Gal-Sal ; Companhia Favorita

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Fluffy/Angst fraco

// linguagem neutra

O orfanato andava quieto, alguns existidos aqui e ali, mas nada da ação, nada da matança e nada dos famosos marcados. Desde que Kian tinha retornado, nada de interessante tinha acontecido, já que o tal citado, tão poderoso Kian estava impotente. Você agora estava com mais coragem para enfrentá-lo, já que tinha visto Boris, um dos novatos, fazer o mesmo umas três ou quatro vezes.

Os novos recrutas pareciam ser fortes, tinham sido recrutados pelo próprio Gal, escolhidos a dedo, como se fossem uma espécie de marcados do outro lado. Por falar em Gal, você não o vê faz uns dias, desde que ele entrou na biblioteca, ele não sai mais de lá, lendo documentos de rituais e aprendendo a cada dia mais, transcendendo a todo tempo e tendo cada vez mais contato com o paranormal. Você sabia que uma hora aquilo ia fazer mal para ele, mas ainda não tinha tido a coragem e o impulso que precisava para entrar naquele lugar.

-  Aí, você. Tu é de perto do Gal, né? - Artemis disse se aproximando com as mãos no bolso, olhando nos seus olhos.

- Acho que sim. - Você olhou de volta para ela, com suas pupilas esbranquiçadas.

 - Acho que 'cê devia dar uma olhadinha nele, viu? A biblioteca parou de fazer barulho.

A garota de olhos cinzas saiu de perto, fazendo um sinal com a boca para seu gambá de estimação, logo sumindo de vista. Você esperou a mesma desaparecer completamente, e disparou em direção a biblioteca, com medo de algo do outro lado ter machucado Gal, mesmo sabendo o quão forte o moreno é, você ainda temia pelo amigo de infância como se sua vida dependesse disso.

- Gal? Gal? - Chamou pelo outro entrando na biblioteca escura. Andou pelos corredores, olhando para todos os lados, até chegar em uma área aberta, com algumas mesas de estudo enormes posicionadas com algumas cadeiras. Na última mesa, era possível ver, mesmo com a visão limitada pela falta de luz no local, uma silhueta escura sentada, com a cabeça abaixada na mesa. Devagar, você se aproximou, logo reconhecendo o cabelo escuro e grande, escorrido pelas costas do garoto pálido. - Gal... - Você o balançou e puxou uma cadeira, se sentando ao lado dele.

- Hmm. - Um resmungo foi ouvido, na voz metida do Sal.

- Vá dormir em um dos quartos, tem gente lá fora preocupada que o intermediário de Kian esteja morto, quer matar o Henri do coração ou algo do tipo? - Você riu, lembrando do quanto o garoto de cabelos marrons e sorriso psicótico era apegado no menino, desde que eram criancinhas fugindo para shows de rock.

Viu ele se levantar da mesa, se encostando na cadeira com os olhos fechados. A bandana preta estava na mesa, ele tinha tirado para cochilar. Virou o rosto para você, pedindo ajuda para pôr o pano sobre os olhos novamente, por pura manha e preguiça. Você sentia um certo privilégio por poder o ver tão mansinho e fora da defensiva assim.

Se levantou, pegando a bandana e indo até as costas do garoto. Ajeitou o longo cabelo longo, passando o pano preto por cima dos olhos do garoto e amarrando atrás, como sempre fazia nas crises de madame de Gal.

- Certo, agora vai pro quarto. - Você disse, voltando para a frente do menino e dando as costas para o mesmo. De repente, sentiu um peso em suas costas, por pouco não caindo no chão. Viu as mãos pálidas e desgastadas de Gal, com o esmalte preto da unha já descascando. - Você tava mesmo empenhado nisso, ein. - Ele resmungou algo incompreensível, e continuou ali. - Tá, vou te levar pro quarto, que inferno, parece que perdeu as pernas. - Você disse da boca pra fora, no fundo adorava ver o jeitinho manhoso de sono de Gal.

Seus sentimentos por Gal nunca foram realmente retribuídos. Você até chegou a ter falsas esperanças pelo jeito que o garoto falava, arrastado e flertivo, mas entendeu que ele já não era mais possibilitado de retribuir tal sentimento profundo. Mas ele dizia gostar mais da sua companhia do que do resto dos escriptas, já era um contentamento e tanto. Você segurou os braços do menino e puxou o corpo, o colocando em suas costas. Ele era pesado, mas nada que você não tivesse carregado antes.

Andou até o andar de cima, em passos pequenos, dessa vez não de propósito, mas porque era realmente difícil não andar arrastado com um corpo nas costas. Subiu as escadas, recebendo alguns "Oi" e outros "Boa sorte" acompanhados de risadas. Quando finalmente chegou no quarto, o deixou na primeira cama que viu, espreguiçando para trás, estalando alguns ossos das costas, se sentando na cama ao lado.

Não demorou muito e ouviu passos desesperados, correndo pro quarto. Eram Dagan e Henri, se pendurando na porta como duas crianças. - Eai, como que ele tá? Ele morreu? - O de mechas vermelhas falou e saiu da porta, indo para perto de Gal. - Claro que ele não morreu, palerma, é o Gal! Idiota! - Henri correu atrás, dando um tapa na cabeça de Dagan.

- Será que dá para os dois esquisitos calarem a boca? Ele só se esgotou de novo e desmaiou de cansaço. - Você disse com certa autoridade sobre os dois. - Não se preocupem tanto, bobões. - Se jogou para trás.

Dangan encarou você por um tempo e logo ajeitou a postura. - Eu sabia. Eu tava- tava testando vocês! - Ele falou gesticulando com as mãos e ganhou outro tapa na cabeça de Henri. - Sabia porra, você tava todo preocupado com ele! "Ui, ui, o Gal morreu? Ui, ui o que será de mim!" - O de cabelo amarrado fez uma imitação horrível de dagan, que te fez rir um pouco. Uma risada sincera depois de tanto tempo.

- Nem quando eu tô cansado de verdade, vocês três me dão paz. - A voz de Gal foi ouvida, mas ele não ousou mexer um músculo de onde estava.

- Olha, a Bela adormecida tá acordada! - Você se sentou de novo, olhando ele, vendo ele finalmente se sentar com uma expressão brava. Bom pelo menos até onde dava para ver o rosto dele. - Vocês três, fora. - Ele disse na voz naturalmente brava dele, que fez os três se levantarem e saírem correndo, rindo como crianças. Era bom se divertir naquele lugar às vezes.

Os três chegaram no pátio rindo, se jogando nos sofás em meio aos existidos ali.

- Quanta alegria... - Rana chegou com um sorriso curioso no rosto. - Parece até que aprontaram alguma. - Ela se sentou no braço do sofá.

- A gente tava irritando o Gal, igual a quando gente criancinha! Ele ficou puto!

- Você ainda é criancinha, Henri! - Ela deu ênfase no é.

- Criancinha que dilacera uma porrada de gente! - Dagan se enfiou na conversa.

- Você também é, protegido! - Rana zoou com o apelido que davam, devido ao carinho enorme que Gal mostrava pelo menino, que visivelmente gerava um certo ciúme em você. Ao ouvir o apelido você fechou a cara e Henri olhou para Rana, num olhar que transmitia a frase "Fez merda."

- Então... - Ela arrastou a frase e se levantou. - Tô indo, né? Vai que o Ike se machucou? - Rana riu nervosa e sussurrou um "desculpa" para você, saindo do lugar. Todos sabiam, menos Dagan. E você não queria que ele soubesse que você sentia ciúmes da relação dele com Gal, ele era só um novato e se Gal gostava tanto dele, não era você que deveria interferir.

[...]

- Então quer dizer que teve outra crise de ciúme? - A voz de Gal chegou em seus ouvidos de surpresa naquela manhã.

- Que porra, avisa antes de dar a facada, caralho! E quem que te falou isso aí? - Você disse numa voz brava, se virando para ele.

- Não é querendo citar nomes, mas o Henri disse que você ficou estressadinhe porque chamaram o Dagan de protegido. Acha que eu não te protejo o suficiente? Acha que porque eu tenho um aprendiz agora, você vai perder o cargo de melhor companhia? - Você foi bombardeade com aquelas palavras, sentiu um nó na garganta e abaixou a cabeça.

- Sempre foi só nós dois contra o mundo e de repente ele é o seu favorito... - Você disse sem olhar para ele. O silêncio reinou por um tempo até que sentiu os braços do mais alto por trás de si, num abraço que imobilizava seus braços, te impedindo de sair.

- Para de se enganar. Se eu disse que você é a minha companhia favorita, então você é até que eu diga o contrário, entendeu? - Ele deixou um beijo no topo da sua cabeça. - Kian já começou a repassar os planos para acharmos informações na ordem, vem. - Ele começou a andar, te deixando refletindo por um tempo, com um sorriso bobo no rosto. - VEM LOGO! - Ele gritou do fim do corredor, te fazendo sair da sua bolha e ir correndo até lá. 

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Well, aqui estamos! Façam seus pedidos e eu atenderei todos! <3

AOP - One Shots.Onde histórias criam vida. Descubra agora