Rob demorou algumas horas para poder acordar. Sentiu gosto de sangue logo que despertou. Quando recobrou totalmente a consciência, percebeu que estava dentro de uma cela.
Era um lugar seco e escuro. As grades típicas de uma prisão, eram de cor negra, bem como as pedras das paredes e do chão.
As celas pareciam ficar lado a lado num extenso corredor.
Da cela de Rob ele podia ver uma porta, e uma mesa com alguns objetos largados sobre ela. Não viu nenhum guarda.
- Art – ele pensou imediatamente no amigo. – Art você ta ai?
- Ah, até que fim acordou. – ele respondeu da cela ao lado – Pensei que eles tinham apagado você definitivamente.
- O que foi que houve?
- Knil e Sugam nos encontraram. Eu estava desarmado. E afinal de contas, precisávamos vir para o castelo.
- Então estamos no castelo de Pierd!
- É isso aí. Agora só temos que dar um jeito de sair daqui, pegar o dinheiro e dar o fora.
- Muito bom, um plano muito simples. Agora, como é que vamos fazer pra sair daqui mesmo?
- Ainda não pensei em nada, mas não vai demorar muito. Porque você não derrete essas grades?
- Ta bom! Tem algum outro jeito? Algo que obviamente não chame a atenção de todo o exercito eskiller?
- Ei, não fique nervoso comigo. Foi àquela sua amiga Elfo que mandou a gente procurar alguém que não existia.
Os dois ficaram calados por algum tempo. Nada no plano que fizeram saiu como queriam.
- Estou com fome! - Art declarou depois de um tempo calado
- Devia ter tomado da sopados elfos. Eu estou ótimo.
- Eu também estou bem, com meu intestino intacto.
- Engraçadinho. Acho que na minha bolsa tem alguns biscoitos. Ei, onde está minha bolsa?
Rob agora reparara que estava sem seus pertences, e ainda trajava roupa de mensageiro eskiller.
- Estão lá na frente.
Artapontou para a mesa que Rob vira, outro lado do corredor, à pelo menos oito metros de distância. Os guardas não encontraram nada dentro dela, à não ser um chapéu velho e alguns livros sem importância.
- Ah, ótimo. Acho que dessa distância não terei problemas.
Art se aproximou mais das grades da cela para ver o que o sórcere estava fazendo. Rob colocou quase que todo o braço para fora da cela e soltou uma rajada de vento em direção à mochila que chacoalhou um pouco, depois levitou.
- Eu não acredito que estou aqui – ele disse tentando se concentrar – eu deveria estar aguardando um julgamento sórcere, não um eskiller.
- Ei sórcere, caso tenha esquecido, está usando roupa de mensageiro eskiller, e foi pego andando com um traidor da raça, será julgado com o um traidor também.
Rob engoliu em seco e, com o mesmo movimento anterior, ele soltou outra rajada de vento para fazer o objeto flutuar em sua direção.
- Fantástico!! Terá que me ensinar isso depois.
Mas Rob não ouviu. Mexeu em sua bolsa novamente para verificar se estava tudo em ordem.
- Ah que bom. Está tudo aqui: A tenda, minha roupa, a sela dos cavalos, meus livros, minha espada...
- Ei, como guardou tudo isso ai dentro. Eu vi quando revistaram procurando sua espada. Pensei que, como você materializava não precisava carregar ela por ai.
- A magia Elemental não nos permite ‘criar’ coisas do nada, mas transferir a energia de algo que já existe. Eu só transfiro o material de espada de dentro da minha mochila, para fora.
E a bolsa é feita de um material especial. Preciso me concentrar no que quero encontrar para poder pegar. E posso guardar o que quiser aqui dentro, não importa o tamanho.
- Ah sim!! – era óbvio que Art não entendera muita coisa, mas não estava querendo pensar em magia sórcere naquele momento.
- Aqui está... Pegue.
Rob colocou a mão para fora novamente e atirou para a sela de Art um dos biscoitos que Sirimath havia lhe entregue.
- O que esse troço vai fazer comigo?
- Não faço a mínima idéia. Mas certifique-se que na sua sela tem uma fossa.
Os dois riram. Mas seus risos pararam quando ouviram a voz de alguém que não conheciam.
- Eu não estou achando graça nenhuma. E tenho certeza que caçoar de magia élfica é considerado crime em muitas sociedades.
A imagem de uma mulher com cabelos negros muito compridos, usando um vestido branco longo, com mangas também longas que cobriam as mãos. Tinha uma pedra azul em sua testa, e seus olhos eram brancos, como se não tivesse iris ou pupila.
- Pode ser moça, mas se não reparou, já estamos presos. Já somos considerados criminosos. – Art zombou.
- Você sabe melhor que eu que isso pode ser mudado eskiller. – Ele parou de rir.
- Desculpe, mas quem é você? - Rob estava curioso.
- Essa pergunta pode ser respondida de várias formas rapaz. Já se perguntou quem é você? – ela sorriu. Estava falando com Rob, mas não o estava olhando. Seu olhar parecia distante – mas meu nome é Lever Sohlo. E eu existo sim, caro eskiller Art.
Art corou muito. A visionária realmente existia, não era uma invenção da Elfo.
- Mas Lever, porque só apareceu agora? Não nos ajudou enquanto estávamos no seu castelo.
- Ora, e se me prendessem também quem iria vir soltar vocês? Agora vamos, não temos tempo a perder, sigam-me.
Ela deu alguns passos para poder sair. Rob segurou duas barras de ferro da grade e balançou-as na esperança que saíssem, mas nada aconteceu.
- Não podemos sair. – Ele implorou.
- Nunca diga o que não pode fazer Rob.
Ela não se virou para olhá-los, mas moveu a mão e todas as celas se abriram. Art e Rob saíram sem acreditar no que aconteceu. Quando eles olharam para a porta, não viram mais Lever, mas dois guardas eskillers que provavelmente, estavam responsáveis por guardar as masmorras. Rob já ia materializar sua espada, quando os dois guardas estavam desmaiados e Lever estava parada atrás deles.
- Vocês vem ou não?
Os dois rapazes andaram o mais depressa que podiam atrás de Lever. Não queriam que ela desaparecesse novamente.
Tomaram cuidado ao passar pelos guardas desmaiados.
Rob empunhou a espada e eles subiram as longas escadarias do escuro castelo de Pierd.
Parecia que as masmorras estavam à muitos metros abaixo no chão. Mas eles não foram surpreendidos por mais nenhum guarda durante o caminho, até chegarem ao que parecia o salão principal do castelo.
Era enorme, com vitrais escuros nas janelas.
- Art, vá buscar o dinheiro – se Rob não o lembrasse, o eskiller provavelmente não recordaria de pegar o dinheiro para recuperar sua espada.
Os dois deixaram Lever por um instante e subiram mais pelas escadarias do castelo, indo à direção do quarto de Art. Procuravam fazer o menor barulho possível.
Quando chegaram ao quarto, Rob ficou espantado ao ver que o quarto de Art era maior que toda a sua casa. Era muito amplo, arejado e os raios de sol entravam com facilidade pela enorme janela em sua extremidade. Rob chegou mais perto para olhar para fora. Seu corpo tremeu, e ele mal conseguiu falar.
- Art, acho melhor você ser muito rápido com isso.
- Porque sórcere?
Art também se aproximou da janela e viu centenas de soldados caminhando na direção do castelo de Pierd. Eles usavam caracteristicas vestes nas cores vermelho, azul, verde e amarelo. Sem dúvida alguma, eram sórceres.
- Porque a gente sempre está no meio das brigas? – Art deu um soco no AR – bem agora que estou sem minha espada. Venha sórcere, vamos sair depressa.
Rob novamente seguiu Art, agora escadaria abaixo, procuraram por muitas saídas, mas parecia que todas estavam bloqueadas por guardas. Fizeram muito esforço para não serem vistos. Então, encontraram Lever.
- Onde é que vocês estavam?
- Lever, os soldados... Estão vindo – Rob pareceu não ouvir a pergunta, e também não viu a reação de medo que esperava de Lever.
- Vamos sair daqui, essa briga não é nossa.
- Espere! Se vamos lutar, irei com minha capa.
Rob pegou a desgastada capa branca dentro da mochila e jogou sobre os ombros, ele definitivamente não estava acostumado com o confortável uniforme eskiller.
- Agora vamos.
Eles saíram pelos portões da frente do castelo, depois que Lever fezos vários soldados que estavam ali desmaiarem sem ao menos tocar neles.
Mas era tarde demais. O exército sórcere já atingira os limites de cidade.
- Meu caros irmãos sórceres – Art deu um passo a frente, falando bem alto – não queremos a guerra. Não sabemos o motivo de trazerem seus exércitos até nós. Não iremos lutar. De modo que, àquele que queira lutar, já fique ciente não terá a nossa reação.
O exército inteiro parou e tudo ficou silencioso por um momento. Art virou-se para Rob, dando as costas para o exército sórcere rindo-se de seu feito, e Rob percebeu uma algo cortavando o céu, em direção à Art. Ele atirou-se sobre o eskiller e uma flecha prendeu sua capa ao chão.
- Er, ta certo. Deixa a capa para lá.
Rob despiu a capa novamente e empunhou a espada.
O exército voltou a marchar mais rapidamente na direção de Rob, Art e Lever.
Vários homens de capa vermelha foram na direção de Art, e com espadas flamejantes tentavam acertar o jovem eskiller, que só podia desviar de cada ataque.
Lever estava levantando grandes blocos de terra do chão e atacando em seus adversários. Enquanto Rob tentava manter uma barreira de AR que ele havia criado para manter os atacantes longe.
- Lutar é loucura. O que vamos fazer? – Art dizia aos berros enquanto desviava e atacava os membros do exercito como podia.
A salvação que Art estivera implorando veio rapidamente. Um exército de eskillers tão numeroso quanto o exército sórcere agora estava saído dos portões do castelo e pondo-se em posição de ataque.
- Espere. Tive uma idéia! Sórcere vem comigo! – Art estava ansioso! Parecia ter um plano que realmente valeria à pena.
Os dois voltaram em disparada para o castelo, deixando Lever no campo de batalho com os outros eskillers.
- Vou te contar, é muito estranho lutar contra os de meu povo. – Rob ofegava, mas não parava de seguir Art que o guiava por dentro do castelo eskiller. – Para onde estamos indo?
- Você vai ver logo, agora corra!
Eles subiram o que pareceram escadarias intermináveis. Passaram à frente de um salão que fizeram Rob se lembrar do grande salão de festas com um piano solitário no castelo de Harul. Será que a Princesa estava bem?
- Chegamos! – os pensamentos voaram da mente de Rob quando ele se deparou com um salão ainda maior.
Com certeza era o salão de festas do castelo, que tinha uma saída para o que pareceu ser uma varanda e outra para a sala real. Não havia nenhum guarda, pois eles pareciam empenhados na guerra do lado externo do castelo.
- E se nos encontrar-mos com Pierd? – Rob estava tremendo
- Do jeito que ele é, deve estar lutando com os guardas lá fora.
Eles atravessaram o salão, Art não contara a Rob qual o seu plano, mas ele parecia fazer algum sentindo quando eles chegaram ao salão real e Rob observou um aparato que estava protegido por uma estranha magia, flutuando no ar ao lado do trono de Pierd.
- O que é isso Art? – Rob apontou para o estranho objeto.
- Isso é o rastreador de magia Vital. Sempre que um sórcere usa magia Vital esse troço dispara e alguém é enviado para destruí-lo.
As palavras de Art fizeram Rob se arrepiar. Art pegou o objeto e ofereceu a Rob, como se o sórcere soubesse o que deveria fazer.
- O que foi?
- Vai lá, destrói essa coisa.
- Como eu faço isso?
- Eu sei lá! Só sei que magia eskiller não funciona.
- Art, isso é magia negra. Não conheço esse tipo de mágica.
- Sério? E agora?
Os dois ficaram calados por algum tempo. Mas Art pareceu ter outra idéia.
- Coloca na sua bolsa! Vamos achar um jeito de destruir isso mais para frente.
- Certo. – Rob parecia bem mais animado agora. Ele pegou a estranha esfera negra e colocou dentro da bolsa, que surpreendentemente não ganhara volume algum.
- Muito bem. Agora podemos nos tele-portar sem maiores problemas. Jamais vão nos detectar.
Rob parecia ansioso para isso. Iriam sair dali finalmente. Eles iriam para a aldeia dos Elfos entregar o dinheiro, recuperar a espada, depois se tele-portariam para a Princesa Harul e estaria tudo acabado.
_________________________________________Espero que estejam gostando da história. Deixem seus comentários e votos à vontade. Estou totalmente aberto a críticas.
O livro não passou por nenhuma revisão gramatical profissional, ao perceberem os erros, por favor, avisem para eu poder corrigir.
Boa leitura.
Abraços
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ATTAIN - A lenda do tesouro perdido
AventuraDescubra com Art e Rob um mundo dominado pela magia e criaturas fantásticas onde o desejo de poder ameaça destruir a paz entre dois povos. O tesouro de ATTAIN precisa ser protegido a todo custo.