Segunda-feira nunca foi o dia preferido de Mirella, e não era porque não gostava do seu trabalho, ela trabalhava na Cia há quatro anos e gostava do que fazia. Mas era a primeira vez que trocaria de chefe.O Sr. Roberto era um dos fundadores mas na última cisão decidiu se afastar para ficar mais com os netos e sua família, atitude que Mirella admirou. Entrou na empresa como estagiária mas logo se destacou e conseguiu o cargo de Secretária Executiva, do CEO altamente respeitado. Após várias trocas de assessoras ela provou seu valor e ali ficou até ele sair.
Mas hoje era o primeiro dia de uma nova história, receberiam o novo CEO e com ele continuaria o trabalho que realizava para o Sr. Roberto. Mudanças não são fáceis, mas tinha que encarar. Tomou seu café da manhã e partiu.
Como sempre chegou alguns minutos antes do expediente, era quando ligava o computador e arrumava a sala para estar pronta quando o Sr. Roberto chegava. Mas ao chegar as luzes já estavam acesas, abriu a sala do CEO e lá estava ele. Gravata preta, camisa cuidadosamente ajustada ao corpo, e que corpo. Passou os olhos pelos músculos que eram perceptíveis sobre a camisa, quando então chegou aos olhos. Verdes, curiosos, intensos.
Se deu conta do que estava fazendo, analisando o corpo do novo CEO bem na frente dele, onde estava com a cabeça?!
Ele, provocadoramente pergunta:
- Terminou?Convencido, arrogante, pensou ela, imediatamente saiu daquele "quase transe" se sentindo muito idiota pelo que havia feito, e pior, sem ao menos disfarçar.
- Desculpe, senhor Mateus! Me chamo Mirella e serei sua assessora.
Quando ele ia responder ela concluiu.
- Você tem o meu ramal, qualquer coisa que precise estarei na minha mesa. Seja bem vindo!
Virou bruscamente, e saiu quase batendo a porta. Sentou em sua mesa, e as pernas tremiam, o coração disparado.
O que é isso? Ela pensou, e que homem é esse?!
Respirou fundo, balançou a cabeça querendo limpar do pensamento do que acabara de acontecer. Havia o dia todo pela frente, melhor começar pela agenda dele. "Dele", pensou ela, como ela iria trabalhar fingindo ser normal ter um homem como aquele seu chefe.
Depois de ter organizado a primeira reunião foi a cozinha, precisava mandar um áudio pra Eva e Adri. Suas melhores amigas receberam após 6 minutos o que pode ser chamado de podcast, onde ele contava os mínimos detalhes do encontro com seu novo chefe.
Meio segundo depois recebeu uma vídeo chamada com as duas na sua tela. Teve que baixar o volume do telefone pois mesmo com os fones dava pra escutar os gritos das duas. Teve que ouvir que finalmente era o destino lhe retribuindo depois do último término com o pé no saco do Tomás.
Por elas, Mirella iria chamar o próprio Mateus para participar da chamada de vídeo, tamanha empolgação. Mas sua agenda apitou que a reunião acabaria nos próximos 5 minutos.
Deu um tchau apressado para as meninas e foi pegar seu café. Ainda estava rindo sozinha quando ao virar esbarra com toda força em uma parede, digo, em Mateus. Todo o café se espalhou naquela camisa branca, que foi imediatamente tirada por Mateus.
Só o que faltava era ser todo queimado no primeiro dia ali.
Ficar boba me olhando tudo bem, pensou ele, ela não era a primeira já estava acostumado. Mas me queimar, isso era falta de atenção!Ia abrir a boca para repreendê-la quando ouve ela xingar, sim "ela" estava furiosa com ele! Não podia acreditar, ela acusou de ele não ter avisado que estava ali e por isso ter causado o acidente.
Resolveu não contrariar, ela estava tão furiosa. E era tão linda falando brava daquele jeito. "Chega", pensou ele, onde é que tá minha cabeça!
- Senhorita Mirella, acho melhor pararmos por aqui antes que um de nós se arrependa depois. Por favor leve minha camisa a lavanderia, tenho uma reserva na minha sala.
E saiu.Ela pegou a camisa, e mesmo com todo o café era possível sentir aquele perfume que sentiu ao entrar na sala dele pela manhã.
"Vamos Mirella", pensou ela ao ir procurar o número da lavanderia, antes que você realmente faça algo que possa se arrepender!
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Amor e outros contos
RomanceContos do cotidiano, olhares que se cruzam, amores que se vão ou dos que chegam. Sobre amores.