Não demorou muito para vários rumores aparecerem por aí, tanto na escola quanto na internet, especulando eu ser a possível namorada de Finn Wolfhard mesmo que eu dissesse que éramos apenas recém conhecidos. As meninas populares na minha sala vieram falar comigo e até me chamaram para sentar com elas no intervalo (lunchbox friends vibe) mas recusei e sentei sozinha como de costume. Fazia alguns meses que havia mudado de escola e só falava com poucas pessoas, o que não me afetava já que eu ficava ouvindo música e lendo o dia inteiro. Mas dessa vez todos pareciam notar minha presença aí.
—Você pegou o número dele? — perguntou uma menina aleatória, fazendo-me lembrar do que Finn falara sobre me seguir no insta.
Abri meu celular e instalei o Instagram, logando com meu e-mail e já entrando na minha antiga conta que tinha poucos seguidores e poucas postagens. Mas tinha uma nova notificação que parou meu coração por um instante.
E se não for ele e eu estiver colocando muita expectativa? Eu sou muito ingênua de acreditar que ele realmente lembraria o meu @ e ainda mais me seguiria, de qualquer forma tive que abrir para ver quem era o novo seguidor.
Paguei com a língua.
De fato era a conta oficial de Finn Wolfhard me seguindo, e não demorou muito para que vários outros começassem a seguir-me também. Esses fãs são realmente dedicados. Acabei por segui-lo de volta e curti alguns de seus posts, por nenhuma razão e só para deixar um rastro meu por lá.
No fim do intervalo, uma garota ruiva de franja me abordou pelos corredores, animada e provavelmente ansiosa.—Você é a garota loira misteriosa da festa? a que dançou com o Finn Wolfhard, não é?
—Éh... acho que sou sim.
—Você viu a hashtag?
—Que hashtag?
A ruiva pegou o celular e abriu o app do TikTok, pesquisando por #acheagarotaloira. Eu estava em choque. Eram milhares de vídeos usando essa hashtag, pessoas que me gravaram durante a festa e outras comentando sobre, tentando achar meu Instagram ou especulando qual Tiktoker eu era. Teve até algumas meninas mentindo que eram elas nos vídeos. O vídeo que mais me surpreendeu foi o da Charlie D'Amelio falando sobre a festa dela e como eu a agitei, dizendo que eu estava convidada para a casa dela e que ela tinha coisas a me dizer. Coisas a me dizer?
—Você tá famosa! — a ruiva sorriu. —Me passa seu Instagram, tem um monte de gente tentando achar seu perfil e eu iria bombar se eu divulgasse.
—Me desculpe... éh? — tentei lembrar o nome dela. Ela é da minha turma de matemática avançada, mas como faz poucos meses que estou na escola ainda não consegui decorar o nome de todos. Foi então que a ruiva completou um "Ellen" com os lábios. — Isso, Ellen. Eu não uso Instagram.
—Como assim? como você fala com as pessoas?
—Bem, não falo com muita gente, mas geralmente eu ligo pra quem eu quero falar.
—Ah, certo. Mas se for criar uma conta, me adiciona lá. @ellen_shapiro11, beijinhos. — saiu pelo corredor mexendo em seu aparelho celular, enquanto eu dei meia volta e entrei na sala de aula. Realmente, não imaginava que aquilo iria repercutir tanto.
Eu me sentia diferente, vigiada e levemente invadida. De repente todos queriam saber sobre mim e falar comigo, até um garoto do último ano veio perguntar se eu estava em um relacionamento. Isso não acontecia normalmente.
O dia foi longo — principalmente para mim, que não prestou atenção em nenhuma das aulas. Eu fiquei pensando em Finn e em como fora gentil comigo, uma gentileza que não se encontra em qualquer lugar. Tudo parecia tão irreal, como um sonho lúcido, porém já me beliscara várias vezes e nada de eu acordar.
Foi na última aula que recebi uma ligação de Zoe, extremamente zangada comigo por não ter contado a ela sobre Finn. Expliquei que não tinha nada a contar, que quis ir embora da festa mas não a achei, então ele ofereceu uma carona e eu aceitei. Zoe morava a poucos minutos do local da festa, e não iria ter problemas em voltar pra casa sozinha, já eu morava a três horas de viagem e de certa forma era perigoso.—Lisa, você viu os Tik Toks que estou fazendo? Tem gente fazendo cosplay seu garota! Como se você fosse uma espécie de personagem ou sei lá. — disse minha amiga durante a ligação, certamente empolgada. —E o melhor, Charli D'Amelio fez um vídeo te chamando pra casa dela! Por favor me leva.
—Eu não vou.
—POR QUE NÃO?????? — senti meus tímpanos estourando com o grito na linha.
—Ai para de gritar Zoe. — afastei o telefone com a mão. —Eu só não estou afim, foi apenas uma festa e eu quero viver minha vida normalmente.
—Ta, e você falou com o Finn?
—Como assim?
—Manda mensagem no direct dele sua boba.
—Nem pensar. — soltei uma risada sincera. —Ele recebe tantas mensagens lá que é capaz de nem ver a minha, não vou ser idiota a esse ponto.
—Então você nunca mais vai ver ele? — a voz de Zoe pareceu recuar.
Dei uma leve pausa, engolindo o seco. A pergunta caiu como um granizo na minha cabeça. Eu nunca mais o veria? Quer dizer, ele vai voltar pro Canadá em alguns meses, não vai lembrar da minha existência. Talvez eu tenha me apegado mais a ele do que ele a mim.
Em uma das aulas, a coordenadora entrou e nos passou o comunicado de que na próxima semana (dia 21 ao 31 de outubro) seria a semana dedicada aos eventos característicos do Halloween - contendo uma peça de teatro, um festival de comida, apresentações e festas a fantasia durante toda a semana. Quando entrei na Clovis High School eu já fui informada de que haveriam várias atividades avaliativas de participação como essas, e que eu teria que me dedicar muito pois essas notas iriam contar no final do ano.
A turma foi dividida em grupos que trabalhariam juntos em um dos eventos. Eu, quatro caras e mais duas meninas fomos selecionados para trabalhar juntos no Festival da Abóbora do dia 30, um festival que aconteceria no nosso estádio de futebol e que deveria ter muita comida feita de abóbora. A temática de todos os anos era ligada com espantalhos e bolas de feno, então teríamos que encher o lugar com um labirinto de feno e palha além de preparar todas as comidas do evento. Para nossa sorte, outros grupos de outras turmas nos ajudariam na preparação.De um jeito ou de outro, a próxima semana ia ser muito longa.
Quando estava saindo da escola, em direção a minha casa, uma das meninas do meu grupo me abordou e me parou, meio ofegante e animada ela perguntou:
—Você é a Lisa né? Então, Kevin e eu pensamos em chamar todos do nosso grupo para a casa dele hoje, para resolvermos os preparativos do evento. Sabe né, a gente tem que superar a turma do ano passado então já seria bom começar a planejar tudo com antecedência.
—Certo, vocês estão indo agora?
—Sim, Kevin e os outros estão esperando no carro, Thommy e o resto vão mais tarde. — disse a garota de longos cabelos cacheados. — Você vem?
—Certo. — falei, um pouco relutante, e a segui. Eu não conhecia nenhum deles direito, mal sabia seus nomes, a única coisa que sabia era que a garota de cabelos cacheados namora com o tal do Kevin que estava no volante. Haviam mais dois garotos no banco de trás comigo, ambos do time de futebol.
Quando chegamos na casa de Kevin, peguei meu celular para notificar meu pai de que iria chegar mais tarde em casa, mas quando liguei o aparelho, percebi uma notificação do Instagram na aba principal.
@finnwolfhard: acho que deixei minha carteira na sua casa.
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That Blonde Girl // finn wolfhard.
FanfictionLisa Cassimiro não esperava encontrar Finn Wolfhard em uma festa de famosos que sua amiga fora convidada, e muito menos que todos os acontecimentos seguintes iriam conspirar para que os dois passassem tempo juntos. Quais as chances?