Capítulo 4

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Não existem muitas coisas no mundo que me surpreendam, mas ver a princesa Idaya sentada no trono com certeza foi algo que eu não esperava. Me deixei ser capturado pois queria confrontar o rei sobre os pequenos ataques que, segundo os vândalos que interroguei, ele era o mandante.

Outra surpresa foi perceber que ela era minha predestinada, ironia do destino? Talvez.

E neste exato momento estou tendo mais uma.

- Me acompanhe, por favor.

- Não sei se percebeu, mas eu estou preso numa cela.

- E a chave que você está escondendo?

Como ela sabe disso? Essa mulher só pode ser telepata. Abro a cela e sigo-a.

Ela dá um sorriso contido e fala:

- Pergunte logo.

- Como sabia que eu estava com a chave?

- Eu não sabia, foi um blefe. – agora ela exibia um largo sorriso, orgulhosa de si mesma por ter me enganado – Então, como foi capturado?

Pensei por um momento se devia falar a verdade e não encontrei motivo suficiente para não fazê-lo.

- Não fui, eu caí propositalmente na armadilha.

- Imaginei, foi uma surpresa te ver chegando com aqueles paspalhos. Mas existem outras formas de conseguir informação e você poderia ter se poupado do incomodo de ser torturado, entretanto, creio que já saiba disso. Posso saber o que pretendia ao ser capturado?

Olhei-a atordoado, aquela não parecia nem de longe a princesa que eu via em algumas ocasiões. A mulher ao meu lado não era indefesa, submissa e, muito menos, ingênua.

Ela era o oposto de tudo isso.

Então, por mais estúpida que fosse a minha atitude, resolvi ser sincero e não ocultar nenhuma vírgula dela.

- Vim para descobrir se o rei Dagnnar é o mandante dos ataques que estão ocorrendo em Cortland.

- Infelizmente, ele não poderá lhe dar as respostas que procura.

- Posso saber o motivo?

- Veja por si mesmo.

Não entendi inicialmente o que ela quis dizer, mas bastou olhar para a cela na minha frente e pude compreender o significado de suas palavras.

As roupas em farrapos e o sangue seco, como consequência dos vários cortes que lhe cobriam o corpo e das algemas de ferro que impediriam os poderes dele de o curarem ou libertarem, tornavam difícil reconhecer o homem à minha frente.

Dagnnar Kisanf, rei de Narvill, o feérico mais temido e odiado pelos 7 reinos, agora se encontrava em um estado deplorável e, ao observar o olhar da princesa, provavelmente em breve estaria muito pior.

Olhei uma última vez para ele e me virei para Idaya, uma coisa era certa: O reinado de Dagnnar havia acabado e dificilmente ele sairia daquela cela com vida.

RUÍNAS DE UM IMPÉRIOOnde histórias criam vida. Descubra agora