A Excursão

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── Vamos, todos queremos chegar em casa antes do natal, então, acelerem os passos. ── o líder da excursão falou ao apontar para o teleférico de gôndola. ── Estão todos aqui? ── olhou ao redor para checar os estudantes, porém, eles eram maiores de idade, sendo assim, julgou não precisar de uma inspeção mais detalhada.

── Cadê aquele menino do nome japonês? ── a garota perguntou.

── Ele é coreano e eu não sei, deve ter entrado em outra cabine. ── o menino apontou para o objeto.

── Certo, tanto faz, vamos logo. ── eles entraram no transporte e todos fizeram o mesmo.

── Não se preocupe, eu vou cuidar de você, cadê a sua família? ── o rapaz estava agachado na neve, limpando um pequeno espaço para alcançar o solo, podendo colocar o passarinho machucado ali para que descansasse um pouco. ── A sua asa está bem machucada, quer beber água? ── pegou a sua garrafa e derramou uma quantidade do líquido transparente na mão. ── Aqui, beba com cuidado. ── encostou perto do bico dele e esperou o passarinho beber, sorriu ao perceber que ele estava desperto, entretanto, não conseguia se movimentar direito. ── Vamos comigo, está tudo bem. ── segurou a pequena ave e começou a caminhar pela neve enquanto acariciava a cabeça do bichinho, até que olhou ao redor e percebeu que estava em um caminho cheio de árvores coníferas, sem avistar os cabos do teleférico. ── Eu tenho quase certeza que era por aqui, ou era por ali? ── olhava para os lados com certa confusão contida em seu olhar, começou a andar por uma trilha contrária e logo percebeu que não chegou ao lugar esperado. ── Droga!

O garoto de 22 anos encarava a vastidão branca da neve que cobria o chão, ao mesmo tempo em que alguns flocos caíam do céu de maneira violenta, o passarinho começava a piar em sua mão e o menino percebeu que o bichinho estava com frio, começava a ventar forte e o clima só piorava, ele fechou a mão para aquecer a ave e suspirou pesadamente, estava entrando em desespero. Ele continuou andando por toda aquela floresta, a excursão tinha o objetivo de visitar a plantação e a fauna nativa daquela região, já que as turmas pertenciam às mais diversas áreas da biologia, era o terceiro dia consecutivo e por isso, fizeram uma visita à montanha, puderam observar a paisagem, conhecer o pequeno vilarejo que morava no pico e presenciar a natureza em si, porém, um dos estudantes, o Kim Seokjin, se distraiu enquanto tirava fotos da neve acumulada nas folhas das árvores e agora, estava perdido. Em algum momento, sentiu as pernas doerem, ele estava agasalhado, mas a temperatura estava caindo drasticamente e além do cansaço por conta da caminhada, os flocos de neve estavam se acumulando no tecido, ao perceber que não conseguiria ficar andando por muito tempo, sentou em cima de uma rocha, soltou o ar pela boca e pegou a sua mochila, checando o que ele tinha. Sabe aquele momento em que a esperança surge e é destruída em questão de segundos? Pois é, ele havia levado comida consigo, mas ela estava coberta com a friagem local, o mesmo se dava com a água, havia andado tanto que a temperatura externa congelou o líquido na garrafinha térmica, ficou boquiaberto, sem acreditar no que estava acontecendo, decidiu passar o final de ano nessa excursão sensacional e agora, ficaria preso em uma montanha. Olhou para o passarinho em sua mão e abriu o seu casaco, cobrindo o animalzinho para que sobrevivesse ao frio, abraçou o seu próprio corpo e ficou ali parado, ele não podia sentar no chão, por conta da neve, mas não ousaria continuar andando, certamente as suas pernas iriam congelar, tentou achar algo que pudesse usar para fazer fogo, mas sequer foi atento para colocar um isqueiro em sua bolsa ou algo do tipo, mordeu os lábios e apenas começou a se lamentar, pensando em uma outra alternativa, desejava estar na cidade, observando as lindas luzes de natal, ouvindo o coral das crianças ou comprando um pirulito em formato de renas, sorriu minimamente ao lembrar que recebeu alguns presentes dos seus pais pela caixa postal, mas não teria a oportunidade de abri-los, tentava advinhar o que seria, queria se manter lúcido naquela situação, porém, era difícil pensar em uma solução quando até as suas luvas pareciam estar congelando.

Perdido No AlascaOnde histórias criam vida. Descubra agora