Era verão na selva de pedras; o que significava que haveria sol nas ruas, e um tempo quente, seco - que se faria presente durante toda a estação - deixando o humor, já ácido de Anahí ainda mais cítrico.De dentro do arranha-céu, através da enorme vidraça de sua sala, Anahí poderia estar novamente olhando Manhattan sob seus pés. O - comum - cenário de ser dona de tudo aquilo, a agradava, portanto todas as manhãs, ela fazia seu desjejum olhando - de cima - tudo aquilo que lhe pertencia. Contudo, naquela amanhã os raios do sol insistiam em invadir o espaço dela, tomando conta de boa parte da enorme sala de estar, fazendo-a optar por tomar o café - preparado por Dorota - no quarto.
Do lado de fora, quem olhava de baixo tinha a perfeita imagem de uma torre, cinza, tão alta quanto poderia ser, causando a sensação de intimidação.
Enquanto isso acontecia, a postos e silenciosa de uma maneira que quase a deixava invisível, Dorota - a fiel governanta de Anahí - aguardava pacientemente, que a patroa terminasse o desjejum.
Anahí confiava nela, como não confiava em ninguém. Não era atoa que a mulher ficasse responsável por cuidar e organizar a casa.
Durante o processo, Anahí passou brevemente os olhos pela mulher; ela usava um uniforme preto, impecavelmente passado e limpo, tinha os cabelos presos por um coque baixo, delicado e comportado. Como Anahí preferia.
Anahí: Dorota, - Chamou, em um tom baixo.
O rosto acolhedor da mulher se encontrou com o olhar de Anahí.
Dorota: Sim, senhora? - Atendeu.
Anahí: Leve isto, e por favor, traga minhas roupas. Não quero me atrasar. - Decretou, ainda analisando a mulher, que assentiu, acatando a ordem.
Anahí pulou da cama, o quimono de seda, cinza chumbo, se arrastava pela porcelana do chão, cobrindo-lhe os pés pequenos, que faziam um som suave a cada passo que ela dava. Ela atravessou o corredor que dava acesso a enorme sala, com paredes de vidro que mostravam uma Nova York irritantemente ensolarada, uma mesa e um arranjo de flores, que dava para a ante-sala, com uma parede revestida em mogno, onde ficava o elevador de acesso principal da cobertura. Tudo impecavelmente luxuoso, mas Anahí ainda fez uma breve careta, incomodada com os raios de sol que brilhavam em seu chão. No fim o elevador abriu, fazendo-a franzir o cenho ao ver Madison atravessar a ante-sala, juntamente do marido, completamente a vontade.
Madison: Bom dia! - Disse, pondo os olhos sobre a loira. - Ainda não está pronta?
Anahí: Ainda não aprendeu a bater na porta? - Ironizou.
Madison: Que porta? - Devolveu no mesmo tom, apontando o elevador, divertida.
Ela estava, surpreendentemente de bom humor. Algo que Anahí não esperava depois do dia anterior.
Christopher: Bom dia, Anahí. - Disse, se sentando sobre o enorme sofá branco da sala de estar, a vontade.
Anahí: Eu não diria tão bom assim. - Murmurou, mal humorada.
Madison: Doce, como sempre. - Disse, ao ver o olhar assassino da amiga.
Anahí: Posso ao menos saber o motivo da invasão na minha casa, a essa hora da manhã? - Questionou sarcástica, cruzando os braços na altura dos seios.
Madison: Moramos no andar de baixo Anahí, não haja como se nossa presença aqui fosse algo estranho. - Disse, e a maneira segura com que ela disse aquilo fez a resposta parecer óbvia.
