O novo CEO (parte II)
Dois meses se passaram como num piscar de olhos.
Dois meses que Mirella tentava escapar de qualquer situação constrangedora. Chegava antes dele, sempre chamava alguém para sua companhia no almoço, ia embora antes dele.
Até que surgiu a convenção de Atibaia.
Todo conselho estaria presente, juntamente com seus assessores. Ela fez todo planejamento de vôo hotel, fazendo questão de se manter o mais afastada possível, faltar não era uma opção. Era um compromisso para os dois.
Na data agendada, lá estava ela no aeroporto. O último vôo da noite, de modo que conseguiu após o trabalho ir em casa tomar uma ducha, colocar um jeans e seu tênis confortável. Chegariam em Atibaia antes da meia noite, para no primeiro dia de convenção já estarem no hotel.
Durante a viagem de Uber, após chegarem, naquele silêncio constrangedor. Ninguém falou nada, Mirella com o telefone em mãos fingindo fazer coisas importantes.
Vôo e check-in sem intercorrências, salvo que o hotel por engano fez a reserva do quarto de Mateus para outro hóspede. Sorte que tinha outro que vagou naquela noite mesmo, por coincidência ao lado do de Isabella. "Coincidência demais", pensou ela.
No outro dia passaram o dia em palestras e reuniões. No final do dia, algumas assessoras convidaram Mirella para ir para um pub relaxar depois de um dia exaustivo.
Acabaram indo direto, ela só tirou o blazer fez um coque despojado e foram.Depois de umas três cervejas, ele apareceu. Sem o terno, relaxado. Sorriu quando a viu.
Tudo o que ela não queria era vê-lo ali. Tentou se misturar pra sair sem ser vista mas quando virou de novo sentiu bater numa parede, lá estava ele parado na sua frente.
- Sr. Mateus.
- Por favor Mirella, não estamos em horário de expediente. Pode tirar esse "senhor".
- Claro senh..., digo, Mateus.
- Não esperava encontrá-la aqui.
- Porque? Mulher não pode tomar um chope no final do dia do trabalho? Perguntou ela já irritada.
- Eu não falei nada disso, eu só estou dizendo que foi uma surpresa nos encontrarmos no mesmo pub, sem planejar. Eita, pimentinha você hein!
- Olha, me desculpe, mas estou cheia de homens babacas e machistas.
- Olha, para eu me desculpar por não ter sido mais claro, vou te pagar um chopp.Mirella não ia aceitar, mas logo já estava com o copo na mão e com o líquido gelado passando em sua garganta quente e sedenta.
E assim, depois de três chopes ela se dá conta que tem que ir pro hotel.
- Se...digo, Mateus, está tudo muito bom mas eu preciso voltar. Teremos um segundo dia bem pesado amanhã.
Mateus concorda sob a condição de acompanhá-la até o hotel.
Ao chegar, o boa noite na porta. Sem pensar ela ergueu o pés para beijar a bochecha de Mateus, ele vira. Foi mais, muito mais do que um simples beijo entre colegas. Um beijo poderoso, quente, intenso como tinha sido se conhecerem no primeiro dia.
Mirella, depois de um tempo conseguiu se desvencilhar daqueles braços. Respirou e afirmou que não poderiam fazer mais isso.
Mas quando se fala uma coisa e o coração quer outra, é desumano não segui-lo, ignorar já não era mais possível.
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Amor e outros contos
RomanceContos do cotidiano, olhares que se cruzam, amores que se vão ou dos que chegam. Sobre amores.