Capítulo 2

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Miguel sentiu suas forças abandoná-lo, aproximou-se da cadeira e deixou o corpo cair, suas pernas não eram capazes de mantê-lo de pé. Becca, sentou-se a sua frente e voltou a lhe segurar as mãos, lágrimas banhavam seu rosto e Miguel tentou dizer alguma coisa. Fechou os olhos e voltou abri-los, talvez tudo não passasse de um pesadelo. Abaixou a cabeça e deixou que suas lembranças o levassem para a última vez que a vira.

Estavam completando três anos de namoro e ele sabia que seu coração era dela, Duda era a mulher da sua vida, não existira e nem existiria nenhuma outra que faria seu coração bater tão apaixonadamente, queria dividir sua vida com ela, ter filhos, construir uma família. Estava ensaiando há quase um mês para fazer o pedido, havia falado com seu irmão, pois Nicolas seu amigo de infância era o homem da família, desde a morte prematura do pai deles.

Havia pensando em fazer uma noite romântica, levá-la para passear a beira do rio, fazer um pique nique e no final pedir para que ela se casasse com ele, mas tudo fora por água a baixo, quando ao chegar para buscá-la, Duda encontrava-se calada, quase nem o olhara, durante o pique nique quase não comera, percebendo que algo ia errado, Miguel não conseguiu mais se segurar.

— Duda, o que está acontecendo? Parece infeliz. — segurou-lhe o rosto quando esta tentou virá-lo — diga-me o que está acontecendo.

— Miguel, tenho algo para lhe dizer, mas não sei como. — disse tristemente.

— Apenas diga, tenho certeza que juntos poderemos resolver tudo.

— Será, Miguel?

— Claro, minha linda. Vamos lá! Diga-me. — Miguel beijou-lhe o rosto e esperou que ela lhe dissesse o que tanto a afligia, só não pensava que ao proferir aquelas palavras, Duda estaria acabando com seu mundo.

— Lembra-se quando disse que meu sonho era trabalhar como enfermeira de trauma?

— Claro, cheguei a dizer que deveria fazer o concurso para bombeiro, mas você não quis. — ela balançou a cabeça enquanto ele falava.

— Não quero ser bombeiro, quero ser enfeira de trauma, trabalhar na emergência de um grande hospital.

— Eu sei, mas aqui não temos tantos casos de trauma, e quando temos o corpo de bombeiro é o primeiro a chegar ao local e fazer todo trabalho de resgate, nosso hospital é o melhor da região, mas para o que você quer não serviria. — disse observando-a.

— Eu sei, por isso resolvi me candidatar para uma vaga no hospital de Urgências em Goiânia. — disse com a voz entrecortada. — e hoje recebi a resposta, fui aceita.

Miguel sentiu seu mundo desabar, a mulher que amava, a mulher que tinha sua vida nas mãos, a mulher que era seu mundo estava dizendo que iria partir, estava abandonando-o.

— O que você está dizendo, Duda? — mesmo com o coração dilacerado, sua voz saiu tranquila e firme.

— Estou dizendo que consegui a vaga no hospital e que vou me mudar para Goiânia no final de semana. — Duda não conseguia olhá-lo, sabia que o estava magoando, Nicolas havia conversado com ela e dito que Miguel iria pedi-la em casamento essa noite e que ela deveria contar a ele que estava partindo antes que ele fizesse o pedido, deveria ser justa com ele e era isso que estava fazendo, porém ao olhar para aqueles olhos verdes que tanto amava, não conseguia ver nada além de rancor e magoa.

— Você nem pensou em discutir comigo quando resolveu se inscrever para esse trabalho?

— Quando me inscrevi não acreditava que iria ser contratada, então optei por não dizer nada, mas agora, vejo que agi errado, devia ter lhe falado.

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