5- Se beber não fale com caras bonitos

167 9 0
                                    

Volto para a faculdade no fim da tarde após uma breve despedida triste por saber que dessa vez ficarei mais tempo longe. O próximo feriado prolongado vai demorar meses. Quando chego no meu quarto nenhuma das meninas voltou ainda. Decido ir até o refeitório fazer um lanche. Nosso andar tem bastante comida, nós somos responsáveis por comprar as coisas, cada um dá um valor predefinido e então compramos pacotes e mais pacotes de bolachas, pães congelados, waffles, e outras besteiras que podemos comer durante a noite. O almoço é feito na cantina da faculdade. Pelo menos uma refeição no dia é saudável. Pego um lanche pronto na geladeira e suco de laranja e sento para comer. Alguns colegas estão espalhados pelo refeitório rindo com seus grupos. Nenhum deles é do meu grupo então como em silêncio enquanto observo o movimento. Minha visão fica bloqueada derrepente. Alguém tampou meus olhos com as mãos. Eu largo meu lanche e começo a tatear as mãos da pessoa para tentar descobrir quem é. Mãos macias, pode ser mulher. Mas subo um pouco e sinto pelos nos braços. Pelos de homem. Fico um pouco nervosa pensando em duas possibilidades. Nenhuma delas me deixa muito a vontade com a brincadeira. Decido chutar na probabilidade mas fácil me baseando em outras brincadeiras que ele já fez.

- Ben?

- Acertou!- Ele tira as mãos e senta ao meu lado.- É boa nisso! Achei que ia chutar vários nomes até acertar!
- É, eu também achei!- Eu minto.

- É? E porque pensou no meu nome primeiro?- Ops. Oque falo agora?

- Hãn... Eu, deduzi que era você porque senti os pelos e as meninas tem poucos pelos nos braços. E você é o único que viria até aqui conversar comigo.
- Hmmm... Entendi... Eai, como foi a viagem?
- Muito boa! Passei bastante tempo com meu pai, minha irmã e com Peter.
- Legal. Sentiu muitas mudanças?
- Como assim?
- Bom, normalmente quando mudamos o ciclo de amizades, mudamos algumas atitudes também.
- Fala de Peter?
- Sim, ele foi o mesmo com você?
- Acho que sim. Ele mudou um pouco fisicamente. Está treinando pesado.
- Ouvi dizer que lá eles dão duro.
- Sim, ele está bem cansado. Teve um dia que colocamos um filme e ele dormiu antes de mim! Isso nunca tinha acontecido.
- Dormir nem deveria ser uma opção. - Ele me olha de cima abaixo e isso me deixa um pouco envergonhada.
- Não entendi.
- Existem tantas coisas que podem ser feitas durante um filme.- Ele chega mais perto e olha bem nos meus olhos. - Eu gosto de fazer cada minuto valer a pena. Quando estou com uma garota, ela assiste o filme enquanto eu assisto cada parte do corpo dela. E cuido com carinho. - Ele sorri de forma maliciosa e continua me encarando. Eu prendo a respiração sem saber oque dizer. Ele é um babaca pervertido. E eu não sei oque dizer. Isso é ridículo.
- Ben, que tal parar de falar bobagens?
- Eu só acho que é um desperdício. O fogo tem que estar sempre aceso. Somos jovens ainda pra dormir em filmes.
- Nós jogamos juntos um jogo bem apimentado também. - Me arrependo de ter dito isso no momento em que falei.
- É? Agora ficou interessante. E como foi?
- Não vou dizer!
- Ah, qual é? Começou a contar tem que terminar! Fala aí! Não conto pra ninguém.
- Bom, pegamos um baralho, quem tirava cartas altas bebia e quem tirava cartas baixas tirava uma peça de roupa.
- Uau. Isso parece divertido. Vocês transaram?
- Não. Estávamos na casa da mãe dele.
- E?
- Não quero ter minha primeira vez na casa dos nossos pais.
- Minha primeira vez foi dentro de um banheiro. Com minha prima.
- Eca. Não sei oque é mais nojento.
- Ela é minha prima de segundo grau.
- Mesmo assim! E um banheiro? Qual a graça nisso?
- Viver perigosamente. Fazer coisas proibidas me dão tesão. Me sinto vivo.
- Você já namorou sério?
- Sim...- Ele parece triste ao responder.
- Porque acabou?
- Difícil dizer ... Acho que eu e ela desistimos. E foi melhor.
- As vezes não era pra ser.
- Pois é.
- E como foi seu feriado?
- Foi bom. Comi comida caseira, ajudei a concertar o carro da minha mãe. E estudei.

Para todos os garotos que já amei: Futuro incertoOnde histórias criam vida. Descubra agora