Wuliang's protectors

O conto dos protetores de Wuliang

Wuxi entrou no quarto dos filhos e os viu bagunçando sem ir dormir de verdade. Suspirou baixinho evitando rir, pois sabia que isso só pioraria a situação e daria incentivo indireto aos quíntuplos para continuarem a pequena algazarra.

Assim, sabendo que tinha que colocá-los para dormir no horário certo, foi até eles e os olhou firme antes de apontar as camas:

— Deitem-se.

— Mas... Mamãe! Estamos sem sono!

Liuyu, seu filho mais espivetadinho disse emburrado e Wuxi soube que teria de contorná-los aquela noite, por isso foi até os pés da cama, se sentou lentamente e arrumou as mangas das suas vestes demonstrando que ficaria mais um tempo com as crianças.

— Muito bem, então eu irei contar uma história curiosa que aconteceu há muito e muito tempo atrás entre os mesmos reinos de sua mãe e seus pais. Porém só contarei a história do décimo Buda e seus protetores mortais, se... Todos se deitarem em suas próprias camas e ficarem quietinhos para me ouvir. O que pensam sobre isso?

Foi como mostrar um doce de ano novo aos seus filhos. Eles amavam histórias e amavam ainda mais histórias que tinham como fundo os reinos distantes do norte e do sul do Continente.

Seus filhos eram apaixonados por histórias e lendas e ele sabia que iriam sossegar assim.

Agradeceu internamente todas as suas infinitas leituras e as de seus maridos, nunca ajudou tanto sua vida quanto a hora de dormir dos seus pequenos príncipes e princesas.

Assim que todos se acomodaram em suas próprias camas e mantiveram silêncio a espera da contação, Wuxi sorriu pequeno e trouxe da memória aquela história ainda inédita aos filhos.

— Bem, o que irei contar a vocês aconteceu muito antes do reino do seu avô e do avô do seu avô... Era um tempo em que o reino de Xian ainda nem existia, era conhecido entre as pessoas apenas como o reino livre do Sul enquanto Águas Glaciais tinha uma alta e inóspita montanha conhecida como o templo dos céus. Lá, diziam que morava um velho sábio mestre que dominava todas as artes marciais do mundo e tinha um alto cultivo, mas nunca subiu aos Céus, pois havia prometido A grande criadora do mundo, conhecida como Grande Alma, que cuidaria dos iluminados que nasceriam no mundo. Essas crianças poderiam nascer em qualquer lugar do imenso Continente e em todos os reinos, mas uma vez que fossem percebidas, deveriam ser levadas até ele para que assim pudesse criá-las e mostrá-las o caminho de Buda. Devidamente ensinadas, elas orariam pelo mundo e manteriam a paz e o equilíbrio no universo. Com elas orando e vivendo no templo dos céus, o caos e a maldade jamais governariam o mundo e assim todos poderiam viver uma boa vida. Porém na escuridão do leste começava a crescer uma seita muito poderosa que queria libertar o Caos e trazer devastação a todo o mundo e foi nessa época em que o que vou contar a vocês, aconteceu.

Seu nome era Wuliang e ele era o mais promissor dos iluminados.

O décimo Buda, como era conhecido, tinha uma audição excelente, uma conexão incrível com os deuses e era um jovem rapaz de temperamento plácido. Foi levado para o grande mestre ainda bebê e nunca conheceu outro mundo além do que existia no templo dos céus. Os outros nove Budas que estudavam e viviam com ele também o viam como o próprio santo encarnado e mesmo sendo ainda bem jovem, muitos vinham de todas as partes do Continente para pedir conselhos e ajuda.

Wuliang era como uma linda e brilhante lótus dourada no meio da neve e para todos, sem exceção, era realmente o símbolo da pureza divina.

E sua fama também lhe trouxe a catástrofe, pois a Seita adoradora do mal o temia acreditando que se ele chegasse à vida adulta dos vinte e cinco anos com aquela crescente adoração e força, ele poderia suprir o mal totalmente e eles jamais teriam outra chance de espalhar o Caos pelo mundo. Assim, em uma noite especialmente fria de inverno, a seita do leste convocou todos os seus membros e em uma aliança mortal jamais vista antes, eles marcharam em silêncio para a montanha onde havia o templo dos céus e a atacou, destruindo tudo e todos pelo caminho e queimando tudo o que havia por lá.