ETTORE
Eu só podia ter ouvido algo errado ou já estava completamente bêbado, por isso achei melhor deixar o copo de uísque que tinha na mão sobre a mesa, encarando meu irmão com toda minha atenção.
— Eu acho que ouvi algo errado. — Limpei minha voz. — Pode repetir?
— Não escutou errado, Ettore, eu vou me casar com uma herdeira bem rica de algum idiota que queira entrar para uma das cinco famílias, não vai ser difícil, podemos estar com o nome sujo, mas ainda vale algo!
Aquilo era uma ideia realmente boa, mas... Eu olhei para Matteo ali, sentado, cheio de convicção em sua voz, mas algo dentro dos seus olhos azuis estava se quebrando... Lauren.
— Não pode se amarrar a um zé-ninguém que nunca viu na vida, será um inferno, você não vai se vender como uma prostituta, Matteo!
— Irei me vender como uma prostituta ou qualquer coisa se eu entender que é o certo, eu sou o chefe da máfia, as decisões difíceis agora são minhas. — A voz dele era precisa e afiada. — E no fim das contas talvez nem seja ruim, veja Salvatore e Anna.
— Eles são um em um milhão! — falei com raiva. — Matteo... Eu sei que não fala disso, mas você e a...
— Cale a porra da sua boca. — Ele quase cuspiu as palavras em um grunhido, apertei minha mandíbula, mas resolvi ficar calado... Lauren era o tópico sensível de Matteo, tudo que se referia a ela o deixava eriçado, quase intocável, eu só não entendia o porquê ele não assumia logo que queria aquela mulher.
— Tudo bem, faça como quiser, devo anunciar onde a sua mão?
Matteo virou o rosto enquanto girou na sua cadeira dando as costas para mim, como eu tinha dito, ele ficava putinho sempre que alguém falava de Lauren.
— Eu cuido disso sozinho, agora vá cuidar de outra coisa!
— Como quiser! — rebati as palavras, sorvendo o resto do meu uísque e só então deixei a sala, sem acreditar que Matteo ia mesmo se "degolar" em um casamento de interesse. Não era como se eu fosse um homem crente em amor, mas eu não era lunático em dizer que não existia.
Além do mais, eu sabia que Matteo gostava da Lauren e via também Salvatore com Anna. Meu irmão do meio iria ser mais um infeliz no mundo, e eu sinceramente preferia que dentre os três Bianchini só restasse um infeliz.
Eu preferia que fosse eu, afinal já estava puto com o mundo mesmo, só que tinha algumas coisas que por mais que eu quisesse não poderia ajudar... Mas poderia fazer uma alerta, por isso peguei o celular, discando o número 1, no segundo toque fui atendido.
— Olá, Ettore! — A voz morna e tranquila de Salvatore me encheu.
— Bom dia! — falei sem pensar em rodeios, afinal ele odiava mesmo. — Seu irmão contou a novidade do que pretende fazer?
Ouvi Salvatore suspirar, então ao que pareceu mover lençóis, em seguida o barulho de um clique... Ele com certeza ainda devia estar na cama no calor do aconchego com a esposa, aquilo era bem a cara daquele novo Salvatore.
— Problemas?
— Na verdade, não, uma solução, mas que eu não acho a certa. — Encostei-me na soleira da porta do jardim de inverno da casa sem me importar em fazer fofoca. — Matteo vai se vender como uma prostituta para quem pagar mais pela sua mão!
O silêncio de Salvatore me deixou inquieto, mas dei o tempo que ele parecia precisar para processar, antes de tentar alguma coisa para tirar algo dele que ainda era meio difícil.
— Ele está certo!
Meu queixo caiu a tal ponto que precisei me endireitar, desencostando da porta, não gostando de ter uma opinião única ali, talvez se houvesse um quarto irmão para equilibrar as coisas fosse melhor.
— Mas e a Lauren? — chiei, inconformado. — Você sabe que ele gosta dela.
— Sim, mas por isso não a quer, isso tem uma diferença.
— Desculpe, acho que acordei meio ruim das ideias, me explique melhor! — Soei debochado, mas era por estar com raiva.
— Olhe para Anna e eu, acha que eu queria que minha mulher passasse por todo o estresse de achar que podemos ser machucados? Que talvez nossa família nunca esteja segura mesmo tendo deixado meu posto? — Ele suspirou. — Se eu pudesse escolher, deixaria Anna fora disso, é isso que Matteo está fazendo, pois Lauren hoje pode sair e sumir no mundo, ela não está ligada a nós verdadeiramente, mas caso nosso irmão se envolva com ela tudo acabou, Ettore...
Eu pensei sobre aquilo, olhei para fonte no meio do jardim, avaliando cada palavra de Salvatore, e ele me deixou fazer isso entendendo que elas estavam penetrando em minha mente.
— Tudo bem, eu entendi, vou manter minha posição como apoio ao que ele precisar e não darei mais uma palavra sobre a Lauren.
— Me mande informações da família que ele escolher.
Dei uma risada saindo do jardim voltando a caminhar em direção ao elevador que levava para a garagem, era hora de eu ir trabalhar, tinha assuntos na rua.
— Como se realmente precisasse de mim — debochei, animado. — Eu sei dos seus espiões!
— Prefiro chamar de fornecedores de dados.
— Vá se ferrar. — Eu ri. — Como está Anna?
— Bem, mas anda enjoada demais com qualquer coisa que come. — A voz dele pingava preocupação e carinho do outro lado da linha. — Quando as coisas se acalmarem e sentir ela mais firme para pegar o avião estaremos aí, nesse momento eu não posso me ausentar de perto dela, por isso você terá que ser meu apoio ao Matteo aí!
— Eu vou ser, não se preocupe.
— Você está bem, Ettore? — Salvatore perguntou sua voz certeira e firme, por um segundo vacilei, mas me recuperei rápido, tratando de parecer ótimo.
— Sim, perfeitamente! — Era tudo que eu tinha a dizer sem mentir ainda mais.
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O Irmão Mais Cruel
Romance♣️ O Irmão Mais Cruel (Degustação) Sinopse: Consequências.... Para cada ação sempre existe uma consequência e era exatamente o que estava acontecendo. Os Bianchini estão passando por uma crise. Após Salvatore ter passado seu posto para Matteo, nem t...