19 - a conversa.

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pov : daniel

eu estava agora deitado no chão, meio desorientado, mas dentre de poucos minutos com certeza iria ficar bem.

"cê é louco menino?" jaime falou andando rápido em minha direção.

não respondi.

"gente calma né, todo o mundo faria o mesmo, ele foi mais rápido." cirilo falou na tentativa de me salvar. "ela é nossa amiga."

"será que foi só por isso cirilo?" majo falou.

impressão minha, ou ela estava falando com ele sem o insultar?

quando percebi estava toda a turma do carrossel (menos valeria e nina) em meu redor. alan tinha ido chamar senhor campos.

comecei a me sentir um pouco mais orientado, e percebi que minha voz estava de volta.

"onde ela está?" consegui falar, meio baixo, me sentado.

"como assim onde ela está? como VOCÊ tá." paulo meio que gritou.

"se fosse pela alicia você faria o mesmo paulo." jorge me defendeu.

majo falando bem com cirilo, jorge me defendendo? acho que morri realmente.

senhor campos apareceu, me tirando dos pensamentos doidos.

"jovem, jovem! você está bem?" ele falou, jaime me ajudou a levantar.

"ótimo, apenas um pouco molhado." falei, tentando ser convincente.

"vem comigo rapaz, vou te dar uma toalha e um chá quente."

o segui, chegamos na sua salinha.

"aqui." ele disse me entregando a toalha, e começando a tratar do chá."

até ele acabar de preparar o chá, tivemos um grande silêncio constrangedor, até que ele o quebrou.

"que ato de coragem, meu rapaz."

"ah, todos fariamos o mesmo. nina é uma grande amiga." fiz um sorriso um pouco falso.

"amiga, é mesmo?"

"é sim." o meu tom ficou um pouco mais desanimado.

"sabe, nina me parece uma jovem muito inteligente, e você também."

não entendi o que ele queria dizer com aquilo.

"se a gente não corre atrás daquilo que quer, a gente provavelmente nunca o terá. nenhum de nós nasceu para ser íman e atrair o que quer na vida."

entendi agora onde ele queria chegar. estas palavras teriam provavelmente saído da minha cabeça se os próximos segundos fossem diferentes.

ouvi a porta a abrir. era nina, ainda com o cabelo meio molhado, e também com um chá na mão.

"com licença senhor campos, posso falar com o daniel?"

"claro que pode."

o senhor se levantou, tocando no meu ombro. depois sussurrou algo como:

"por falar no diabo." e riu de leve.

nina se sentou onde estava senhor campos anteriormente.

"oi." ela disse.

"oi." sorri.

nina ficou com uma cara pensativa.

"me desculpa" dissemos em coro. rimos.

seu riso não tinha ficado nem um pouco menos angelical de nossa discussão.

sabia que agora vinha a pior parte, a conversa.

carrossel : novos começos. [daniel zapata] Onde histórias criam vida. Descubra agora