Exausta. Era assim que Deena se sentia; Edgar havia abusado de seu poder e feito Deena trabalhar muito mais do que o normal, incluindo ter que buscar café do outro lado do hospital para ele várias vezes.
Ela sabia que isso aconteceria, pois Edgar não estava lidando muito bem com o fato de ela, ainda não estando formada, pegar um caso tão raro e importante quanto o de Samantha. Samantha era um milagre da medicina e, apesar do pouco tempo que estava acordada, seu nome já se destacava nas principais manchetes por todo o país. Juntamente com seu nome, se destacava o nome de todos os médicos e envolvidos no tratamento, obviamente o sobrenome Johnson ficaria conhecido dentre o cenário da saúde e, certamente, Edgar gostaria de seu nome estar junto.
Deena fez o favor de deixar o homem ainda naquela lista, não por ele obviamente, senão por Samantha, mas o homem não parecia satisfeito com isso, afinal tantos anos de carreira não serviram para tirá-lo do cargo de auxiliar em uma manchete importante, ele se sentia humilhado provavelmente.
A menor tomou um banho rápido no próprio hospital e se dirigiu ao quarto de Samantha. Dani a recebeu com a mesma gentileza de sempre e disse que já havia deixado na recepção a autorização para ela passar a noite com Samantha, explicou também que sobre a mesinha havia seu número anotado em um papel. Deena o anotou em seu celular por garantia, ela era desastrada havia tempo suficiente para saber que um pedaço de papel poderia ser facilmente destruído de várias formas.
Samantha não queria que sua mãe fosse, mas quando Deena explicou que Dani precisava dormir em uma cama confortável e comer algo saudável Samantha acabou por concordar com Deena.
-- Hey, Sam, meu irmão tem alguns brinquedos em minha casa. Ele não mora aqui, mas às vezes vem me visitar. Gostaria que eu trouxesse para brincarmos? -- Samantha fez uma careta e negou.
-- Eu não gosto tanto brinquedos. -- Deena riu e assentiu.
-- Para ser sincera eu também nunca gostei. -- Samantha assentiu sem sequer olhar para Deena. -- Hey, o que você tem?
-- Nada. -- Samantha disse baixando seus olhos para suas mãos.
-- E o que está gerando essa carinha triste, então? -- Samantha começou a piscar rápido demais para Deena considerar algo normal. -- Samantha, você está bem? -- Os olhos não pararam de piscar, tendo Samantha os pressionando fortemente no momento seguinte e então Deena segurou sua mão. -- Eu vou chamar um médico, espere.
-- Dee... -- Samantha disse, segurando sua mão apressadamente, fazendo a menor lhe fitar novamente -- Não!
-- Então respire. Tudo bem? Sente alguma dor? Algo fora do comum? -- Deena perguntou, subindo na cama e embalando Samantha em seus braços. Samantha negou lentamente, começando a parar de piscar tão rápido. Deena ficou acariciando suas costas até a garota voltar ao normal.
-- Desculpe. -- Samantha pediu baixinho, afundando seu rosto na curva do pescoço de Deena.
-- Não tem por que se desculpar, anjinho. -- Deena disse calmamente. -- Eu vou precisar comunicar o médico sobre isso, de qualquer forma, tudo bem para você?
-- Não, por favor. -- Samantha pediu, começando um choro baixinho. -- Não me deixa sozinha.
-- Shhh, tudo bem. Não vou sair do seu lado. Esperarei alguma enfermeira vir para a ronda noturna então, mas se algo mais estranho acontecer eu precisarei ir, tudo bem? -- Samantha assentiu, virando seu rosto na direção de Deena, prestando atenção em cada detalhe.
-- Eu não sou normal? -- A garota perguntou subitamente, fazendo Deena olhar na direção de seu próprio ombro, que era onde o rosto de Samantha estava.
-- Por que está me perguntando isso? -- Samantha enrubesceu e Deena notou os olhos voltarem a piscar muito rápido, deixando a sensação de preocupação inundar seu ser novamente. Deena decidiu se virar e apertar o botão ao lado da cama, que era usado somente para urgências. Depois se desculparia por isso, mas precisava de alguém ali.
-- O moço da TV falou de vida amorosa, que era normal na minha idade, mas eu... -- Os olhos não paravam de piscar e Deena começou a balançar lentamente as duas, como se estivesse ninando a garota. -- Eu não sou normal? -- A voz saiu baixa e triste.
Deena não pôde responder àquela pergunta, pois o quarto fora invadido por toda uma equipe de médicos, com equipamentos prontos para uso. Deena sorriu sem graça e desceu da cama.
-- Então, eu precisava de alguém aqui. -- Deena começou sua explicação, um pouco envergonhada. -- Mas eu não podia sair do quarto então eu... oh, céus, sinto muito. -- Ela disse enrubescendo. Algumas pessoas reviraram os olhos e saíram, mas um médico ficou.
-- Pois não? -- Ele perguntou gentilmente.
-- Estávamos conversando e, de repente, ela começou a piscar muito rápido e às vezes pressionava os olhos fortemente. Eu fiquei preocupada, isso não é normal. -- Deena disse.
-- Era para tentar parar. -- Samantha disse e então o médico se aproximou da cama.
-- Tentar para o quê? -- O doutor perguntou, acendendo sua pequena lanterna nos olhos da garota. -- Siga meu dedo com os olhos. -- Ele pediu e Samantha o fez.
-- De piscar. -- Samantha replicou. -- Eu apertei os olhos fortemente para tentar parar de piscar.
-- Sentiu algo? Tontura, dor, mal-estar? Algo diferente? -- Samantha pareceu pensar e logo assentiu.
-- As minhas bochechas arderam. -- O médico assentiu, olhando para Deena.
-- Sobre o que falavam?
-- Dee, não! -- Samantha pediu com veemência, enrubescendo; seus olhos começaram a repetir o mesmo de alguns minutos antes ao piscarem rapidamente. Samantha apertou fortemente eles e negou com a cabeça. -- Não param! Argh! -- Samantha disse.
-- Vou levá-la para uma ressonância e precisarei que você toque neste mesmo assunto com ela quando estivermos lá. -- Ele disse, fazendo Deena assentir.
-- Devo ligar para a mãe dela? -- Deena perguntou aflita, cruzando os braços. O doutor apenas sorriu e negou.
-- Se for o que eu estou pensando então não tem com o que se preocupar. -- Ele disse calmamente. -- Vamos fazer a ressonância, hm? Depois disso se o resultado for algo negativo você chama a mãe dela, mas eu acredito que não será necessário. -- Deena assentiu, vendo o homem acariciar seu braço sem malícia, apenas a confortando.
-- Hey, princesa... -- Deena chamou assim que o médico saiu, se debruçando sobre a cama. -- Vamos fazer um exame rápido em você, tudo bem? Eu vou estar lá com você.
-- Vai doer? -- Samantha perguntou assustada.
-- Não. O médico só vai tirar uma foto do seu cérebro. -- Ela disse, sentindo os dedos de Samantha se entrelaçarem nos seus.
-- Igual o moço da TV? -- Perguntou curiosamente e Deena negou com a cabeça.
-- De jeito nenhum. O moço da TV é um homem bobo. Não quero que pense que você tem algum problema ou que é anormal, tudo bem?
-- Mas eu não sou igual a maioria da minha idade. Eu deveria ser. -- Ela disse, sentindo Deena acariciar seu rosto.
-- Vou contar um segredo. -- Ela disse baixinho. -- Ninguém é igual ninguém. Não quero que se sinta triste com o que ele disse, tudo bem?
-- Você promete que não liga? -- Deena sorriu e assentiu.
-- De dedinho. -- Deena respondeu, entrelaçando seu dedo mindinho com o de Samantha.
-- Então eu deixo o médico tirar foto do meu cérebro. -- Samantha disse sorrindo, fazendo Deena sorrir também, porém internamente ela sentia um medo avassalador. Mesmo com o médico achando não ser algo preocupante, Deena só se acalmaria quando soubesse do que se tratava aquele piscar de olhos.
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Em um Piscar de Olhos (Sameena)
FanficSamantha Fraser tinha apenas seis anos quando seus pais decidiram tirar as tão famosas férias em família. Iriam para a Tailândia, porém, o destino lhes foi cruel, causando o choque de um caminhão desgovernado contra o carro onde estavam durante o ca...