𝐒𝐘𝐌𝐏𝐇𝐎𝐍𝐘 𝐎𝐅 𝐂𝐇𝐀𝐎𝐒 𝄂 Aqueles que não se lembram do passado estão fadados a repeti-lo.
Todos temos um passado.
Todos temos segredos.
Quando Amaris Northman chega a Nova Orleans, traz consigo segredos sombrios e uma aura enigmática que...
"Quem com monstros luta deve ver que não se torne também um monstro. E se você olhar muito tempo para um abismo, o abismo olhará para você."
Friedrich Nietzsche
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▌Memórias Veladas ▌
AQUELE ERA UM DIA NORMAL. Giuseppe acordou às 5 da manhã, preparou o café, pegou o jornal deixado à sua porta às 6 e o leu enquanto tomava o café preto, sem açúcar. Assim que terminou, subiu para acordar o neto, Peter, para a escola e logo depois foi se arrumar para abrir seu pub e receber algumas entregas.
Quando estava pronto, já eram 7h30. Peter saiu correndo, atrasado como sempre. O velho homem, sem pressa, girou as chaves nos dedos enquanto caminhava até a porta. Entrou em seu carro e seguiu o trajeto de sempre, num caminho calmo e previsível.
Ao chegar, desceu, trancou o carro e atravessou a rua em direção à sua loja. Notou que o mesmo carro vermelho do dia anterior ainda estava estacionado em frente ao pub. "Provavelmente algum turista que bebeu demais e esqueceu onde estacionou", pensou.
Com o molho de chaves na mão, ele destrancou a porta e entrou. Foi quando a viu: uma mulher de cabelos albinos, sentada em um dos banquinhos do bar, derramando absinto em seu copo.
Os olhos de Giuseppe se arregalaram. Um arrepio percorreu seu corpo. O coração, antes tranquilo, começou a bater descompassado. A respiração ficou irregular, e ele deu um passo para trás, o pânico se instalando.
Ele a observou com um olhar inquisitivo, o rosto refletindo surpresa e preocupação. A mulher parecia alheia a tudo ao seu redor, mergulhada em seus próprios pensamentos.
Um frio percorreu a espinha de Giuseppe, e o ar sumiu de seus pulmões. O medo nublou sua mente, e a tontura o atingiu. Suas chaves caíram no chão.
"Não pode ser..."
Ele precisava sair dali. Tentou abrir a porta, mas ela não se movia. Desesperado, forçou a saída, mas em vão.
- Já está de saída? Mas você acabou de chegar. Sente-se e beba comigo, pelos velhos tempos - disse a mulher, enquanto servia mais absinto no copo cristalino.
As palavras soavam como um pedido, mas Giuseppe sabia que era uma ordem. Relutante, ele caminhou em direção à mulher, seu corpo tremendo. Tentava não fazer barulho enquanto pegava um copo atrás do balcão.
