Welcome back home

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Noah estava voltando para nossa casa hoje. Segundo sugestão do próprio médico dele, meu namorado deve retomar a rotina, em uma tentativa da memória dele se restabelecer. Meus sogros vão ficar por perto, mas eu ficarei a maior parte do tempo com ele.

Eu estou extremamente feliz com isso, já tenho planejado o que vou fazer para tentar fazer ele lembrar de tudo. Arrumei toda nossa casa e já bati as almofadas umas 15 vezes, por puro nervosismo. Meu amor está voltando para casa e eu tenho esperanças de tudo voltar ao normal.

A campainha toca e eu sei que são eles. Como estou sem carro e esperando o dinheiro do seguro, não pude ir buscar Noah, mas isso será por pouco tempo. Assim que abro a porta, vejo o homem que amo com a cabeça baixa e um pouco tímido. E eu sei que ele está com vergonha, pois sempre que Noah fica assim, ele mexe os dedos de uma forma estranha e a respiração fica diferente. Eu o conheço há seis anos, sei tudo sobre ele.

— Bem vindo de volta, Noah! — Cumprimento, assim que ele olha para mim. Urrea assente e sorri pequeno. Olho para dona Wendy, que sorria largo para mim e vejo nos olhos dela a esperança de eu conseguir ajudar o caçula dela. Eu vou tentar, sogrinha! Vou fazer de tudo por isso — Entrem!

Abro espaço e os dois entram, ele mais curioso, olhando tudo à volta e ela observando ele atenta. Tento controlar minha própria ansiedade e fico pensando qual seria o próximo passo.

— Quando você tira o gesso? — Sra. Urrea pergunta.

— Em uma semana… Não vejo a hora de me ver livre disso — Rio. Já faz três semanas que o acidente aconteceu. Três semanas que eu cometi o erro de dobrar em um cruzamento que não deveria e fazer o amor da minha vida passar por esse perrengue. Se eu não tivesse feito aquilo, se eu tivesse dirigido melhor…

— Não é sua culpa! Você sabe disso — Wendy fala e eu não sei como ela sabe o que estou pensando. Talvez minha feição me entregue.

— Vocês aceitam uma água? Ou um café? — Desvio do assunto e pergunto aos dois. Noah estava um pouco mais afastado, olhando as fotos que estavam em um quadro grande de fotos que tínhamos. Me aproximo devagar do mesmo e sorrio, ao ver alguns de nossos momentos — Essa foto aqui é de quando nos formamos — Aponto para a foto, que mostrava nós dois com becas e chapéus típicos de formatura, além de sorrisos gigantes e abraçados por finalmente termos cumprido uma fase de nossa vida.

— Nós parecíamos felizes nesse dia.

— E estávamos. Finalmente estávamos saindo do ensino médio e prontos para entrar na faculdade.

— Eu ainda estou na faculdade, não é? Faço artes plásticas, certo? — Se vira para mim, totalmente curioso.

— Sim, você se forma esse ano.

— E você faz o que?

— Eu sou formado em geografia, trabalho em uma escola perto daqui.

— Um professor… Eu namoro um professor — Rio e procuro pela minha sogra, que não estava na sala e desconfio que tenha ido embora, sem interromper nosso momento de interação — E essa foto aqui? — Aponta para foto em que Noah me abraçava por trás e estava com o queixo em meu ombro, enquanto eu sorria para a foto e me sentia em paz nos braços do homem que amo. Eu lembro da sensação até hoje.

— Foi no nosso primeiro dia dos namorados juntos. Você havia me levado em um parque de diversões e essa foto foi tirada depois de nos entupirmos de algodão doce.

Enquanto conto o que aconteceu, as memórias surgem na minha mente, como um filme. Queria que o mesmo acontecesse com ele, que ele tivesse esse flashback que estou tendo.

"— Ah, amor… Vamos! Uma foto só… — Noah faz biquinho, implorando pela tal foto.

— O que eu não faço por você? — Reviro os olhos em sinal de brincadeira e Noah sorri feliz, me abraçando por trás e colocando o celular em frente ao meu rosto para bater a foto. Até que ela ficou bonita.

— Ownt! Você está tão adorável nessa foto, nem parece que é um safado.

— Ei! — Rio — Muito obrigado pela surpresa, amor! Eu amei! — Beijo a bochecha dele e o abraço. Noah se aninha em mim, como um gatinho. O meu gatinho.

— O próximo encontro é por sua conta — Concordo, beijando os cabelos castanhos dele e sentindo o perfume de uva que vem deles. Eu amo tanto ele."

— Eu poderia levar você nesse parque, talvez ajudasse em algo — Sugiro.

Noah se vira para mim, com o mesmo olhar feliz que ele tinha antes do acidente. Ele ainda é uma criança, sempre foi.

— Eu adoraria!

(...)

Contei a história de cada uma das fotos presentes naquele quadro, mostrei cada cômodo para ele e conversamos a noite toda, até termos que nos recolher. Obviamente, não irei dormir com o mesmo, até porque eu sou um estranho para ele.

— Aqui estão as toalhas, aqui é a sua parte do guarda roupa e naquela porta está o banheiro — Indico onde está tudo — Fique à vontade!

Ia sair do quarto, quando ele me chama — Você… Você vai dormir onde?

— No quarto da frente — Respondo sorrindo.

— Eu vou ficar sozinho aqui?

— Você quer que eu durma aqui com você? — Pergunto, tentando não sorrir — Tem certeza?

— Eu só… — Olha para baixo — Estou um pouco assustado — Fala bem baixo, mas tão baixinho que eu mal ouvi.

— Eu poderia dormir aqui com você, mas acho que em certo momento você não se sentirá à vontade comigo — Preciso ser consciente, apesar do meu desejo de deitar com ele nessa cama e o abraçar em uma conchinha confortável, mas eu não posso. Ele não me conhece e pode ser estranho para ele. Eu não quero assustar Noah — Eu estou ali na frente, se você gritar virei correndo.

Ele sorri e assente, indo em direção ao guarda roupa. Vou em direção a porta e controlo meus batimentos cardíacos. Vamos lá, Josh! Ele pediu para você dormir com ele porque está assustado em um lugar totalmente novo. Entretanto, isso pode ser um sinal que ele confia em você, não é?

— Boa noite, Nô! — Desejo, com a mão na maçaneta.

— Boa noite, Josh! E obrigado por tentar!

Eu sempre vou tentar Noah… Vou tentar até o final da vida, até você enjoar e me mandar embora, eu vou tentar pelo nosso amor. Porque eu amo você.

Somewhere Only We Know - NoshOnde histórias criam vida. Descubra agora