Destino

190 39 12
                                    


Era o destino dos quatro. Aquela viagem e o que viria dela... Era o destino deles.

E aquilo ficou mais claro com o correr dos dias. Os três guerreiros não compreendiam, mas o laço entre eles ia se formando e formando, pouco a pouco, lento, tranquilo e persistente. Não houve grandes tribulações por quase todo o caminho depois do ataque daquela noite e ainda assim eles permaneciam vigilantes ao extremo.

Vigilantes demais para com uma pessoa que eles diziam não ser tão importante para eles.

Wuliang agora, munido de conhecimento e respostas, apenas assistia a tudo com serenidade. Por saber que iria amá-los tanto e tanto e de forma tão intensa no futuro, já sentia o sentimento no presente. Saber, era sentir e sentir era reflexo do saber. Mas tinha consciência que os três teriam de nutrir e deixar florescer aquele sentimento afetivo e que seria tão verdadeiro um dia. Por isso deixou que os dias e convivência junto da longa estrada forjasse esses laços que em breve seriam indestrutíveis.

E foi forjado.

Caminhar um caminho tão longo, dormir tantas noites, caçar refeições e fazê-las juntos... Levava a intimidade, a conversas mesmo que mais difíceis com o Senhor dos lobos, levava a uma coexistência em grupo. Ele conheceu mais dos seus protetores e eles se conheceram melhor também e com o tempo... Sorrisos sinceros se tornaram mais fáceis, conversas mais profundas se tornaram possíveis e a amizade entre os três... Foi estabelecida.

Wuliang descobriu que os crimes que os três cometeram não eram imperdoáveis, que o espadachim até mesmo se arrependia no fundo por todas as vidas tiradas e o senhor dos lobos entendeu que nem todos os humanos eram ruins. O caçador de recompensas compreendeu que roubar não era solução e que assim que a missão terminasse, ele se tornaria um homem do campo.

Wuliang sentiu que aquele era o momento, o momento de dar o próximo passo em direção a eles...

— Ji Chong, se deseja plantar, cuidar da terra e viver do que a terra fornece, eu gostaria de poder acompanhá-lo. Sempre quis viver próximo da floresta, acho... Que eu seria feliz assim – Ele olhou para o fogo naquela noite ainda fria, mas não congelante e sorriu pequeno – O mestre pediu para que eu fosse feliz, ele disse "Vá para o reino do sul e fique seguro. Viva bem o resto dos seus dias, reze pela humanidade, seja você no caminho que escolher, mas viva. Essa é minha última ordem." Ele não delimitou que Sul ou como eu deveria viver bem. Eu acredito que viveria bem sendo um camponês, poderia ainda rezar pela humanidade, nós podíamos erguer um pequeno templo próximo da casa e assim eu posso ser eu mesmo nesse caminho – Ele ergueu os olhos e olhou o homem belo e gentil que escondia todos seus atributos por baixo da fachada descarada e sorriu ainda mais feliz – Eu não irei atrapalhar, prometo ajudar em tudo o que for possível!

— Você plantando arroz é como ver um tigre no meio de um jardim de flores, não ia sobrar nem pétala, Xiaotuzi.

Lang Zai disse com um pequeno sorriso e seu coração enterneceu. Aquele homem... Era igualmente belo e honrado e não via seu mundo mais sem que ele o chamasse daquela forma, mesmo sendo para provocá-lo.

— Bem, não saberemos até tentarmos.

— Uma vida campesina... – Feng Ren disse em tom pensativo – Não é uma má ideia...

— Então venha conosco! – Wuliang o empurrou de leve com o ombro já que estavam sentados próximos – Vamos morar todos juntos! Podemos fazer isso, eu sei que podemos! Podemos achar algum lugar próximo de uma das montanhas floris para que Lang Zai se sinta mais próximo de casa e ainda que tenha riacho por perto para que Ji Chong não reclame de ir muito longe para buscar água. Podemos construir uma casa de pedra ao invés de madeira, assim você não reclamaria de que um vento poderia destruir e todas aquelas coisas sobre perigos do tempo. O que me diz?

Wuliang's protectorsOnde histórias criam vida. Descubra agora