dong, Gahyeon e Yubin sobre o que estava acontecendo.
Pensei sobre toda a agonia que sentia, a qual mais aumentava a cada momento, desejei que não fosse o pior, que não a tivessem encontrado nessas duas semanas, que ela não fosse morta pelos lupinos da segunda linhagem. Siyeon é forte e sei que irá sobreviver a isto.
Ao menos, internamente, eu contava com esse pensamento.
Taeyeon não saía do meu lado, convocava feitiços e dava vida a armaduras — que eram espalhadas por sua casa, para buscarem ervas com propriedades mágicas, as quais conheço bem. Já li diversos livros sobre poções das mais antigas curandeiras, quanto mais ela citava qual erva iria precisar, mais eu as reconhecia como parte do antídoto para o veneno do mata-lobo.
Estranhamente preocupada comigo, Taeyeon não me deixava de mirar, as mãos chegaram a tremer quando, mais uma vez, tornei a cuspir sangue. A dor se espalhava pelo meu corpo, parte dele chegava a adormecer, mas eu reprimia a fraqueza e me colocava de pé, como uma afronta ao que tentava me deixar fraca, entretanto, não o podia fazer por muito tempo, porque Taeyeon não deixava. Protetora, tal qual Yoohyeon, mas acima disso, não reprimia esforços ou questionava meu querer, me protegia como uma mãe protege seus filhotes recém nascidos, chegava a ser incômodo, mas não questionei ou reclamei, de certa forma, estava grata por isso.
Dado curtos minutos, que se arrastaram como anos ao meu ver, aquela dor apenas agravava e se aproximava de meu peito, parecia percorrer meu corpo e afetar cada parte minha, trilhando caminho ao meu coração. Já farta de esperar por respostas desde a saída das garotas que foram procurar por Siyeon, me levantei mais uma vez, completamente suada e ofegante, visando ir até o inferno para encontrá-la. Taeyeon ergueu a mão, me encarando em clara repreensão, antes que eu pudesse retrucar, as portas da casa foram abertas.
Chungha entrou, carregando uma pálida Siyeon nos braços, cada veia do seu corpo saltava naquele tom negro, seus olhos estavam abertos, mas ela não estava consciente, da sua boca escorria sangue, tal qual acontecia comigo. Yubin vinha ao encalço de Chungha, trazendo consigo, entre panos rasgados, uma planta.
— Foi essa, Taeyeon – Yubin entregou o trapo nas mãos da bruxa, que a segurou diretamente contra a pele, então a própria começou a queimar, constatei isso ao vê-la devolver a planta até o pano e a mão dela estar cheia de buracos e extremamente vermelha.
— Justo a mais forte – resmungou, observando Siyeon em seguida. Ela se adiantou pelo cômodo, mas antes me lançou um olhar censurado de "Não faça nada que não deva", antes de desaparecer até o porão da casa, onde julgo realizar suas poções.
— Ela estava na casa da família dela – disse Yubin, Chungha tomava o cuidado de manter Siyeon deitada de lado, alegando que ela teve convulsões no caminho.
— Nos escombros onde me manteve? – ela acenou positivamente, então de fato era aquela a casa de Siyeon, o que significa, que naquela foto rasgada eram seus parentes.
— Bo-ra – Siyeon sussurrou, nós três voltamos o olhar para ela. Eu estava prestes a perguntar quem havia a deixado nesse estado, pronta a matar quem quer que a tenha causado tanto dano. Chungha e Yubin me encararam confusas, não entemos seu falar, mas ao menos sabemos que agora ela tem consciência para se comunicar. Me aproximei, relutante. – Bo-ra.
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Southern Lands - Suayeon
FanfictionMeus olhos perdidos em meio ao breu evidente somente foram capazes de identificar o azul vibrante que surgiu no cair da noite, a lua estava vermelha, tão vermelha quanto o sangue que banha minhas vestes e todo o solo que consigo visualizar, meus ner...