Lorenzo

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Chegamos rápido em Registro. Foi praticamente o tempo de oração e agradecer a tudo.

Fomos conduzidos até a ocorrência. O barulho das bombas ainda se fazia presente. Não se sabe pra que direção o artifício iria. E muita, muita pólvora mesmo. Polícias tentavam afastar os curiosos, familiares procurando por parente, moradores abalados, pessoas perdendo tudo, pessoas feridas, crianças chorando, pessoas mortas. Essa era a pior parte do nosso trabalho. Não tem como descrever a proporção do estrago. Era o verdadeiro caos.

Dou uma última conferida no meu EPIs pronto pra ação.
Liguei a mangueira para fazer o resfriamento. Eram muitos caminhões e homens. Novas explosões eram sentidos e fogos de artifícios estourando as vezes do nosso lado. O fogo já consumia boa parte da comunidade. Foram horas e horas de trabalho.

Meu descanso foi tomar água e colocar a máscara de oxigênio. Nesse tempo só deu para ler a mensagem de Bella e isso me deu um gás para poder continuar. Poderíamos vir a óbito por inalar aquela fumaça.

Quando estava voltando do intervalo senti uma explosão. Por sorte não me machuquei.

Mesmo assim senti um grande impacto indo ao chão. Me levantei rapidamente e vi Jorge desfalecido no chão e uma grande poça de sangue ao redor da sua cabeça. Corri em sua direção. Estava muito grave.

Chamei o pessoal do resgate que prontamente correu para lhe salvar. Nem temos tempo para lamentar. Voltei para o meu posto. minhas mãos estavam dormentes. Já tinha amanhecido. O fogo estava quase extinto. Eu estava a mais 24 horas acordado. Agora era fazer o rescaldo. Estava na hora de fazer outra pausa. Tomei água e joguei um pouco no rosto. Voluntários ofereciam comida. Mas nesse momento nada descia. Garganta ardendo e um gosto amargo na boca. No máximo consegui comer algumas frutas.

Voltei para o oxigênio e procurei meu celular. Caramba não encontrei. Acho que o impacto acabei perdendo. Os choros, as lamentações ainda se fazia presente. Voltei para ajudar no rescaldo. Tudo era cinza. Por volta das 16:00 hs fomos levados a uma base militar para podermos descansar. Tomei um banho demorado. Nem estava raciocinando direito. Apenas deitei e apaguei. Dormi quase 12 horas seguidas. As 04:00 hs estava de pé. Alguns estavam acordados e outros ainda dormiam. Levantei fiz minha higiene. Passaram avisando que tinha comida e café da manhã no refeitório. Dei graças a Deus!.

Estava morrendo de fome. Optei pela comida mesmo. Aos poucos os companheiros foram chegando.

Perguntei do Jorge. Infelizmente ele não resistiu. Tive um misto de se sensações. Tristeza, raiva, dor, angústia era complicado aceitar perder um amigo de farda. Nesse momento só queria voltar para casa e rever minha família e principalmente voltar para os braços da morena.

Tivemos que esperar a liberação do corpo de Jorge para voltarmos.

Chegamos na corporação fomos recebidos pelos companheiros

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Chegamos na corporação fomos recebidos pelos companheiros. Geralmente quando voltamos de alguma missão somos recebidos com festa e nossas famílias. Mas dessa vez foi contido, não tínhamos o que comemorar.

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