Southern Lands - Suayeon

Hell - III

Manter os olhos abertos por um dia inteiro se torna algo cansativo quando se tem que ouvir Minhyung reclamar pelos meus desleixos e falta de postura. Donghyuck até mesmo tentou amenizar a situação, mas quando Mark insiste que estou errada, não me resta nada que não seja aceitar sua fala.

O que poderia ter de mau em comer algo? Não vivo somente de sangue humano, gosto da comida que eles preparam e o gosto da carne dos cervos é bom. Não é porque sou uma vampira que preciso depender unicamente do sangue humano. Mas eu compreendo que o motivo da reclamação foi devido aos lordes antigos terem me visto comer, a próxima sucessora ao trono talvez deva manter mais sigilo quando for se portar como uma sangue ruim.

Atravessar os corredores do castelo nesta noite sem sentir o perfume suave de Gahyeon adentrar minhas narinas é consideravelmente chato. Sinto falta dela, há dias que não a vejo, e amanhã já é o grande dia em que completarei minha rebelião e atravessarei a fronteira que nos distanceia do Sul.

Eu preciso da Gahyeon comigo nesse momento, é uma questão de vida ou morte, afinal se eu ficar sozinha com Minji certamente a questão será apenas de morte. E eu não quero ter que testar os limites da minha imortalidade.

Acho o termo um tanto vago, inclusive, imortal. Eu não sou imortal, somente sigo viva por um tempo consideravelmente longo, mas o título de imortal soa um exagero.

Sempre me questionei o motivo desse termo, deve ter sido posto por humanos, ou talvez por bruxas. A hipótese não pode ser descartada.

É claro que este é um pensamento que mantenho comigo, se eu ouso alfinetar algum vampiro nobre com esse ponto de vista meus pais acabariam por me deserdarem.

Ao sair do castelo consegui observar a lua pela primeira vez em muitas noites, mas ela não tardou a esconder-se atrás das nuvens.

Observo as árvores sem cor, ou folhas, a minha frente, dois caminhos a seguir, o direito me levará até a fronteira, o esquerdo até a casa de Yoohyeon, então deste modo, sigo até a esquerda.

Encontrar com Yoohyeon antes de realizar a maior loucura da minha vida é algo melhor do que passar a noite em claro com Minji e seus amigos perdidos. A vi ontem pela madrugada, devorando em torno de dez aldeões, se houvesse um placar de quem cometeu mais homicídios em um ano, Minji estaria no primeiro lugar.

Ela é insaciável, inconsequente e imbecil. Se alimenta como se fosse uma diversão matar os humanos, e sempre mata unicamente homens, afinal diz que matar mulheres é um pecado, sem elas os humanos não iriam mais procriar, e sendo assim não existiria mais seres para ela se alimentar.

Uma completa idiota.

- Yoohyeon? - Chamei ao estar frente a porta, a mesma abriu como de costume, fechando-se após minha entrada. Macabro, porém já estou acostumada.

- A que devo a honra de sua visita? - Ouvi sua voz suave, sorrindo em seguida. Segui o som até a sua cozinha, onde a mesma bebericava em sua taça cristalina. - Com fome?

- Não imagina o quanto. - Bastou um aceno por sua parte para que um jantar fosse servido. Eu acho impressionante o mundo da magia, gostaria de saber fazer algo do tipo. - Como você está?

- Pensativa. Realmente partirá pela manhã? - Acenei em positivo enquanto comia, ela sorriu em minha direção. - Estou curiosa quanto ao que me foi revelado, já conseguiu desvendar algo?

- Na verdade não. A única coisa que se encaixa são os olhos acinzentados. Os meus olhos, no caso. - Comentei, em seguida mordendo outro pedaço da carne que Yoohyeon preparou.