AOP - One Shots.

Kaiser ; Aposta

//fluffy, linguagem neutra. arte por @Kyuremiya no twitter.

Parecia um momento de tensão. Xingamentos e barulhos altos eram ouvidos de dentro da sala de pesquisa da Ordem, mais especificamente as vozes de Kaiser e Samuel. De repente, um grito de comemoração alto e Letícia saindo do corredor, estressada, com alguns papéis na mão.

— Ela saiu da sala até eles ganharem, passa para cá. — Tristan estendeu a mão para você. Vocês dois tinham apostado se Letícia ia sair antes ou depois dos dois ganharem a partida do jogo, e você tinha acabado de perder 10 reais.

— Ah, que inferno. Achei que ela ia aguentar menos... — Você tirou a carteira do bolso e entregou os dez reais na mão do moreno, com uma cara desapontada.

— O que cê tá fazendo aí parade? Tá esquecendo o resto da aposta? — Monteiro disse sorrindo de canto pra você, te empurrando com o cotovelo.

— Ai, aí, quê? Você tava falando sério? — Você olhou para ele, e ele realmente parecia estar falando sério. — Ah, qual foi Tristan! Larga essa, eu não vou falar com ele. Até porque, o Samuel tá lá dentro e eu não quer-

Mal tinha terminado a palavra quando Samuel passou do lado de vocês, com um saco de batatinhas na mão, acenando para vocês com um sorrisinho no rosto.

Olhou para ele e olhou para Tristan, perplexe com a situação. — Isso é armação! Falou com o Samuel?

— Eu? Eu jamais faria isso! Como pode pensar isso do seu próprio irmão? — Ele colocou a mão na testa fazendo drama. — Agora vai lá, vai! — Tristan disse te dando uns empurrõezinhos até a entrada do corredor.

"Só pode ser brincadeira." Você pensou, querendo se esconder na sala de Agatha ou na prisão e fingir que tinha falado com quem esperava na sala. A verdade é que você tinha interesse em Kaiser. Ele era inteligente, engraçado, bonito e forte de primeira vista e você queria conhecer mais do menino misterioso, mas não tinha coragem de chegar nele e perguntar sobre ou puxar assunto.

Você relutou para entrar naquela sala que era iluminada apenas pelos leds e monitores, mas entrou. Deu duas batidinhas na porta e viu Kaiser se virar despretensiosamente. Quando a visão do moreno te encontrou, a pose preguiçosa mudou e ele se sentou dignamente na cadeira, arranhando a garganta. — Você! Quer dizer- Ah, é você. Eai, o que tá fazendo aqui?

Vocês dois só tinham conversado profissionalmente. Sobre documentos e missões que participaram juntos.

Você enrolou um pouquinho, tentando achar um pretexto. — Ah, é que o Samuel saiu falando tão empolgado desse jogo aí, que me deu curiosidade! — Você sorriu, mas por dentro queria derreter alí mesmo e escorrer como água para fora da sala.

— 'Cê quer aprender a jogar Lol? Ó, eu não sou o melhor professor não, tô meio enferrujado... — Kaiser relutou para aceitar te ensinar. — Mas eu tento, pega a cadeira ali. — Ele virou a própria cadeira, de volta pro monitor grande.

Você suspirou aliviade, indo pegar a cadeira. Se sentou ao lado, abraçando as próprias pernas por pura mania. Kaiser olhou para você e pro jeito que estava sentado e você podia jurar que o viu segurar um sorriso, mas decidiu dizer para si mesmo que era coisa de sua cabeça.

— Tá, primeiro você escolhe um campeão, depois você entra na partida e escolhe por onde vai. — Ele começou a te explicar como começava a jogar e em algum momento você parou de prestar atenção nele e sim no que ele dizia, e começou a entender.

Quando você menos viu, vocês dois estavam jogando juntos, ambos se xingando e xingando os oponentes. Era impossível segurar as risadas com os xingamentos que Kaiser soltava ao longo da partida, eram um mais engraçados que o outro.

Quando finalmente ganharam a partida, você e ele se levantaram instantaneamente e quando você menos esperava recebeu um abraço dele. Durou pouco, já que ele te soltou, colocando a mão na nuca, por trás do cabelo grande que ele tinha, meio envergonhado. — Foi mal, ae. Me empolguei.

Você não segurou e abraçou ele, sem olhar pro rosto dele, claro. — Pode se empolgar mais se quiser. — Ouviu ele soltar uma risada meio nervosa mas logo ele te abraçou de volta, dando dois tapinhas em suas costas.

Vocês jogaram pelo resto do dia, sozinhos naquela sala. Gritando, se xingando e comemorando, nessa exata ordem.

Em algum ponto de tudo aquilo, você olhou pro relógio. Eram lá às seis e tanto da noite. Você jogou a cabeça para trás, descansando as costas na cadeira. — Já tá ficando tarde. — Você disse arrastado, não queria ir embora, mas Tristan logo apareceria dizendo querer ir para casa.

— Pior que tá mesmo, daqui a pouco o Arthur tá aí. Vamo saindo. — Ele disse já começando a desligar os monitores e você fez o mesmo. Vocês agora tinham um assunto em comum, iam fazendo as coisas na sala de computação e conversando sobre o jogo. Ele te explicava sobre os campeões e suas maneiras de jogo, e você opinava, dizendo o que achava sobre cada um, tirando dúvidas.

Ao sair do corredor, você ria enquanto ele contava o jeito que ele ganhava de Arthur e de Joui, esse último você tinha visto algumas vezes saindo do escritório de Veríssimo.

Vocês pararam um pouco afastado da mesa onde Tristan estava sentado, agora com Erin. Você evitou olhar para ele, porque sabia que inúmeras piadinhas e provocações iam vir do irmão depois que Kaiser se afastasse.

— É... Pega meu número. Eu tenho umas figurinha muito boa, tem da Sona mandando áudio. — Ele riu e você, por entender a piada, agora riu também. Ele te passou o número dele te mandou um oi, acompanhado de uma figurinha da Lulu. — Que amor! — Você riu, olhando para ele, vendo ele sorrir fraco também. Era um sorriso bonito, por mais que não fosse muito grande e quase imperceptível.

Se despediu dele e foi para perto da mesa, acenando pro menino, que subia pro bar, acenando de volta.

Assim que ele sumiu de vista, você olhou para frente, dando de cara com Tristan, apoiado nas mãos, olhando para você, enquanto Erin sorria do lado. — Ah não...

— Eai, baixinhe. Tava divertido seu encontro? — Ele disse levantando as sobrancelhas. Erin riu vendo você com as bochechas vermelhas. — Para de perturbar elu, Tristan! Mas eai, conversou com ele? — Ela disse empolgada por você.

— Não era um encontro, Tristan. E é, conversei. Ele é legal... — Ele escondeu as bochechas com as mãos, apoiando os cotovelos na mesa.

— Não tô pronto para ver você namorando! Cresceu tão rápido! — Tristan continuou com o drama, dessa vez fingindo limpar as lágrimas.

— Como a Beatrice te aguenta, ein? — Você perguntou, rindo, deitando a cabeça na mesa para esperar os dois terminarem os trabalhos.

Agora, não mais visível pro resto, você tinha um sorriso enorme. Sentia um frio na barriga e as pernas não paravam de se mexer no apoio da cadeira, lembrando das piadas e dos momentinhos que teve jogando com Kaiser. Parecia idiota, mas para você, foi um dos melhores dias possíveis.