As Lendas e o Cupido Parte 3

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Em meados do século XIX (dezenove), Radamanthys, um jovem inglês, louro e recatado, vindo de uma respeitável família burguesa, no auge dos seus vinte e três anos, recebe uma carta com a proposta de cursar direito em Paris, França, na maior universidade da Europa. Empolgado com seu futuro promissor, não pensa duas vezes e logo embarca em busca de seus sonhos.
Os dias se passam e não demorou para que as aulas do rapaz tivessem início. A classe era composta pelos mais belos homens da alta sociedade. As aulas ocorreram como esperado, mas algo chamava atenção, todos da classe, incluindo os professores, olhavam diferente para um em especial, por isso, resolveu perguntar o seu nome para um colega ao lado que o apresentou como Camus, porém acrescentou que deveria entrar em uma 'fila de espera' para conseguir um de seus horários livres. Camus, um homem ruivo e sardento, na casa dos vinte anos, sentindo que era encarado olhou de volta e sorriu minimamente para os dois que se sentavam logo atrás de si, e neste momento, o coração de Radamanthys pareceu falhas suas batidas e sentiu seu rosto queimar, retribuindo o sorriso, e aquele olhar frio que o francês expressava até então, se tornou um pouco mais doce.
Meses foram se passando, e com isso, as trocas de olhares não pararam de acontecer, cada vez mais frequentes. Dias após, ao sair de um bar onde seus amigos praticamente o arrastaram e agora era ele quem carregava um deles de tão embriagado, o loiro passava por um beco onde ouviu um choro que lhe cortava o coração. Chamou a carroça que levaria seu amigo até em casa em segurança e entrou no local portando uma faca como autodefesa, mas o que viu o machucou muito mais. Camus, deitado em um canto em posição fetal, chorava com as mãos sujas de barro em seu rosto, suas roupas rasgadas estavam banhadas no próprio sangue que vinham das feridas espalhadas pelo corpo. Radamanthys então se aproximou, o pegou no colo mesmo com os protestos do outro, incluindo chutes, socos e tapas, todos muito fracos para um rapaz de seu porte, o cobriu com seu casaco e o levou para casa onde deu-lhe um banho, trocou suas roupas, lhe fez curativos e chamou um médico que passou alguns remédios que, mais tarde, o inglês comprou para ele.
No outro dia, assim que o ruivo acordou, Radamanthys lhe interrogou o porquê de estar naquele beco, mas o francês não o disse, apenas agradeceu e foi embora. No outro dia, na universidade, todos olhavam para si e cochichavam como se soubessem de algo, e durante a aula, o amigo do inglês veio falar consigo, e lhe perguntou como havia sido a noite com o mais cobiçado cortesão dos salões e teatros parisienses, e foi então que sua ficha caiu, Camus era um meretrício, um homem da noite, rapaz de companhia, como quisessem nomear, de qualquer forma que o chamassem, isso não mudava o fato de ele cobrava por proporcionar prazer carnal a outros homens, o que apenas fez com que o homem enlouquecesse de raiva, pensando que era isso o que desejava de si naquela noite.
Naquele mesmo dia, quando Camus saia da biblioteca onde usava para estudar antes do entardecer, Radamanthys o prensou contra a parede prestes a lhe dar um soco em seu rosto…
- O QUE PENSOU QUE ESTAVA FAZENDO?! QUER ARRUINAR TUDO?! SABE O QUANTO ME ESFORCEI PARA ESTAR AQUI?!!
SOBRE O QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO???
- VOCÊ SABE MUITO! NÃO SE FAÇA DE IDIOTA!
- EU NÃO TIVE CULPA!
- EU TAMBÉM NÃO VOU TER CULPA QUANDO..!
- RADAMANTHYS!!! SOLTE-O!
Após a fala de um colega de classe de ambos que vinha apressadamente em direção a ambos, lentamente o inglês baixou seu punho, mas o ódio ainda era visto em seu olhar, assim como o medo nos olhos do belo homem das sardas, que ainda estava se reabilitando de suas feridas.
Após o loiro explicar toda a história, o amigo dos rapazes aconselhou ao inglês a ouvir tudo que aconteceu naquela noite e, com muita insistência, Camus pôde explicar a verdade…
- Naquele dia eu estava saindo de uma biblioteca onde fui ler um livro de receitas sobre… Comidas inglesas, mas um homem me abordou e perguntou se eu não gostaria de sair com ele, eu recusei, com o pretexto de que não fazia mais isso, pois… estava apaixonado, e por essa pessoa eu queria ser alguém melhor, alguém realmente digno, assim, dessa forma, ela pudesse me aceitar, mas… mas ele não aceitou..! E começou a me xingar e me agredir..! Me levou para aquele lugar, rasgou minhas roupas e ele… ele… Foi horrível! Me perdoe Radamanthys! Por favor, me perdoe!
Camus chorava, algo que nenhum dos dois rapazes nunca haviam visto, pois o olhar e a expressão de sua face eram sempre frios. Aquilo não correspondia com sua personalidade, entretanto, com tudo o que havia passado, aquela não era a hora nem o lugar para discutir. O francês nem ao menos precisou terminar sua fala, o louro o abraçou e afagou suas costas, beijou o topo de sua cabeça e o apertou ainda mais contra si, como se quisesse apenas protegê-lo do mundo e de suas maldades.
Olhando para cima, Camus sorriu minimamente e sussurrou um: ' - Eu te amo…', e o inglês apenas sorriu-lhe de volta fazendo o outro entender que era recíproco.
Radamanthys o pegou no colo, olhou em seus olhos, beijou seus lábios rapidamente e seguiu caminho feliz em finalmente ter encontrado seu amor.
Assim que o casal virou o corredor, um brilho forte inundou o local…
- Esses meus meninos são complicados, mas sei que fiz a escolha certa e que eles ficarão bem e felizes juntos...

História Imagine Saint Seiya - Here You Can EverythingOnde histórias criam vida. Descubra agora