Capítulo VII

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_______A Profecia - Parte II________

Uma onda de agitação emergiu da multidão de seres mágicos quando Arthur soltou as mãos do cabo da espada. Expressões de espanto, de ultraje e descontentamento brotavam em cara rosto, à medida que os cochichos tornavam-se mais altos.

Arthur passou a girar o próprio tronco, de um lado para o outro, olhando à sua volta, mas evitando encarar os rostos por ele conhecidos. Seu peito subia e descia freneticamente e suas pernas formigaram quando os olhos alaranjados de Lorde Drys encontraram os seus e ele pôde ver a decepção estampada no rosto negro do Sábio.

— Arthur, espere! — Lorde Drys chamou, num tom frágil e desesperado, quando Arthur ameaçou se virar e fugir. O garoto encarou o Sábio uma última vez; a boca entreaberta denunciava que estava prestes a dizer algo, talvez “me perdoe por isso” ou só “desculpas”, mas sua mente não conseguia se decidir e sua garganta certamente não lhe obedeceria. Portanto, fazendo a única coisa que se achava capaz de fazer naquele momento, ele se virou e fugiu.

Alguns rosnados descontentes  chegaram aos ouvidos de Arthur enquanto ele percorria a clareira de volta à sua irmã, que o esperava obediente no mesmo lugar onde fora deixada pelo irmão.

— O que está fazendo? — Emma questionou ao ser puxada pelo braço por um Arthur exasperado, de testa suada e olhos inquietos.

— Temos que ir embora daqui! — Foi o que respondeu o garoto.

Como um felino, Arthur caçou o portal pelo qual havia chegado naquela clareira, e no processo encontrou a face pesarosa de Morgan, espremida entre alguns homens e mulheres de pele esverdeada e cabelos feito de folhas e ramos. Desviou rapidamente o olhar para a esquerda e viu parte do arco luminoso, que faiscava atrás de duas figuras masculinas, altas, fortes e vestidas de escamas prateadas.

“Droga! Maldição” pensou Arthur, cerrando os dentes. Olhou por cima do ombro e viu de relance o brilho de outro portal, o mesmo usado pela “árvore andante” para adentrar naquela mesma clareira. Não havia ninguém obstruindo a passagem.

— Arthur, meu braço! — lamentou Emma, quando foi puxada pelo irmão em direção ao vórtice.

Os dois Wettergrey ziguezaguearam por entre um grupo de elfaunes e, sem nenhuma exitação, Arthur saltou pelo arco de luz, arrastando Emma consigo.

O formigamento sentido por Arthur ao atravessar o portal foi quase nulo. Num segundo, ele e a irmã estavam na Clareira do Carvalho, e dois segundos depois, aterrissaram no vão entre duas grandes árvores.

— Por que a gente tá fugindo? — Emma reclamou, assim que recuperou o equilíbrio.

Ignorando as dúvidas e reclamações da irmã, Arthur envolveu-a com o braço e a guiou por entre as árvores e arbustos, sem saber ao certo para onde estava indo. Para ele, naquele momento, importava somente ficar o mais distante possível daqueles seres esquisitos.

Gravetos se partiam com as fortes passadas dadas pelos dois irmãos; Arthur ficava atento às pedras e raízes salientes dispostas no caminho, alertando Emma para saltar sobre os obstáculos; o odor de pinheiro, com um toque adocicado, invadia as narinas dos dois, que também tomavam cuidado para não se espetar nos arbustos espinhosos.

Correram por alguns minutos, até Arthur achar que já haviam tomado uma boa distância da clareira. Ofegante, o jovem Wettergrey deixou-se escorregar pelo tronco de uma faia, até pousar tranquilo no chão, entre as gramíneas que cresciam em torno da árvore.

— Pode me explicar o que está acontecendo aqui? — Emma inquiriu, contraindo as sobrancelhas e pondo as mãos na cintura.

Arthur sentiu uma vontade ínfima de rir da imitação que Emma fizera da mãe, mas o cansaço que sentia não lhe permitiu esse luxo.

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⏰ Última atualização: Oct 03, 2021 ⏰

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