Wuliang's protectors

Revelação

  Wuliang abriu os olhos sentindo um calor aconchegante de um fogo alto e constatou que sim, estava próximo de uma fogueira, sobre uma pele quente e debaixo de uma tenda alta feita de um material claro, mas que obviamente não era tecido.

Não estava sozinho. Uma mulher com o rosto pintado estava passando algo em sua pele, especificamente seu braço e ele estava despido da cintura para cima.

Ofegou e ela deu uma pequena risadinha divertida de um modo que nunca viu em outra pessoa e falou em tom doce:

— Não tema a mim, Sua Graça, eu estou aqui apenas para curá-lo, foi sua sorte e a de seus protetores nos encontrar no caminho do meio. Essa ferida estava lhe matando, esse veneno que os servos do Caos usam não possui antídoto em seu mundo.

— Você... Vem do reino dos céus!?

Perguntou chocado, mas sua voz fraca soou apenas exausta mesmo. Ele, por algum motivo confiava nela, sentia... Só sentia que ela era uma boa pessoa.

Ela negou e terminou de cobrir sua ferida com as ervas estranhas e cobri-la com um pano limpo. Os dedos eram ágeis, rápidos, seguros.

— Não – Ela se sentou com as pernas cruzadas ao seu lado e lhe olhou firme – Eu venho de um mundo muito distante, mas seus companheiros não devem saber, aqui eu sou apenas uma andarilha errante, curando enfermos, quando é possível, do veneno dos servos do Caos e procurando a árvore sábia que terá a resposta para minha pergunta. Uma pergunta que não pode ser verbalizada.

Ele entendia, ele cultivou desde criança, sabia o poder das palavras e das perguntas do coração. Então pensou sobre a forma em que ela o chamou.

— Você me chamou de Sua Graça... O que significa? Eu já fui chamado de grande Buda, o Iluminado e bem...

— Recentemente de Xiaotuzi, não é mesmo?

Ele via diversão carinhosa em seus olhos e assentiu um pouco envergonhado. Não sabia dizer o porquê, mas se sentia assim... Ainda se lembrava dos braços do Senhor dos lobos ao seu redor e do calor emprestado naquele dia congelante...

— Sim.

Murmurou, não questionando como ela sabia daqueles fatos. Ele sempre acreditou no mundo da magia, ele foi criado entre muitas pessoas que conheciam o divino e sabiam de outros mundos.

— Sua Graça é só um dos muitos títulos que você possui, Wuliang – Ela lhe disse olhando em seus olhos agora de forma séria e intensa. A chama ardia atrás de seu corpo emprestando sombras misteriosas ao seu redor, mas não havia perigo, havia apenas... Sabedoria e mistério – Sua família se foi, mas uma nova família se cria em sua estrada. Em alguns instantes seus protetores entrarão nesta tenda e nunca mais nos veremos. Esse povo que me segue e eu os sigo, é errante, aqueles que cruzam nosso caminho são ajudados e então nunca mais nos veem. É assim que tem de ser, mas o Cosmo quis que nos encontrássemos aqui e nada nesse Universo é em vão, então eu lhe mostrarei algumas coisas, umas que lhe serão úteis, outras que nunca lhe interessará em sua vida neste mundo, mas que viverá em outros, em alguns realmente já vive, hoje e amanhã, na grande roda da vida – Ela estendeu a mão e assentiu – Me entregue suas mãos e eu lhe mostrarei você em outros mundos e você em seu mundo, seu presente e seu futuro. A grande criadora desse mundo que chamam por Grande alma lhe poupou a vida por conhecer seu futuro, sua vida deve ser mantida e sua fé protegida, suas orações manterá o mundo longe das trevas como seus outros eus o fazem, alguns sabem, outros não. Mas todos vocês estão ligados na imensa trama do Cosmo, trama essa que distância temporal e espacial não pode romper. Essa noite, em meu mundo, é chamada de Halloween, nós podemos romper os véus, eu e você, e descortinar o tempo... Se quiser saber e entender, junte suas mãos as minhas.