Capitulo Dois

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Hoje. Vamos para a cidade hoje na carroça e Tavus vai nos levar. Tavus é o nosso cavalo.
A cada galope que ele dava, meus olhos brilhavam mais. Minha irmã que era mais nova estava feliz, mas nada se comparava a mim.
Estávamos chegando perto e podia-se ver as luzes de natal, enfeitando toda a cidade.
Chegamos mais perto e algo me chamou muita a atenção. Uma grande, enorme, gigante cabana, parecia ser feita de pano, com listras amarelas e vermelhas em toda ela. O que era aquilo? A casa das pessoas de fora? Talvez.
- Estão vendo aquilo, Sarah e Michael? É o circo.
- Circo? E as pessoas de fora? - perguntei.
- As pessoas de fora fazem várias apresentações, palhaços, animais, bailarinas, domadores, equilibristas, malabaristas, dançarinas, homens fortes e um mágico.
- Isso tudo está ali debaixo? - Sarah perguntou.
- Está, e ainda cabem as pessoas para assistir!
Estava fascinado pelas luzes fortes, cores, objetos, tudo!
Sentamos num grande banco, onde foram entrando mais pessoas da vila.
- RESPEITÁVEL PUBLICO, - um homem de preto com uma grande cartola apareceu no meio da arena de areia. - eu sou o mágico Covalski. - ele disse e uma fumaça surgiu de algum lugar.
- Papai, tem alguma coisa pegando fogo! - ela sussurrou.
- Não filha, faz parte do show! - como minha irmã é boba.

O mágico fazia mágica de verdade! Ele cortou a assistente numa caixa, pombos saíram de sua camisa, flores do seu sapato e um coelho da sua cartola!
Rimos bastante com o que os palhaços faziam! Rolavam, caiam, pulavam, se molhavam, corriam, brincavam. Era tudo muito colorido e lindo! Depois um palhaço gordo brincou com um elefante todo pintado e vestido engraçado! UM ELEFANTE!
Depois entraram dois homens que andaram numa corda! E uma mulher que andou de bicicleta até cair na piscina do outro lado com um pulo da rampa.
Veio um moço que jogava coisas para cima, ao mesmo tempo, e nada caia no chão. Jogou bolas, argolas, brinquedos...
Vieram garotinhas e mulheres, com um maiô rosa, cabelo preso e uma saia engraçada, elas rodopiavam e pulavam pela arena e não se trombavam. A música que tocava era calma e tranquila. Foi realmente incrível e muito bonito!
Depois veio um homem muito gordo e forte, ele levantou várias coisas pesadas. E depois ele entrou na jaula do leão! Eu vi um leão de verdade! Ele fez os tigres saltarem em arcos de fogo!
Tudo acabou e todos reapareceram. Ficaram juntos de mãos dadas e sorriram. Todos ficaram de pé e bateram palmas, mas a pessoa mais feliz de todas ali, era eu.

- Vamos passear um pouco pela cidade, você vem, Michael ?
- Não mamãe, vou ficar por aqui e brincar com as crianças.
- Ok, quando escurecer, vá para frente da capela.
- Certo mamãe, leve Sarah com vocês, não quero tomar conta dela. - não iria brincar com as crianças.

Todos foram embora, mas eu continuei ali. Queria conversar com algum deles, perguntar de onde vinham, como chegaram aqui, pra onde iam, onde estiveram...
Andei para trás da grande coisa e meus olhos estavam bem abertos para qualquer movimento. Vi vários caminhões, caixas, trailers, e ouvi risos.
- Quem é você?
- Que susto! - pulei para trás. Uma meninazinha do meu tamanho apareceu do nada. Ela tinha o cabelo preso e a reconheci, era uma bailarina.
- Desculpe - ela disse envergonhada.
- Você é bailarina?
- Não posso conversar com estranhos.
- Sou Michael, Michael Wolksh. E você?
- Katherine , Katherine Clark. - ela sorriu.
- Agora não sou estranho.
- Então acho que posso conversar com você.
- Quantos anos você tem?
- Oito, e você?
- Doze. - nossa, ela era muito mais velha.
- O que faz aqui fora?
- As crianças têm que ir dormir, os adultos sempre fazem uma festinha depois de um show.
- Tem mais crianças?
- Sim, você assistiu o espetáculo?
- Assisti, foi muito bonito, muito legal! Todas aquelas cores, músicas, animais, todo mundo correndo, dançando, fazendo uma coisa incrível! - dizia empolgado - Você e suas amigas dançaram muito bem, nunca vi nada parecido. - ela ficou vermelha.
- Obrigada.
- E onde estão as outras crianças?
- Dormindo.
- E por que você não foi dormir?
- Não estava conseguindo, então vim passear.
- O que vocês são? - sentei numa das caixas e ela sentou ao meu lado.
- Somos uma família muito unida, viajamos por vários lugares e fazemos apresentações.
- Viajam? - abri meus olhos e me estiquei. Não podia ser. Encontrei uma saída!
- Sim, passeamos por vários lugares e várias cidades.
- Meu sonho sempre foi passear, viajar, conhecer todos os lugares do mundo!
- Pois é o que nós fazemos.
- Vocês ganham dinheiro?
- Sim, as pessoas pagam para entrar e assistir.
- Sério? Meu pai fala que se eu for viajante e não tiver trabalho, não terei dinheiro.
- Não está pensando em entrar pro circo, está?
- Claro que estou! - ela riu.
- Você não pode fazer isso! Não pode deixar seu pai e sua mãe aqui e viajar com a gente. Além disso, não sei se vão deixar você vir.
- Mas Katherine, eu preciso ir! É o meu sonho, é o que eu quero pra minha vida, pra sempre!
- Se você entrar, vai ter que fazer alguma coisa.
- Não importa, enquanto eu não aprender a andar na corda ou jogar as coisas pro alto, eu posso fazer comida ou lavar pratos! Posso até limpar os quartos. - ela riu.
- Estou vendo que você está muito empolgado, desse tamanho e já tem um objetivo! - ela fez um cafuné no topo da minha cabeça.
- Eu não sou um bebê!
- Mas é uma criancinha! - ela riu.
- Você vai poder me ajudar? - perguntei já irritado com a situação.
- Nós vamos ficar três dias aqui na cidade, você pode passar aqui amanhã de manhã?
- Vou tentar, moro fora da cidade, numa fazendinha, pode ir lá um dia conhecer se quiser.
- Eu adoraria, - ela sorriu. - mas antes que eu arrume problema, preciso ir dormir.
- Tudo bem, Katherine, está escurecendo e eu preciso ir pra capela, minha mãe e meu pai estão me esperando.
- Tchau, Michael!
- Tchau, não esquece de falar de mim pra sua família!
- Ta certo, não esqueço. - ela sorriu e correu.
Fui para frente da capela e esperei meus pais e minha irmã. Contei pra eles que precisava voltar de manhã, mas não disse o motivo, tinha que conversar mais com Katherine. Ela era legal e bonita, era do circo e ela tinha gostado de mim! Podia ter uma chance de participar e ir de vez conhecer o mundo.

- Katherine! Que bobagem!
- Não é Covalski, ele é legal.
- Tenho certeza de que os pais dele não vão deixar que um menino de oito anos venha com a gente.
- Ele me chamou para ir pra fazenda dele, você pode ir comigo e convencer os pais dele!
- Não, Katherine, já falou com a sua mãe sobre isso?
- Não, - ela disse abaixando a cabeça - e você nem pode falar, ela me mata se souber que não estava dormindo.

Continua...

A Bela BailarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora