Depois de ter saído da igreja a correr, entrei num bar próximo, um pouco sujo, mas a mim pouco me interessava, eu só queria beber até esquecer tudo.
Encontrei um velhote, já com uma idade bastante avançada, este parecia vender algo.
Lembro-me de me aproximar deste e este vendeu-me umas pequenas bombas penso eu, ilegais.
Com o meu enorme nível de bebedeira, quis exprimentá-las, e lancei-as para o meio da estrada.
Lembro-me de me rir e rir sem parar, mesmo sabendo que nada do que eu estava a fazer, tinha piada.Já no dia seguinte, eu dormia deitada de costas no beliche de baixo, com um pequeno formigueiro na garganta, talvez da vodka de ontem.
E é provável que eu não acordari a tempo para a terapia se o Tyler não me tivesse chamado ás oito horas com três batidas rápidas, mas simples na porta.
Quando ele abriu a porta e a luz da manhã invadiu o quarto, virei-me para o outro lado.
"Preciso que vão ao pavilhão gimnodesportivo" ele diz direcionado a mim e a Zayn "Já" ele acrescenta com uma devida urgência
Semicerrei os olhos na direção dele, pois Tyler estava contra luz e mal se via devido ao sol demasiado brilhante da manhã.
"O quê que se passa?" ouço Zayn a perguntar ainda sonolento
"Aconteceu uma coisa terrível" ele diz por último
Tyler saiu do quarto com uma certa rapidez e logo consigo ouvir Zayn no beliche de cima.
"Isto já aconteceu há dois anos. Quando morreu uma funcionária.Cheira-me que agora é o porteiro velho do centro"
Agarrei num par de leggins de ganga e uma camisola cor de pêssego e fui me vestir á casa de banho, quando de lá saí, Zayn ergueu o olhar para m, com os olhos semi-abertos e bocejou
"Pareces um bocado ressacada" ele observou "Foste beber?"
"Sim, estou com ressaca e sim fui beber, se não, não estaria com ressaca não achas?"
"Como queiras" ele suspira "Vamos embora"
Atravessámos o círculo dos dormitórios até ao pavilhão gimnodesportivo. Não vi o porteiro, coitado do velho, imaginei-o morto na sua casa.
"Náo vejo o porteiro" disse eu a Zayn
"Pobre coitado"
Quando chegamos, o pavilhão estava a metade da sua capacidade. Sentei-me na segunda fila com Zayn ao meu lado.
"Foi desta para melhor" Zayn inclina-se para me dizer
Ri um pouco, embora nestas ocasiões, não era a coisa mais sensata de se fazer.
Mas, não me passou pela cabeça, quando vi o porteiro a entrar no pavilhão a arrastar os pés, dando passos curtos e lentos em direção ás bancadas.
"Zayn..." chamo "Está ali o porteiro" digo
"Oh, afinal não foi desta" ele ri
"Merda!" grito
"O que foi?' ele pergunta
"Onde está a Mandy?"
"Não..."
"Porra Zayn, ele está cá ou não?"
E foi então que nos levantamos os dois, á procura, vagueando o nosso olhar pelo pavilhão.
O diretor do centro subiu o 'palco' improvisado e perguntou
"Está cá toda a gente?"
"Não" disse-lhe eu "A Mandy não está cá"
O diretor baixou os olhos "Todos os outros estão cá?"
"A Mandy não está cá!" grito novamente
"Está bem, Mia. Obrigado"
"Não podemos começar sem ela"
O diretor olhou para mim. Ele estava a chorar, sem fazer barulho. As lágrimas escorriam-lhe dos olhos para o queixo, caindo lentamente no papel que este segurava nas suas mãos que tremiam.
"Por favor, senhor" começo "Podemos, por favor, esperar por Mandy?"
Consegui sentir os olhares de todos ali presentes a fitar-me a mim e a Zayn
O diretor baixou os olhos e mordeu o lábio inferior
"Ontem á noite, a Mandy Evans, sofreu um acidente terrível" as lágrimas começaram a escorrer-lhe mais depressa "E morreu. Mandy faleceu, Mia"
Por um momento, fez-se silêncio no pavilhão, e aquele sitio nunca estivera tão sossegado.
Levantei-me e fui a correr lá para fora. Apoiei-me num caixote de lixo, no exterior do pavilhão.
Mandy não está morta. Está viva. Está viva algures. É isso ela está escondida e não está morta. Está só a pregar-nos uma partida.
É a Mandy a ser Mandy engraçada e divertida que não sabe como carregar nos travões da diversão.
Vi Harry, os seu terapeuta, de cabeça enterrada entre os joelhos, enquanto soltava soluços. Uma rapariga, chamada Jane, que era uma amiga de Mandy, chorava agarrando nos seus cabelos ruivos. Kevin, um rapaz conhecido de Mandy, estava vermelho, sem ar.
Todas estas pessoas, todas elas a desintegrar-se. E foi então que vi o Zayn, o melhor amigo da Mandy. Com os joelhos aconchegados ao peito, sentado no chão das bancadas.
Ele gritava. Inalava e depois gritava. Inalava. Gritava. Inalava. Gritava.
De início, pensei que ele apenas gritava. Mas passados alguns folêgos, reparei num ritmo. E, passados mais alguns, aprecebi-me que ele estava a pronunciar palavras.
"A culpa é toda minha!"
Uma funcionária agarrou-lhe na mão e falou
"A culpa não é tua. Não podias ter feito nafa"
Eu estava paralisada, sem saber o que fazer ou o que pensar, até que senti uma mão no meu ombro, era k diretor.
"Lamento"
"O quê que aconteceu?" pergunto com pequenas lágrimas
"Pelos vistos ela ia a sair do casamento do Niall, pelas traseiras, uma vez que era a única saída com rampa para cadeiras de rodas, e algum idiota estava a mandar bombinhas para a estrada e acertou num dos pneus dum carro que acabou por atingir Mandy"
E foi aí. Aí que eu percebi tudo. Fui eu. Eu matei-a. A culpa é toda minha. Eu matei a única amiga que eu tinha.
Conseguia ainda ouvir os gritos abafados de Zayn, o choro intenso de Harry e os soluços de Jane.
Os meus joelhos fraquejaram e acabei por cair no chão.
Senti a minha cabeça ás voltas, como se o sangue tivesse subido á minha cabeça.
Levei os meus dedos aos meus cabelos puxando-os com força para esquecer toda esta dor. Mas tudo foi em vão.
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Comentem o que acharam deste capitulo :)
Obrigada por todo o apoio,
vodkaniallz
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The Untouchable Girl || n.h.✔
Fiksi PenggemarMia Payne, é a rapariga intocável, não suporta que lhe toquem, um problema indiscutível aos olhos das pessoas que se autotitulam 'normais' , Mia sofre por ser 'diferente' dos restantes jovens da sua idade e frustada por causa do seu problema, esta r...