14- Eu de novo fazendo merda

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Peter

" Acho bom você ir! Te enviei o convite faz mais de um mês Peter!" Kitty sempre persuasiva.

" Eu tenho escolha?"

" Com certeza não! Acho engraçado perguntar. Não me conhece?"

" Estarei aí! Vou me arrumar! Até mais tarde!"

" Pode trazer alguém se quiser. Bjs, até mais tarde!"

Trazer alguém. Como se ela não soubesse que não tenho ninguém. Patético. A única coisa que me conforta é que fazem 5 anos. Desde a minha conversa com você Lara Jean. E vamos nos encontrar hoje. Se você estiver com ele... Será que estará? Eu sei que pareço um idiota. Como pode alguém não esquecer uma pessoa mesmo depois de tanto tempo? Eu até fiquei com algumas garotas. Mas, não consigo te esquecer. Nossa história ficou inacabada. E eu tenho esperado ansiosamente por esse dia.

Depois de vestir várias combinações encontro a roupa ideal. Normalmente eu não sou tão inseguro, mas se tratando das minhas intenções hoje, eu preciso estar bem alinhado e bem vestido. Termino de me arrumar muito cedo e fico esperando dar a hora, ensaiando diálogos e conversas que eu espero ter com você. Como será que você está? Será que mudou muito?

Minha campainha toca. Não estou esperando ninguém. Olho pelo olho mágico. Owen. Eu abro a porta.

- Bora. A festa já vai começar.
- Ela não confia mesmo em mim.
- Ela só quer todo mundo lá.
- Eu disse que eu ia! Estou pronto!
- Então vamos?
- Meu Deus, vou ser o primeiro convidado.
- Vai nada! A família já está toda lá.
- Ela já chegou?
- Já...
- Ok ... Vamos então. - Nós vamos até o carro do Owen.
- Mano, ela está acompanhada.
- Sério?
- Sim. O Benjamin veio. Acho que você tem que esquecer essa história. Já foi né? Faz tempo.
- Eu tinha um combinado com ela. 5 anos. Nós íamos conversar depois de 5 anos.
- Ela não parece lembrar disso. Desculpa cara, não quero acabar com a sua esperança. Mas ela não viria acompanhada se tivesse intenção de voltar com você.
- Eu preciso conversar com ela.
- Ok, conversa com ela. Mas não tenha muita esperança.
- Você é um péssimo irmão.
- Sou realista!
- Estraga prazeres.

Espero que ele esteja errado.

...

Quando chegamos na casa tem tanta gente que é difícil encontrar algum rosto conhecido. Kitty é muito mais popular. Logo escuto sua risada e sigo o som. Você está ao lado dele , conversando com a Margot e o noivo dela. Todos estão rindo  de alguma coisa que o Benjamin falou. Eu observo de longe sem ser notado. Tem muitas pessoas entre nós. Mas eu sinto uma eletricidade passar pelo meu corpo. Sinto meu estômago de revirar como não sentia a muito tempo. Seu efeito sobre mim não mudou. Você encontra meus olhos e paralisa. Os outros não perceberam. Você olha em volta, talvez para checar oque estão conversando. Isso significa que chamei sua atenção? Você me olha de novo e depois desvia o olhar novamente. Fico olhando por um tempo mas você volta a conversar como se nem tivesse me visto.
- Peter! Que bom que veio!- Kitty me surpreende com um abraço apertado. Eu retribuo e giro ela no ar como sempre faço quando nos encontramos. Nesses últimos anos eu sempre estive em contato com ela graças ao Owen. Eles dois sempre vão em casa me visitar.
- Eu não perderia esse dia por nada!
- Eu sei!- Ela me dá um beijo na bochecha e sorri.- Então, oque achou?
- Está tudo incrível!
- Você tem que provar isso aqui!- Ela pega minha mão e começa a me levar para um lado oposto ao que você está. Eu olho uma última vez antes de ir para o outro cômodo. Você está abraçando ele. Os dois parecem felizes. Acho que essa é a única resposta que eu vou ter hoje.
- Aqui tem os petiscos. Jajá vamos abrir o buffet, o bolo só as 00:00. Então você vai ter que esperar!
- Então vou comer. É oque me resta.
- Já volto!- Kitty se afasta e eu fico ali ao lado da mesa de petiscos. Eu devia mesmo ter trazido alguém. Essas festas sempre são esquisitas. Ainda mais se tratando da irmã da sua ex. Eu resolvo beber um pouco pra passar o tempo. Whisky tem me acalmado ultimamente.
- Peter!
- Matt. Que bom te ver!
- Fico feliz de te ver também garoto. Eai, como andam as coisas?
- Ahn... Indo.
- Como está no banco?
- Ah, o mesmo de sempre, gerenciar contratos, negociar com os caras que tem dinheiro é bem fácil. Não traz muitos desafios.
- E está supervisionando o time juvenil do colégio ainda?
- Aos fins de semana eu dou treino complementar. Tem sido divertido. As crianças são muito empenhadas.
- Legal. E, você não pensa em assumir o lugar do técnico? Ele está pra se aposentar.
- Não sei. O dinheiro é uma questão. O banco é uma fonte de renda ótima. Mas as crianças me dão vontade de trabalhar. Estou meio dividido. Por enquanto fazendo os dois está muito bom.
- Mas assim você não tem tempo pra quase nada.
- Matt, eu, não tenho muita coisa pra fazer com meu tempo livre. Estou sozinho. Então é melhor trabalhar. Pelo menos consigo distrair a mente.
- Sabe filho, você tem que seguir em frente.- Matt segura meu ombro com uma das mãos e seu olhar é de pena.
- Eu, tô tentando. Mas não tem ninguém igual a ela...- Eu bebo o whisky enquanto penso sobre isso.
- Nunca vai encontrar ninguém igual a ela. Por que cada um é único. Tem que parar de procurar alguém igual a ela. Eu não sei oque aconteceu com vocês dois. Mas infelizmente acabou filho. Se continuar assim preso ao seu passado vai adoecer.
- Tem razão... Obrigada.
- Gostou do whisky?- Ele mesmo se serve de uma dose do whisky enquanto fala.
- Ele é muito bom.

Eu fico aqui por um tempo, bebo mais algumas doses do whisky e depois alguns copos de chopp. A hora passa devagar. Eu converso com alguns convidados. Alguns são amigos do Owen que eu me lembro de ter visto pela cidade. Alguns são da sua família. Margot também veio falar comigo um pouco. Não que tenhamos muito pra conversar. Mas ela pelo menos tentou. Mas você não apareceu. Eu termino de tomar o chopp e vou andar um pouco. Parece que bebi um pouco mais do que devia. Estou meio tonto. Olho em volta e te vejo sentada jogando cartas com um grupo que não conheço. Paro próximo a você e espero. Você me olha e levanta uma sobrancelha. Eu faço sinal pra você me seguir, dou as costas e subo. Vou para o seu quarto. Que se dane se alguém ver. Não tem ninguém nesse andar. Exceto por um rapaz que acabou de entrar no banheiro. Eu sento na sua cama e espero. Demora um tempo e você não sobe. Eu pego meu celular e busco seu contato.

" Precisamos conversar. Estou aqui em cima."

Espero mais um pouco e nada.

"??"

" Desça. Vamos conversar aqui."

Eu respiro fundo.

" Você me deve isso. Estou esperando aqui."

Escuto alguém subindo a escada e me arrumo. Então você entra. Está tão diferente. Cortou os cabelos, agora estão na altura dos ombros. Seu rosto não é mais um rosto de menina. Agora você é uma mulher. Está linda em um vestido bem decotado. Algo que nunca vi você usar. E esse vestido mostra bem cada curva do seu corpo.
- Estou aqui.- Você parece brava. Porque está brava?
- Oque... Porque está brava?
- Não estou brava. Só acho que não precisava disso.- Você fecha a porta mas não se aproxima de mim.
- A gente combinou isso.
- Peter, em 5 anos muitas coisas mudam.
- Então você me esqueceu.
- Eu não esqueci ninguém. Mas nossa história acabou. Eu estou bem e feliz com o Benjamin. E, você fazendo isso agora é muito... Sabe se ele perceber que eu vim falar com você posso ter muitos problemas.
- Eu não tô nem aí pra ele. Ele me tirou você. Por causa dele nós não estamos juntos.
- Você escolheu isso. Você não quis tentar. Por sua causa nós não estamos juntos. Eu estou feliz. Sou amada. Ele é bom pra mim. Não estrague isso por favor.
- Desculpa... Não quero atrapalhar nada. Só queria conversar. Nós combinamos isso.
- Ok. Então, como combinado eu vivi minhas experiências. E elas me levaram pra longe de você. E eu estou bem.
- Ok...- Cada palavra que você diz é como uma faca afiada transpassando meu coração. Como sua voz tão doce pode me quebrar tão facilmente? - Mas em momento nenhum eu escutei você dizendo que não quer ficar comigo. É isso então? Você não quer ficar comigo?
- Peter pelo amor de Deus eu estou com Benjamin. Ele me pediu em casamento.

Esse foi o golpe final. Nesse momento o último pingo de esperança que eu tinha foi arrancado. Senti vontade de vomitar. Ele está roubando você de mim e não existe nada que eu possa fazer. Eu engulo o choro, não quero ser fraco assim pra você ver o quanto suas palavras me afetaram. Eu levanto e me aproximo de você.

- Espero que seja feliz com ele. Adeus Lara Jean...- Eu abro a porta e saio. Estou tão tonto que parece que os degraus estão se movendo. Eu desço as escadas e vou direto pra ele. Fazer oque eu devia ter feito a muito tempo atrás. Ele está conversando com a Margot e o noivo dela. Todos ficam dando risada das coisas que ele diz. Como se ele fosse a pessoa mais engraçada do mundo. Ninguém sabe que ele te roubou de mim. Ele me vê chegando mas antes que ele possa se defender eu dou um soco bem no meio do olho dele. Ele cai eu eu subo em cima dele.
- Seu desgraçado! Eu devia ter feito isso no dia em que você roubou aquele beijo dela!- Eu dou tantos socos que sinto minha mão arder. Algumas pessoas começam a gritar e alguém tenta me tirar de cima dele mas eu continuo. E ele não revida. Então eu percebo que ele não está revidando porque está desacordado.
- Para Peter!- Escuto sua voz e o desespero nela. Então eu paro.
Merda. Oque foi que eu fiz?

Para todos os garotos que já amei: Futuro incertoOnde histórias criam vida. Descubra agora