Somewhere Only We Know - Nosh

My love doesn't know he's my love

Após a notícia, eu surtei. Chorei a noite toda e mesmo quando minha mãe teve que ir embora, eu não me acalmei. Eu ainda queria vê-lo, mas agora eu tinha medo pois sei que ele não sabe quem eu sou.

O amor da minha vida não sabe que é o amor da minha vida.

É como se eu tivesse vivendo um pesadelo e mesmo fazendo de tudo para acordar, eu não conseguia.

Na manhã seguinte à notícia, os pais de Noah me procuraram. Meus sogros sempre foram uns anjos e só não haviam falado comigo ainda, devido a minha própria situação de não saber. Sr. e Sra. Urrea me pediram para ver Noah, pois eles têm a esperança de quando me ver, lembrar de tudo. Como se eu fosse a cura de algo.

Eu me senti egoísta, pois se está difícil para mim, imagina para eles. O próprio filho, que eles sempre amaram e cuidaram a vida toda, esqueceu deles.

Eu disse a eles que iria à tarde até o quarto de Noah, já que receberia alta. Eu tive poucos ferimentos, só um corte na testa, um braço e uma costela quebrada. Porém, meu amor está sofrendo bem mais. Ele perdeu a memória de 21 anos de vida.

Agora eu estou aqui, em frente a porta do quarto de Noah, criando coragem para entrar. Eu não sei se tenho psicológico para isso, mas ao mesmo tempo, eu preciso ver ele, nem que seja só de longe.

Respiro fundo e dou três toques na porta, ouvindo um "entra" da Dona Wendy. Ao me ver, ela abre um sorriso enorme e vem me receber.

— Josh! Que bom que você veio! — Me pega pela mão do meu braço não quebrado e me leva até perto da cama, onde ele está. Ele tem poucos ferimentos também, só está com uma faixa na cabeça e acredito que somente aquele lugar tenha sido atingido. Noah está lindo, como sempre, entretanto, ele não está com aquele sorriso que ele tem, nem aquele brilho — Filho, esse é Josh… Seu…

— Namorado — Me pronuncio e os olhos verdes do mesmo finalmente olham para mim. Deus! Eu o amo tanto.

— Oi… — Ele fala baixinho e olha para baixo. Eu já sei que ele não me reconheceu e isso dói como fogo — Me desculpe, mas eu não… Lembro de você.

— Não se desculpe por isso, a… Noah — Talvez chamá-lo de amor, nessa situação, não seja adequado — Eu que peço desculpas pelo acidente… Eu estava dirigindo e não vi aquele carro… — Meu olhos ficam úmidos e eu estou prestes a chorar. Ele está dessa maneira por minha culpa, fui eu que causei o acidente.

Noah me olha, sem saber o que fazer ou responder. Droga, Josh! Ele está "conhecendo" você hoje, e você já está chorando na frente dele. Seco minhas lágrimas e olho para a minha sogra ao meu lado, que sibila que está tudo bem.

— Eu não conheço você, mas tenho certeza que o acidente não foi intencional — Ouço a voz dele e volto a olhar para ele — Quer dizer… Você não parece uma pessoa que faria isso por querer.

Sorrio e assinto.

— Vou deixá-los a sós — A mulher ao meu lado diz e anda até a porta.

— Vou ficar sozinho com ele? — Ele pergunta, assustado. E isso dói como uma facada. Fogo e faca, qual será a próxima?

— Noah, querido, Josh nunca faria mal a você — Wendy fala, com a voz suave e olhando para mim complacente — Vocês têm muito o que conversar e eu estarei na cantina — Sorri e sai.

Engulo em seco e me sento na poltrona ali presente. Eu me sinto mal, pois o cara que eu amo está me olhando estranho. Ele acha que eu poderia fazer mal a ele, sendo que eu nunca faria isso.

Fico em silêncio, pensando se eu deveria simplesmente ir embora e chorar, ou se eu insisto e fico ali.

— Então… Você é meu namorado? — Pergunta e olho para ele, respondendo que sim — E "estamos" juntos a quanto tempo?

Essas aspas machucaram…

— Há cinco anos. Nos conhecemos no ensino médio e estávamos morando juntos.

— Cinco anos?! — Noah se senta na cama e sorri, escorando o queixo na mão — É muito tempo!

Rio — É sim!

— Eu não pensei que fosse gay, então quando Wen… Minha mãe disse que eu tinha namorado, eu não acreditei. Bom, agora eu vejo o porquê de eu ser gay.

Isso foi um elogio? Ele flertou comigo?

— Eu fui o seu primeiro namorado homem, antes de mim você havia namorado uma garota, mas só por aparências, porque não gostava dela.

— Então eu troquei ela por você? — Rio e nego.

— Outra hora eu explico tudo isso para você — Observo meu namorado sorrindo, do jeito que eu amo. O jeito que os olhinhos dele quase se fecham quando ele faz isso, ou a forma como seus dentes bem alinhados mordem o lábio inferior ao final do riso, como se tivesse vergonha de tal ato. Eu amo tudo nele e eu não posso desistir da nossa história. Agora eu tenho mais certeza que nunca disso — Noah… Eu sei que está sendo difícil para você e que é tudo novo, mas você me daria a chance de reconquistar você? Você me permitiria começar tudo de novo?

Ele me olha surpreso e abaixa o olhar para o colo. Talvez minha pergunta tenha sido muito pesada, talvez não fosse o momento certo. Eu deveria ter esperado mais um pouco?

— Eu ia pedir isso para você, na verdade — Agora quem fica surpreso sou eu — Se eu fiquei cinco anos com você, eu devia amar muito você. E eu quero me lembrar disso, eu quero me sentir vivo e amar — Sua voz está embargada e ele está quase chorando. Noah volta a olhar para mim — Então eu peço, por favor, me ajuda a me sentir vivo.

— Você já está vivo e a sua memória vai voltar. E eu ajudo, com certeza.

Eu não posso desistir de tudo que vivemos, não posso desistir de meu amor. Eu vou fazer ele lembrar, eu vou reviver tudo com ele e vou fazer ele se apaixonar por mim, pela segunda vez. Eu vou fazer ele se sentir vivo novamente.