Capítulo 1

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O gabinete do prefeito estava lotado devido à reunião de última hora que fora convocada, Miguel desabotoou os dois primeiros botões de sua farda e olhou para a janela, soltando um suspiro desistiu de tentar se aproximar dela. O calor em Aruanã estava escaldante como sempre e o pobre ar-condicionado não estava conseguindo refrescar o ambiente.

Tentando manter os olhos abertos e focar no que o prefeito dizia, voltou a olhar para seus amigos que estavam ali. Havia passado a noite em plantão e como a temporada de férias já estava no inicio, precisavam ficar de olhos atentos para que nenhum banhista desavisado sofresse algum acidente.

— Capitão, o que acha dessas medidas?— a voz anasalada do prefeito tirou-o de seus devaneios. Apertando os olhos para tentar espantar o sono, procurou lembrar o que ele havia dito. Percebendo a situação do amigo, Lucas, o agente da polícia Rodoviária Federal que fora convocado acabou salvando-o.

— Miguel, o que acha de estabelecermos uma ação conjunta entre o corpo de bombeiro, polícias civil, militar e a rodoviária federal para que possamos impedir a chegada de tantas drogas durante a alta temporada? — Miguel olhou grato ao amigo e se levantou, caminhando até a garrafa de café, servindo-se, voltou-se para o prefeito.

— Acho que essa medida será de grande ajuda, pois estamos com muitos problemas em relação a afogamentos devido ao uso de entorpecentes. — tomou o café e voltou a se sentar, precisava acabar logo com aquilo. — ainda nessa madrugada tivemos que retirar um adolescente do rio, estava quase morto quando conseguimos encontrá-lo — passou a mão pela cabeça raspada e soltou um suspiro — isso tudo é uma merda muito grande, não consigo entender o que esse bando de idiotas pensam, enchem o rabo de droga e entram no Araguaia, o rio já é mortalmente perigoso para pessoas em posse normal de sua sanidade, imagina para um drogado.

— Como se já não bastasse os bêbados que vêm aumentando a cada temporada — completou Nicolas, o coronel do destacamento da polícia Militar da cidade — Não consigo entender o que esse povo tem na cabeça.

— Não estamos aqui para dar lição de moral e conduta aos nossos turistas e sim tentar achar uma forma de que eles sobrevivam às merdas que eles fazem e impedir que essas porcarias entrem em nossas casas. — contrapôs o prefeito.

— Acredito que isso seja justamente o que precisamos — Delegado Fábio comentou pensativo — podemos encontrar uma pessoa para dar palestras para os banhistas, tentar pelo menos, quem sabe se passarmos alguns vídeos de afogamentos e acidentes diversos causados pela irresponsabilidade consigamos diminuir nosso trabalho esse ano.

— Acredito que possa ser possível, precisamos apenas de alguém qualificado e disposto a isso, alguma ideia?— Questionou o prefeito.

Miguel estava tão concentrado em se manter acordado que não percebeu quando todos os outros viraram olhando-o, apenas quando Lucas chutou-lhe o pé que voltou a focar nos homens que estavam na sala.

— O quê? Querem que eu faça as tais palestras? — caminhou novamente até a garrafa de café e entornou o líquido de uma só vez — sinto muito, mas acredito que não consiga, mal tenho conseguido me manter de pé. — olhou para o relógio e suspirou — preciso mesmo ir para casa dormir um pouco, estou no meu limite.

— Não queremos que você assuma as palestras, mas acreditamos que você conheça a melhor pessoa para esse trabalho — comentou Nicolas.

— Desculpem-me, mas não consigo pensar em ninguém no momento, posso ver o doutor Leonardo, às vezes ele consiga arrumar um tempo em sua agenda ou peço para Becca ver com ele. — voltou a se sentar, estava impaciente, doido para ir para casa e cair na cama.

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