Sem Rosto - Início

Nem tudo se leva

Os sete andavam na chuva como cães vadios pareciam sem paradeiro andando ao sabor vento em direção as ruas Escuras do musseque  conduzidos apenas por feixes de luz que os raios emitiam ao rasgarem os céus, chegaram a uma casa sem iluminação, vidros partidos cheiro a Liamba assolava aquele local, com colchões no chão paredes todas escuras pelo excesso de fumo , sítio impróprio pra crianças.
Os bandidos prepararam um jogo de panos onde posaram o recém nascido que em nenhum momento se espantou com os trovões que rangiam no céu, os Miliates olhavam pra o Branco no breu que dominava aquele lugar  como se fosse um bicho estranho ...
Kafrique encostou perto do Branco e disse :  Chiedi una Chiamata e andate via da qui con il Bimbo il consosco suo padre...
O Branco espantado por ver aquele preto a entender a sua língua
Que fez sinal pra pedir pra ligar pra alguém..
Kafrique abanou a cabeça pra que o deixassem fazer a ligação
E eles aceitaram...
E receberam o telefone na mão do Branco e deram as indicações a pessoa ao telefone.

Kafrique saiu pra esperar o indivíduo .
No meio daquele bairro escuro se via os faróis a iluminar a rua era um Jeep preto parecia novo, Saiu um homem negro alto forte, corpulento roupa toda escura , óculos escuros, e olhou em direção a Kafrique e andou em linha reta até chegar próximo a ele e levantou os braços e o abraçou e gritou obrigado!!!
Com lágrimas nos olhos, olhou disse : Quinito muito obrigado .
Nganza kindila ... Salvaste o meu filho.

Kafrique  disse : Di Nada madje nos samo gatuno mas temo coração...
Afinal sou teu amigo desde que estávamos na casa dos padres Kuringa

Kuringa: Deus lhe pague  Quinito.

Kafrique: Madje  o que se passa ?

Kuringa: esse Branco é meu amigo filho de gajo muito rico na Europa ..e eu o salvei da morte e matei meus compatriotas lá em Genova fugi pra Itália, mas eles souberam que vim pra Angola .
A Ngueve morreu na semana passada após dar a luz eu só quero salvar o meu filho...

Kafrique: Porra.. por isso não gosto de políticas , comigo é tudo no papo recto sem falácias... Eu vou te ajudar você meu irmão mas eles não podem saber que te conheço , Aqui na minha nova vida ninguém se confia todos somos Kisonde mínima oportunidade picamos...

Entraram e os outros quatros já estavam  a tentar fazer o recém nascido não sentir tanto frio com uma fogueira sobre o chão de cimento com algumas mobílias de madeira Roubadas que serviram de lenha pra aquecer e iluminar aquele lugar.Os monadengues olhavam pra o negro e o branco que se abraçavam e trocavam conversa , nunca tinham visto pretos e brancos Amigos e tão próximos para eles todo branco é rico e todo pobre era seu serviçal nunca imaginaram que existem bumbos e brancos Amigos..
O  negro segurou a criança nos braços e disse: Meu nome Kuringa esse é meu único filho que nascerá hoje e vocês o protegeram.

Zé Maria: Nos no matamo só roubamo quem tira vida é Ngana homem no faz serviço que no é dele...

Kuringa: Porque vocês roubam em vês de estudar ?

2Toques: Xe papoite no kubico no tem papocho , no posso deixa mós irmão morre de fome ...

Kuringa: Se eu vós ajudasse a sair daqui , ir para um sítio melhor estudar aceitariam ?

Tito Saca a arma irritando e diz: Porra xe papoite no fala mais , vocês falam bué de ajudar pobre nos musseque no ajudam essa merda irrita , buede pidimo morre tipo rato  cala yhea...

Kafrique : Malemebe Malemebe ninguém vai matar ninguém...

Mas foi surpreendido pelo
Kuringa sem medo olhou pra arma sorrindo.
Diz : Como matar um homem morto vai resolver o problema dos pobres , eu tenho gente atrás de mim , pra me matar armas não me assustam ...
Levantou e posicionou o revólver bem no centro da testa e disse : Quem tem medo da morte nunca aproveitará a vida ...

Falou em língua estrangeira : Giulio prende il bambino e andiamo adesso...
Kafrique fez sinal do dinheiro com os dedos e Kuringa pós a mão no bolso do casaco e tirou um envelope do bolso e entregou Kafrique fez uma vénia e os deixou ir
O branco levantou com a criança e lá se foram subiram no Jeep.

Kuringa chamou Kafrique e disse:Domani mattina prendiamo areo   e deu  mais um envelope .

Kafrique : Zé Chega aqui  ....

Zé correu e chegou perto deles e ele continua e disse ...
Amanhã vais viajar comigo e tirou do bolso uma arma e entregou a Zé Maria.

E pós a criança no carro e esperou que os dois subissem  no veículo  fechou a porta  e enquanto os três iam se afastando da casa ouviam-se disparos  bem atrás deles e lá eles se foram com a chuva caído ....