Tokyo, Japão.
Dezembro, 1996.
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A neve de final de ano anunciava a chegada do natal. Para muitas famílias aquela data tinha o significado de celebração, festa, presentes e uma família feliz. Para a minha significava que meu pai estaria em casa.
Já era de noite em Tokyo, como sempre minha mãe preparava o jantar. Naquela noite, meu irmão estava atrasado, então estava apenas eu e ela em casa esperando ele chegar, já que meu pai normalmente chegava tarde da noite e não se juntava a nós para comer. Mas, naquele dia ele veio.
Quando o homem adentrou a sala, minha mãe foi a primeira a avista-lo, e eu pude vê-la tremer dos pés a cabeça, a mesma olhou para mim e respirou fundo sorrindo amarelo.
Ela atravessou a sala e foi em direção ao homem. Eu finalmente me virei para vê-lo, ele estava bêbado, tive certeza disso assim que o vi.
Eu não ouvia o que eles falavam, estavam longe de mais para mim ouvir a conversa. As memorias daquele dia ainda eram confusas pra mim, lembro de o ver chegar, de saber que estava bêbado pelo seu jeito de andar, e a próxima coisa que lembro é dele partindo pra cima dela, e minha mãe me mandar para o quarto.
Não houve tempo de eu me virar para ir para meu quarto, quando ouvi o barulho de algo se chocando contra o chão e ela gritar para que a solta-se. Quando me virei para ver o que estava acontecendo, ele já estava em cima dela, a enforcando com as mãos. Ela se debatia e segurava os pulsos do homem tentando afastar a palma de suas mãos do pescoço dela a procura de ar.
Ele a estava mantando...
Naquele momento eu não lembro no que eu pensava, se pensava em algo. Não lembro se gritei, e nem como criei coragem para pegar a faca do aparador que tinha em cima do balcão e pular em cima dele, atravessando a faca na sua garganta de um lado ao outro.
Quando ele caiu morto no chão, tirei seu corpo de cima de mim e fui de encontro a minha mãe. Lembro de chacoalha-la varias vezes, do tilintar da faca com o piso quando a soltei ao perceber que a mulher estava morta. Ele havia deformado seu rosto no soco, era praticamente impossível identifica-la.
Minha respiração irregular era o único barulho no local, e minhas lagrimas descompassadas que iam de encontro ao chão era a única coisa que mostrava que eu estava viva. Eu me encostei na parede ao lado do corpo da minha mãe, contornei as pernas com os braços e escondi a cabeça.
Não sabia quando tempo havia se passado, minha mente estava desligada do mundo a fora. Só percebi o passar do tempo quando um grito estridente junto ao barulho da porta da frente se abrindo ecoou pelos meus ouvidos. Meu irmão havia chegado.
Não demorou muito para toda a vizinhança cercar a casa, e os policiais chegarem junto a ambulância. Não lembro do que aconteceu naquele meio tempo, entre hospital e o centro policial onde tentaram me interrogar. Sim, tentaram, porque eu não conseguia dizer uma palavra, então desistiram. A próxima coisa que lembro daquele dia, foi quando sai da sala de interrogatório e meu irmão apareceu na minha visão, me perguntando o que tinha acontecido, porque eu tinha matado nossos pais.
Eu tinha matado nossos pais ? Eu tinha matado nosso pai, que matou nossa mãe. Não que eu tenha dito isso a ele, afinal eu era uma criança e não tinha digerido as ultimas horas. Lembro dos policiais tirando ele de cima de mim e dos médicos injetando o sedativo no meu irmão.
Aquela foi a última vez que vi meu irmão, depois daquilo os policiais que me levariam para o "orfanato", me colocaram no banco de trás de um carro e me levaram para um homem, que hoje, depois de quase seis anos, sei que era um contrabandista que vendia crianças para as famílias poderosas da máfia, foi naquele lugar, em uma grande festa de gala, onde fui comprada pelo senhor Ryuki, e foi lá, onde tive pela primeira vez, contado com o pior lado do mundo, a máfia.
Uma semana depois que fui comprada pelo chefe da família Ryuki, eu sabia que morreria, ou esperava por isso, na verdade eu ansiava por isso. Eu havia sido colocada junto a mais cinco jovens em uma ala da casa, onde todos os dias éramos testados de maneiras diferentes, drogas, manuseio de facas, armas, assassinato, no final do primeiro ano, apenas duas das cinco crianças estavam vivas, e infelizmente, uma delas era eu.
Assim que o primeiro ano se fechou, eu e a outra criança que havia sobrevivido aos "treinos" fomos mandados para um colégio interno onde metade do dia estudávamos conteúdos normais, e a outra metade éramos treinados junto a outros jovens que assim como nós dois, haviam sido comprados pelas suas família. Junto a nós, as "propriedades" estavam os herdeiros, os filhos das famílias mafiosas a qual nós servíamos, e pela qual matávamos durante a noite.
Mais um ano havia se passado, e o outro garoto que havia entrado comigo para servir aos Ryuki tinha morrido, em uma das missões de assassinato ao qual ele foi enviado. Eu não lembro seu nome, já que ele morreu um mês depois de ingressar na "academia". Naquele mesmo ano, eu já havia entendido o jogo que acontecia entre aquelas pessoas. Umas usavam as outras, em um grande tabuleiro de xadrez, montado com mentiras e falsidades.
Não confie em ninguém.
Todo mundo pode trair todo mundo.
Meus anos na academia me deram, além de um ensino avançado, a habilidade de saber quando mentem, e me ensinaram a não confiar em ninguém cegamente, pessoas traem, é natural humano trair as pessoas ao seu redor.
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𝐎𝐔𝐑 𝐅𝐔𝐓𝐔𝐑𝐄 𝐈 | 𝙏𝙤𝙠𝙮𝙤 𝙍𝙚𝙫𝙚𝙣𝙜𝙚𝙧𝙨
FanfictionNo Japão, as gangues de motoqueiros comandam as vias do país, em sua grande maioria sendo de adolescentes rebeldes que só querem caçar encrenca nas ruas, mas as ruas começaram a mudar, e se tornarem perigosas. Mahina, uma adolescente de 16 anos...