•PRÓLOGO•

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Chapter One

"Dinah, o que é isso?"
Warren questiona com o semblante preocupado e amedrontado com o que pode acontecer
"Oh Warren, isso?, Ah meu querido isso não é nada comparado ao que eu posso fazer, isso não chega nem perto do que você me fez. Você partiu meu coração e agora eu vou destruir tudo o que você mais ama"
Warren em choque, ainda não acreditava que sua linda e doce Dinah tenha mudado tanto e tão drasticamente.
"Mas Dinah, você é quem eu mais amo"
Aquelas palavras não deveriam sair tão convincentes e tão sinceras. Por um momento, desestabilizou a pequena princesa, agora confusa com o que sentia e o que deveria fazer.
"O que... o que você disse?"
Disse já com a voz embargada puxando todo o ar que aguenta fazendo seus pulmões arderem e seus olhos, agora vermelhos pelas lágrimas que por mais que lutasse contra elas insistiam em cair.
Warren respirou fundo fechando os olhos indubitavelmente ainda em choque por dizer aquelas palavras de uma forma tão verdadeira.
"Eu disse que a amo, amo mais que a mim mesmo"
Repetindo isso agora tão alto e claramente percebeu que isso era o que sempre existiu dentro de si, apenas era covarde demais para admitir tamanho sentimento.
Dinah suspirou e apertou fortemente os olhos espantando suas lágrimas, balançando a cabeça ainda incrédula com essa situação mas em momento algum largou o pequeno mas perigoso objeto que estava em suas pequenas e delicadas mãos.
Warren aproveitou esse pequeno momento de distração da princesa para se aproximar mais da jovem que tinha todo seu coração, acabando com toda a distância que existia entre eles, levou seus braços ao redor do pequeno corpo e a abraçou tão forte quanto pode, instantaneamente e sem raciocinar direito com a atual situação presente ela largou o objeto deixando-o cair no chão, e devolveu o abraço o tão intensamente que pôde.
Ela não queria isso, não queria ser consumida por ódio e rancor. Não queria essa tristeza, mas como evitar o inevitável? Se ela se sentia traída, traída por todos ao seu redor. Por seu pai, que nunca fora amoroso com a mesma, sempre demonstrava seu pior lado e o quanto odiava a filha. Por seu cuidador, Harris, que prometeu nunca a abandonar e sempre a proteger. Por Cheshire, que a fez tanto mal a enganando para ter poder e fazendo com que a tão inocente menina sumisse dando lugar a nova Dinah, por culpa dele e do dia das Torres Negras. Então ela se permitiu chorar nos braços daquele que tanto amava.
Como uma memória não tão distante veio a sua mente seu irmão Charles, tão pequeno, frágil e doce Charles. O mundo seria tão cruel com ele, sem piedade alguma para uma mente tão imensa e profundamente criativa. A imaginação sempre foi algo lindo e forte de seu pequeno irmão. Uma ingenuidade que ela invejava e admirava com a mesma intensidade. Lembrou de sua mãe e se sentiu ainda mais traída por ter sido abandonada pela única que um dia foi capaz de amá-la tão desesperadamente e com todo o coração.
Então, com toda consciência que habitava dentro de si, afastou aquela demonstração de afeto, voltando a ser a fria e odiosa cheia de rancor dentro de si, espantando todos os vestígios de lágrimas que habituava em seu semblante.Warren estava incrédulo em como alguém poderia mudar tão repentinamente o que sentia e em instantes por outra face para o mundo.
Mas o que ele não queria aceitar é que traumas e dores transformam uma pessoa em outra tão e completa diferente do habitual, só que essa era a Dinah. A verdadeira Dinah.
Fria, odiosa, rancorosa e forte.
Que apesar de ter sido abandonada e traída por todos que amava ela continuava a lutar. Mas por quê ?
Por quem ela lutava tanto? Quem era a pessoa que ela tanto amava e deseja salvar desesperadamente ao ponto de se tornar o que é? O que ela tanto almejava?
Ser livre.
Ela está lutando por si mesma, para se libertar de um passado que tanto a assombra e a faz temer o futuro, se preocupar consigo mesma em primeiro lugar e se proteger dos males que vierem como armas contra ela.
Palavras já demonstraram ser uma das piores armas usadas para a atingir e a fizeram sentir medo, dor e conviver com demônios em sua mente que a lembravam que cada palavra dita era verídica e ficavam repetindo isso diariamente para que ela jamais esquecesse seu lugar.
Só que ninguém é forte o tempo todo, nem mesmo a destemida e corajosa princesa. Não mais indefesa, aliás nunca fora apenas agora lutando com as armas certas.
Seu coração já a traiu uma vez ela não poderia o permitir fazer de novo.
Isso custaria um preço alto que ela não estava disposta a pagar. Se tivesse que renunciar ao amor, a sentir algo assim seria. Não poderia se dar ao luxo de permitir aquele ciclo vicioso acontecer novamente. Se fechar e se proibir sentir seria a melhor solução, mas o preço era alto demais, algo iria ser tirado dela e a privar de viver como queria. Mas era um processo irreversível e um mal necessário, então um pássaro livre a voar no céu, caiu, e perdeu toda a sua liberdade.
Não era mais livre e conviveria com isso, com aquele desejo de voar a corroendo por dentro e lutando pra sair.
Mas não podia
Não poderia se dar esse luxo, porque no final ela saberia que algo maior seria sacrificado. Agora seu coração havia se solidificado e não seria Warren a ultrapassar o muro imposto, ele não teria tanto poder assim sobre ela,NÃO!.
Para voltar a ter a cor de sangue vivo bombeando em seu peito levando vida e alegria por suas veias algo maior que isso teria que acontecer, e isso só ela poderia permitir fazer se assim desejar. Ela deveria deixar seus demônios no passado para seguir adiante. Contudo já havia se acomodado e gostado de onde estava. No decreto do dia real da Capela de copas, a princesa seria coroada rainha, e uma vez coroada rainha no país Vermelho sempre seria rainha do país Vermelho.
Assim surgiu a grandiosa Rainha de Copas.
Que reinaria com ordem e disciplina impondo suas ordens, e arrancando-lhe as cabeças de quem ousasse a desobedecer, afinal ela era a lei e nada estava acima dela.
Quanto a Warren, bem ele foi fraco Dinah o amou mas como alguém poderia saber o que era isso? Principalmente ela? Não, não, Warren foi preso por traição. Jogado nas masmorras das Torres Negras, sem possível plano de fuga. Ele mentiu e só falou palavras bonitas achando que surtiria algum efeito na futura Rainha, só não contava que ela havia se tornado uma tempestade gélida incapaz de sentir tamanho sentimento com o qual nunca cresceu.
A traição de Warren foi imperdoável, e sua irmã, uma bastarda, que havia sido gerada durante o casamento de sua mãe com o qual ela nunca considerara uma figura paterna. Vittiore, admirada por todos e tão doce quanto mel, a pequena criança não compreendia o desprezo e isso a magoava mas não importava a Dinah se tudo que via quando a olhava era o amor que aquele que era também seu progenitor sempre foi incapaz de sentir e demonstrar a ela, mas com Vittiore era diferente sempre foi. Nunca havia gostado dela, principalmente porque lembrava da traição que havia sido feita com sua mãe por aquele ser desprezível. Vittiore sempre tentou se aproximar da irmã, mas Dinah nunca quis essa aproximação e nem deu oportunidade, assim que subiu ao trono a mandou para além da Floresta Retorcida, onde era tudo encoberto pela neve. Um país branco e ali a pequenina se adaptou e se tornou a "Rainha Branca" a bondosa, gentil e prestativa Rainha. O povo a amava, e havia habitantes ali a sua volta que a escolheram para os liderar e os proteger, o que ela fez e aceitou com bom grado.
Isso não irritava tanto Dinah, afinal não demonstrava ameaça a seu reinado.
Charles o pequeno Charles ficou dentro dos portões enormes do castelo, porém um pouco mais livre. Dinah o permitiu sair daquele quarto em que vivia trancado e escondido de todos por sua enorme e incompreensível mente , e o tornou chapeleiro real do palácio, o dando uma sala onde sua imaginação poderia correr solta e ganhar vida, onde ele poderia ser quem era sem medo. Um lugar que ele mesmo adaptou e tornou seu, seu pequeno e enorme ao mesmo tempo, mundo maluco. Charles ficou conhecido como Chapeleiro Maluco porque o povo do país Vermelho jamais compreendeu sua imaginação eles tinham uma mente muito limitada, limitado ao possível que existia no mundo enquanto Charles não, ele nunca foi assim e era especial porque nunca se colocou limites. Ele sempre voou alto, rodeou as estrelas o universo, viajou a via-láctea que havia em sua mente e a tornou real, um apelido que começou maldoso, mas que se tornou real perante a mente brilhante de um gênio.
As pessoas têm medo do que não conhecem e preferem por uma venda em seus olhos e tratar como estranho algo desconhecido. Querendo que todos fossem iguais, pensassem iguais e vissem as mesmas coisas. Quando na verdade não é assim. Charles era único sempre foi, e não tinha medo de demonstrar isso, nunca havia se importando com a opinião dos outros ele sempre foi quem nasceu pra ser, sempre foi quem era e isso era o que Dinah sempre admirou e almejou para si mesma em silêncio. Ela inveja o irmão por ser tão ele, por ser quem era e ser feliz assim.
Mas infelizmente essa não era sua realidade e nunca seria porque ela não permitiria que isso acontecesse.
Seria uma tragédia para ela, a essa altura ser quem era.
Mas ela gostava da pessoa que estava sendo moldada agora, gostava que as pessoas a temessem porque para ela só assim seria respeitada.
Os soldados de copas e os de espadas viriam do que ela era capaz, e a respeitariam finalmente.
Ela seguiu o juramento que fez de cortar as cabeças dos desleais a ela e a coroa.
Então ordenou para que aos soldados que a feriram tanto psicologicamente quanto fisicamente fossem punidos.
Uma frase apenas e o destino foi selado.
"Cortem-lhe as cabeças"
E para que ninguém mais saísse da linha mandou que suas cabeças fossem fincadas em estacas e enfeitassem o País das Maravilhas.
Quando feito ela sorriu, um sorriso sádico de um trabalho cumprido e bem feito. Ela finalmente se sentiu vingada e bem em ferir aqueles que tanto a feriram e a violaram de todas as formas irreversíveis.
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Rainha em Vermelho [Em Desenvolvimento]Onde histórias criam vida. Descubra agora