O dia amanheceu nublado, e em seu quarto, Afrodite, o bispo da região da Suécia, observava a evolução do pequeno canteiro de rosas que havia plantado abaixo de sua janela. Em seus pensamentos, dois rapazes, grandes amigos seus, ocupavam todo o espaço não lhe sobrando nem mais para pensar sobre as coisas da igreja, mas isso, ao contrário do que poderia acontecer com muitos, não lhe incomodava, na verdade, até gostava da sensação de calor que lhe preenchia o peito e, que sempre que os via, seu coração batia forte, eram bons sentimentos, mesmo ainda não sabendo o que era, por isso, resolveu rezar, pedindo a Deus para que lhe mostrasse o que era aquilo que assombrava seus sonhos lhe fazendo lembrar das vezes que em que ele e seus amigos arrancavam pétalas a um malmequer, faziam figas, pediam desejos a estrelas cadentes ou fontes de água milagrosas, faziam promessas de estarem sempre juntos, e várias outras coisas que o faziam sorrir somente com as as lembranças que possuía.
Uma hora se passou até Afrodite resolver sair de seu quarto. Foi até a cozinha onde comeu um pedaço de pão círio e tomou um copo de chá de capim-santo, após, foi até o concessionário onde ficaria naquele dia, substituindo o padre que não estava muito bem de saúde. Muitas pessoas confessaram seus pecados diante do homem sem ao menos saber que o padre não estava presente naquele momento, mas sim, o próprio bispo, entretanto, foi apenas na última pessoa que chegou onde Afrodite realmente conseguiu prestar atenção sem se perder nos próprios sentimentos. Quem chegara era Miro, um de seus amigos a quem tanto lhe tinha carinho. Meio tímido, de forma que nunca havia sido, o rapaz sentou-se na cadeira estofada, prendeu seus cabelos em um rabo de cavalo meio frouxo e olhou para dentro da cabine. Aquele olhar penetrante tirava o fôlego do homem de Afrodite, que precisou respirar fundo para não se perder em meio ao brilho de seus olhos.
Miro começou sua sessão. Falou sobre seus pecados, nada que o bispo não soubesse, afinal, o homem sempre foi de falar muito, mas logo começou a falar sobre seus sentimentos, uma área que ele nunca tocava, e não demorou para Miro confessar que estava apaixonado por dois de seus amigos provocando assim grande dor e tristeza ao coração de Afrodite, que sentiu uma forte e inexplicável vontade de chorar, mesmo assim precisava continuar, então passou toda a confissão quieto, apenas ouvindo o rapaz dizer o quanto esses dois homens eram incríveis.
Naquela noite, Afrodite não conseguiu dormir, apenas pensando nas palavras de Miro. Rolava de um lado para o outro, e sempre que estava quase cochilando as palavras do homem vinham à sua mente o despertando mais uma vez. Por fim, lembrou-se da oração que havia feito e finalmente pôde entender o que estava acontecendo: estava apaixonado, não apenas por Miro, mas também por Aioria, seu outro amigo.
Uma semana após, uma assembléia foi feita pela alta corte da época, convocando a igreja a estar presente, o imperador Érico VI proibiu a realização de casamentos durante aquele período onde a Suécia estava em guerras, acreditando que os solteiros eram melhores combatentes e que se concentrariam mais facilmente na guerra e na vida militar. Revoltado com tal ordem, Afrodite retirou-se do recinto e seguiu para seus aposentos, onde trancou a porta e ficou observando o pôr do sol que se iniciava no horizonte. Isso era revoltante aos olhos do sueco, que sempre defendeu que o amor é a base de tudo. Irritado, sabia que deveria fazer algo a respeito, mas também estava ciente que não conseguiria sozinho, por isso esperou o dia seguinte para ver o que faria.
Na tarde do dia após a assembleia com o imperador, Afrodite recebeu a visita de seus dois melhores amigos. O primeiro a chegar foi Aioria. Ao entrar no quarto do bispo, Aioria percebeu algo diferente, a ausência do brilho no olhar do homem que sempre esteve presente quando ele estava por perto, além disso, não o encarava mais, sempre desviava, olhando para um canto qualquer do cômodo, rolando suas orbes inquietas como se nem mesmo conseguisse prestar atenção no que acontecia a sua volta. Resolveu então 'forçá-lo' a se acalmar. Prensando Afrodite que estava sentado na cama, Aioria o abraçou fortemente e, mesmo que o sueco de debatesse em seus braços, ele continuava a segurá-lo, apenas aproveitando o momento onde se era possível sentir o perfume do homem…
Miro então chegou. Abriu a porta sem bater e não teve reação ao ver Aioria sentado no colo de um Afrodite irritado. Não podia negar que a cena era cômica, porém, doía ao mesmo tempo ver os dois homens que amava juntos sem sua presença, mesmo assim não dava mais tempo para voltar atrás, então trancou a porta, se aproximou e escorou-se na parede ao lado da cama.
A pequena briga continuou e logo Miro entrou no meio, no final rendendo boas risadas do trio, até Afrodite cortar o clima e dizer que precisava falar com os dois sobre um assunto, com isso, explicou o acontecimento do dia anterior, contando sobre as falas absurdas do imperador, irritando igualmente os amigos, que defendiam e lutavam pelas mesmas causas que o rapaz. Com tanta revolta, conseguiram definir um plano para a celebração de matrimónios escondido da monarquia.
Semanas se passaram com o plano em ativo onde casais se beneficiavam da colaboração do bispo e de seus amigos, e os mesmos se contagiavam com a felicidade e adrenalina que se era produzidas indo contra o sistema. Neste tempo, os sentimentos do grupo apenas se fortaleceram a cada dia mais e, 'sem querer', quando um ia passar pelo outro, pelo espaço limitado em que se encontravam durante suas transições, seus lábios roçavam levemente nós dos outros, aumentando ainda mais a paixão, entretanto, logo o plano foi descoberto por Érico VI, que mandou o pobre bispo para a prisão, e o condenou à morte. Na prisão, Afrodite chorava dia e noite de saudades de seus amigos que não possuíam permissão de ir visitá-lo.
Dias se passaram até um guarda vir falar consigo. Ao olhar pelas grades de pedra de sua cela, percebeu ser o pai de Aioria, que trabalhava para a monarquia à anos, naquela mesma profissão como carcereiro. Entregou-lhe então um pequeno pacote, sorriu para si, e saiu sem dizer nada. Ao abrir, constatou ser um pedaço de pão, um pouco de água, ambos devorou rapidamente pelo fato de não comer nem beber a dias, e uma carta, onde Aioria dizia que, tanto ele, quanto Miro, sentiam a sua falta, e que tentavam de toda forma o libertar, pediam que ele ficasse bem e que não se esquecesse dos dois, pois eles não o esqueciam, dizia que estavam com medo do que iria acontecer caso não conseguissem sua liberdade e pediam perdão por todas as feridas que um dia haviam causado no rapaz, por fim, dizia que ambos o amavam e que esperavam que fosse recíproco. Afrodite chorava como criança por nunca ter tido a chance de se declarar, entretanto, já era tarde, o momento da execução já havia chegado. Se dirigindo para o local, o sueco orava com todas as forças que ainda restavam em seu ser, pedindo apenas que os seus dois amados ficassem bem. No local, seu pescoço foi colocado no encaixe da guilhotina e uma cesta embaixo esperava por sua cabeça. Na platéia, o que se apresentava eram os gritos de ódio e indignação da população contra o imperador, mas a única coisa que conseguia ouvir era o choro de Miro e Aioria. Ao localizá-los, moveu os lábios dizendo lhes amar, abaixou a cabeça e esperou a lâmina afiada que nunca veio, olhou então para os lados e viu o imperador com lágrimas escorrendo por seu rosto, e um pequeno pergaminho cor de rosa em mãos, em seguida, Érico VI deu as ordens para que soltassem o prisioneiro e alí mesmo abdicou de sua lei contra o casamento e retirou o título de bispo de Afrodite. Ao descer do palanque onde estava, correu para os braços dos amores de sua vida e os beijou, por fim, antes de partirem o rei lhes disse a seguinte frase:
- Vossas senhorias possuem uma forte aliada a vosso lado… Sejam felizes e amem com todas as forças de vossos corações..!
Eles não entenderam o que aquilo significava, mas também não se importaram, apenas seguiram o caminho que os levaria para casa.
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História Imagine Saint Seiya - Here You Can Everything
RandomÁ algum tempo atrás as fanfics de imagine eram muito famosas, mas atualmente isso parece ter mudado aqui na categoria de Saint Seiya e eu estou louca para reverter isso. Aqui vocês poderão ser o que quiserem! Querem ser cupidos de um casal Yaoi e/ou...